Achei o máximo, parabéns!!!! Fiquei surpresa c o final, apesar de não gostar do que o Ricardo fez achei que vc iria dar a ele uma segunda chance ao seu modo kkkkk
Mas confiança depoia que quebra não tema maia conserto é verdade.
Confissões de uma esposa em crise. (Conto com muitos Gifs Eróticos)
Eu não sei o que aconteceu comigo naquela noite. Aquilo não era certo, meu desespero por atenção me levou ao fundo do poço. Meu nome é Julia Machado e o fundo do poço começou, quando fui estuprada.
Aconteceu certa noite, estava sozinha em casa pra variar. Meu marido Ricardo, estava ocupado em um jantar de negócios. Não havia empregados, filhos ou um cachorro para me fazer companhia.
Morávamos em um bairro de classe média. Não havia muitos acontecimentos por ali. Todos eram esnobes e tinham narizes empinados. Mas foi o lugar aonde Ricardo nasceu, era natural que eu me adaptasse aquilo. Mas não me adaptei.
As pessoas pareciam contar meus passos minuciosamente. Sabiam a hora que eu saía, a hora que eu chegava. Alguém fazia meu relatório diário para meu marido, porque ele costumava perguntar, como foi meu dia, nos primeiros meses de casamento e de repente mudou a frase para “aonde foi essa tarde?”
Como eu disse, não havia nada por ali. Até que uma onda de assaltos começou a ameaçar a paz do lugar. Em dois meses, cinco casas haviam sido assaltadas.
E naquela noite, foi à vez da nossa. Não ouvi barulho. Como disse, Ricardo estava em um jantar de negócios. E eu, como sempre sozinha, liguei o rádio do banheiro, coloquei a banheira para encher, peguei uma taça de vinho e fui tomar um banho quente, com bastante espuma.
Enquanto tomava meu vinho e ouvia música popular brasileira, não ouvi quando entraram na casa pela porta da cozinha. Continuei meu banho tranqüila. Até que ouvi um murmúrio.
-Que gata.
Pensei ter vindo da música e fechei os olhos, recostei a cabeça na borda da banheira, não fazia nem cinco minutos que estava ali, abri os olhos à procura da taça. Quando me dei conta, havia um homem enorme na porta do banheiro e uma arma apontada para minha cabeça.
-Se gritar, já sabe.
Entrei em pânico. Não sabia o que fazer, ou como reagir. Ele indicou que eu me levantasse, eu estava nua, claro que não ia me levantar. Ele destravou a arma, me levantei devagar, sem fazer movimentos bruscos. O olhar dele sobre meu corpo me deixou quente. Há tanto tempo não era admirada daquele jeito.
Ele jogou uma toalha pra mim, me enrolei nela e saí da banheira.
-Me mostra tudo de valor que tem na casa. E anda rápido.
-Não há nada de valor.-Ergui a mão e mostrei a aliança.-Só isso.
-Vamos ver então. Onde fica o cofre?
-Acha que essa porcaria de casa tem um cofre? Nem quadros pra escondê-lo, quanto mais cofre.
-Olha dona, to ficando impaciente com você.
-Só porque sou pobre?
-Onde fica o quarto?
-Na primeira porta.
Ele me empurrou porta a dentro e me jogou sobre a cama. Vasculhou tudo e como não encontrou nada mais que bijuteria, começou a ficar nervoso.
-Já que não tem nada que valha aqui, vai você mesmo.
-O que?-Eu não sabia ao certo o que ele queria dizer.
Ele tirou a touca que cobria o rosto e fiquei sem ar. Era um homem bonito. Moreno, careca, tinha um rosto perfeito, lábios desenhados. Ele então tirou a camisa, fiquei com as pernas bambas quando vi o peito dele. Havia uma tatuagem de tigre no braço e uma no peito, não vi direito, porque estava escuro. Ele veio até mim, percebi as intenções dele naquele momento. Fiquei apavorada. Mas não apavorada com o que ele iria fazer e sim, com meu corpo. A forma que estava reagindo. Fiquei com a respiração pesada e meu corpo inteiro se esquentava, esperando pelo que eu não tinha há tempos.
-Você é bem gostosa sabia? Cadê seu marido? Por que não ta aqui trepando com você?
-Está em reunião.
-Isso é ótimo.-Ele subiu na cama ficando muito perto de mim.-Enquanto ele está trepando com outra, eu vou te dar um trato.
-Não.-Empurrei ele pra longe, quando a realidade me estapeou.-Pode levar o que quiser, mas me deixa em paz.
-Cala a boca.-Ele me puxou pelo braço.-Escuta aqui moça, seja boazinha e saio daqui sem te machucar. Agora, se quiser que as coisas aconteçam de outro jeito...
Ele puxou a toalha. Dessa vez não havia espuma pra esconder meu corpo. Estava tudo ali a mostra. Meus mamilos rosados, minhas coxas salientes. Fechei as pernas quando os olhos dele pousaram na trilha de pelinhos entre elas.
Ele baixou a cabeça e começou a sugar meus seios. Repreendi um gemido, meus olhos ficaram cheios. A mão dele forçava passagem pro meio das minhas pernas. Quando ele tocou lá, não consegui me segurar e gemi. Ele começou a acariciar e deslizava pela lagoa que estava se formando ali.
-Você tá querendo safada.-Ele parou no meio do caminho e abriu a calça.-Vem aqui, chupa meu pau. To doido pra sentir essa boca me chupando gostoso.
Ele me segurou pelos cabelos e me puxou de encontro ao pau dele. Quando vi, fiquei louca. Um pau tamanho família, suficiente para alimentar as mulheres famintas da “Etiópia do casamento”. Abri a boca e não conseguia enfiá-lo inteiro. Ele forçava e era muito grande pra mim. Cheguei a engasgar, mas ele controlava. E eu estava gostando.
Ele me puxou pelos cabelos, me fez ajoelhar com ele na cama e me beijou. Amoleci nos braços dele, enquanto o pau dele sarrava entre minhas pernas. Tombamos na cama, ele se pôs a roçar e eu estava ficando louca. Ele prometia entrar e saía. Fechei os olhos e não sei de onde veio àquela voz que dizia:
-Para de enrolar e me fode de uma vez!
Ele meteu a cabeça do pau na entrada e forçou. Só então lembrei do tamanho. Ele entrou de uma vez. Eu gritei de dor, mas ele tapou minha boca e continuou. Entrou e entrou até só restar o saco batendo ali na portinha.
O cara parecia alucinado. Levantou minhas pernas, as abraçou e começou a meter cada vez mai forte. Eu gritava, fiquei louca quando ele deitou sobre meu corpo e começou a bombar mais forte.
Ele parou, me tirou daquela posição, me pôs de quatro e voltou a se enfiar em meu corpo. Naquela posição doía. Coloquei uma perna mais a frente, na tentativa de não deixá-lo entrar mias fundo. Ele continuou a foder feito um animal. Eu gritava cada vez mais alto. Quem quer que esteja passando meu relatório para meu marido, iria ter o que falar naquela noite.
Deitei de bruços na cama, minhas pernas estavam fechadas, ele fodia sem pena. Eu gozava feito louca, nem me lembro a ultima vez que tive orgasmos múltiplos.
Ele me puxou pelos cabelos, me fez levantar e me levou até a cômoda. Voltou a meter entre minhas pernas. Fiquei anestesiada sentindo-o entrando fundo e com pressão e olhando-o pelo espelho, vendo que ele também estava me desejando.
-Você gosta de ser fudida, né sua putinha?
-Gosto.-Falei e não me reconheci naquele momento.-Me fode com força. Mete tudo em mim.
Ele me segurava pela cintura e metia rápido e com força. Eu não conseguia mais ficar em pé. Minha garganta doía, não fazia idéia de quanto tempo havia passado. E quando ele saiu de dentro de mim e me puxou pelos cabelos, ajoelhei no chão e bebi aquela porra toda com gosto. Era o mínimo que podia fazer, depois de ter gozado tanto.
Fiquei ali, ajoelhada no chão, enquanto ele se vestia de novo. Quando me levantei, ele se virou pra mim e riu.
-Seu marido deve ser bem ruim.-Ele fechava o cinto enquanto falava.-Pra você ficar tão excitada com um homem que está prestes a estourar seus miolos.
-O perigo me excita.
-O perigo, ou a falta de sexo?-Ele começou a ser cruel ali, naquele ponto ele parecia um ladrão estuprador.-Diz pra mim, há quanto tempo ele não te come?
-Isso não é da sua conta.
-Olhando pra você eu diria, que trepam uma vez por semana.-Ele se aproximou,me puxou pela cintura e levou minha mão até a frente do meu rosto.-Vou deixar ficar com ela. Mas toma uma atitude. Da próxima vez, grita, esperneia. Não mostra que ta necessitada. Isso é digno de pena.
Ele pegou pesado. Meus olhos ficaram molhados, baixei a cabeça engolindo um nó. Ele saiu cobrindo a cabeça.
Foi aí que percebi que estava no fundo do poço. Necessitada de atenção.
Passei o resto daquela noite remoendo aquilo, sentada na cama, abraçada a um travesseiro. Ricardo chegou duas horas da manhã, quando entrou no quarto e notou que ainda estava acordada, já preparou sua melhor desculpa.
-Ainda acordada?
-Sim.
-Sem sono?
-Sim.
-Hum.
Ele pegou o pijama e foi para o banheiro. Voltou algum tempo depois, sentou ao meu lado, olhou pra mim como quem procurava algo. Acho que ele esperava pelas perguntas que eu tinha que fazer, mas só pensava em mim naquele momento. Foi aí que as palavras surgiram.
-Vou procurar emprego amanhã.
-Por que?
-Quero trabalhar. Ter dinheiro.
-Mas eu te dou dinheiro.
-Não é disso que estou falando.
-E o que é então?
-Não to me sentindo bem aqui dentro dessa casa. Vou procurar algo para me ocupar.
-Por que não vai pra academia?
-O problema não é o meu peso.
-Não quero você trabalhando. Mulher minha não trabalha.
-Ótimo, amanhã você pode dar entrada no divórcio então.
-O que?
-É o que ouviu. Eu vou trabalhar, você querendo ou não.
-Pra mim isso é desculpa pra você ficar batendo perna na rua.
-Pense o que quiser.-Me deitei e apaguei a luz do abajur.-Boa noite.
Ele deitou virado pro lado dele. Enfim, estava caminhando para longe do abismo.
Na manhã seguinte, mal nos falamos. Tomamos café e saímos praticamente juntos. Eu tinha uma pasta cheia de currículos, parei em frente a banca, comprei um jornal e fui marcando minhas opções.
Queria algo bem baixo, que envergonhasse meu marido quando alguém perguntasse com o que eu trabalhava. Ricardo era advogado, trabalhava como sócio em uma firma própria. E o que me impressionava, era que a mulher do sócio dele ostentava jóias e roupas caras, dadas pelo marido. E o meu? Vez ou outra me levava para jantar fora. E por falar em jantar fora e jóias, vou adiantar meu relato para outro incidente que aconteceu em meu casamento.
Com a mudança de comportamento, me permiti não ficar mais em casa, enquanto Ricardo estava na rua com seus “sócios” em “jantares de negócios” e “reuniões”. Encontrava amigas em bares, saía para jantar sozinha. Ia ao cinema, assistia o que queria. E foi em uma noite dessas, que resolvi parar em um restaurante diferente. O manobrista levou meu carro, entrei. O lugar era luxuoso. Ricardo me levou ali, uma vez, no começo do nosso casamento. Entrei e a moça da recepção me deu um sorriso simpático.
-Mesa pra um.
-Tem reserva?
-Não.-Já estava me preparando para levar um não, quando ela sorriu.
-Tenho uma mesa disponível senhora. Mas é no canto.
-Não há problema.
-Por aqui, eu a acompanho.
E lá fui eu me esconder nos fundos. Ao menos poderia jantar em paz, sem ser notada.
E me enganei quando pensei em não ser notada. Um homem bonito começou a me encarar, grisalho, devia ter uns quarenta e cinco ou cinqüenta anos. Tinha um cavanhaque bem desenhado, tinha porte, estava de terno, provavelmente, jantar de negócios. Estava na companhia de mais dois senhores.
Comecei a ficar nervosa. Há tanto tempo eu não flertava. E quem disse que eu podia? Era casada.Tinha que respeitar meu marido. Pedi uma taça de vinho tinto e me atei ao cardápio. O homem veio até mim.
-Com licença, posso sentar-me um instante?
-Sim.-Deixei o cardápio de lado.
-Não pude deixar de reparar na senhora aqui sozinha e gostaria de convidá-la a sentar-se conosco.
-Obrigada pelo convite, mas é minha intenção, ficar sozinha essa noite.
-Entendo.-Ele sorriu.-Talvez eu possa acompanhá-la em um café mais tarde.
-Talvez.-Estava com o coração batendo nas alturas.-Acho que seus companheiros o estão aguardando para começar.
-Certo.-Ele sorriu.-Me juntarei a senhora mais tarde então.
-Tudo bem.
Abri novamente o cardápio. Enquanto escolhia, um casal entrou. Algo me chamou atenção neles, quando reparei, era Ricardo. A mulher eu não conhecia, mas o sangue me ferveu assim mesmo. Como estava no canto, ele não me notou ali. Fiquei quieta, talvez fosse alguma cliente. Fiz o pedido e fiquei os observando.
Era o que eu temia. Cadeiras próximas, mãos grudadas, conversa com rosto colado.
Aquilo estragou meu jantar. Quando colocaram o prato a minha frente, não senti vontade alguma de tocar na comida. Notei que Ricardo entregou uma caixa à mulher, não, aquilo não poderia... aquilo era uma jóia.
Bom, eu não entendia de jóias, mas brilhava bastante e a caixa, era uma caixa bonita.
Pedi a conta, me esquecendo completamente do estranho bonito. Quando o garçom veio com a conta, Ricardo estava beijando a mulher. Olhei para eles e para o garçom.
-Está vendo aquele senhor ali?
-Sim senhora.
-Leve isso para ele. E diga: Com os cumprimentos de sua esposa, que está ali no canto.
Ele foi. Se aproximou do casal. Ricardo estranhou, não havia pedido a conta. E quando o garçom falou o que mandei, ele pareceu suar frio. A mulher que estava com ele, ficou desconcertada. Ele olhou para aonde eu estava e ficou pálido. Claro, ele tinha uma desculpa. Me levantei e peguei a bolsa. Estava saindo quando ele me alcançou na recepção.
-Julia, o que está fazendo aqui?
-Me distraindo.-Falei fria.-Mas não deixe sua... amiga esperando. Deve ter pagado caro naquela jóia, o mínimo que ela pode fazer por você, é acompanhá-lo até o motel mais próximo.
-Julia, eu posso explicar.
-Em casa você explica.
Saí e ele voltou para dentro. Se ao menos fosse um homem honrado, iria me acompanhar até em casa.
Enquanto esperava meu carro, senti uma mão forte em meu ombro. Me virei a ponto de explodir e notei que era o estranho.
-Olá moça. Percebi que houve algum inconveniente.-Meu carro chegou.-Mas não queria perder a oportunidade de tomar um café com você.
-É casado?
-Viúvo.
-O que acha de irmos tomar um café em outro lugar?
-Tudo bem, mas se a senhora me permitir.-Ele ergueu a mão.-Eu dirijo.
Dei as chaves na mão dele. E também, estava nervosa, havia bebido. Era melhor assim.
Ele dirigiu até uma cafeteria mais afastada daquele restaurante. Arranquei a aliança do dedo e joguei dentro da bolsa. Ele abriu a porta pra mim, entramos no lugar e ele me levou para uma mesa na área descoberta, estava uma noite agradável, nem fria, nem quente.
-O que vai querer?
-Um café preto, com pouco açúcar.-Esperava estar com uma cara boa, porque eu me sentia péssima por dentro.-Ainda não me disse seu nome.
-Carlos.-Ele ergueu a mão e quando pousei a minha sobre a dele, ele a beijou.
-Julia.-Falei me sentindo uma menina tola.
-Fiquei encantado quando a vi.-Ele sorriu, era puro charme.-Mas percebi que seu jantar não foi muito bem aproveitado.
-Não estava com fome.-Suspirei.-Você deixou seus amigos sozinhos...
-Eles vão entender.-Ele olhou para minha mão e suspirou.-Pensei que fosse casada.
-Era.-Falei, cheia de prepotência.-O que faz da vida?
-Sou dono de uma rede de lojas.
Aquele era o cara. Na verdade, ele virou meu chefe em poucos dias. Conversamos profundamente aquela noite, mas não estava com cabeça para sexo. Cheguei a contar para ele, alguns pontos negros do meu casamento. Apesar de saber me comportar diante da situação, ainda me sentia péssima por presenciar a traição.
Cheguei em casa de madrugada. O carro dele estava na entrada. Pela primeira vez, invertemos os papéis. Subi e o encontrei no quarto, assistindo jornal da madrugada.
-Onde estava?
-Por aí.-Joguei a bolsa sobre a cama e fui tirar os brincos e as bijuterias.-A noite foi boa?
-Liguei pro seu celular e só dava desligado.
-Porque não queria ninguém me incomodando.
-Com quem foi que saiu? O manobrista disse que você saiu com um cara.
-Não é da sua conta.-Me virei pra ele e sorri.-A partir de hoje, nada é da sua conta.
-Claro que é, você ainda é minha mulher.
-E aquela do restaurante é o que?-Comecei a debochar e ele ficou irritado.-Ah sim, ela é a amante. Mas pode avisar a ela, que estou saindo do caminho.
-Julia vem aqui.
Não fui, me enfiei no banheiro e fui tomar um banho morno. Me tranquei lá dentro com o rádio ligado e chorei por um longo tempo embaixo do chuveiro. Claro, eu sou mulher, não sou de ferro. Ser traída dói. Ser o segundo plano, quando eu devia ter sido o primeiro. Mas agora seria diferente. Eu me livraria daquele estorvo e seguiria minha vida em paz. Encontraria um dia, um homem que me merecesse. Mas agora, eu precisava de mim. E só eu me bastava.
Três meses depois, eu já estava bem instalada em um apartamento pequeno e trabalhando na perfumaria do Carlos. A maior loja, em um shopping. Ele me ajudou bastante nos meses que se seguiram. Me arrumou um advogado a altura de Ricardo, ambos brigaram feito leões, ele não queria o divórcio. Tentei evitar ao máximo vê-lo.
E como minha amizade com Carlos ia bem encaminhada, acabei saindo com ele mais vezes. Jantares, bares, até mesmo boates.
Até que uma noite, bebemos de mais e fomos parar em um motel. Logo na entrada do quarto, ele já me puxou pra um beijo cheio de língua e chupadas.
Ele me encostou na parede e começou a abrir minha blusa. Terminou de desabotoar, puxando e arrancando os últimos botões. Havíamos saído para beber logo depois de fechar a loja, eu ainda estava com o uniforme da perfumaria.
Ele me levou mais pra dentro, me abraçou por trás e subiu as mãos até meus seios. Deitei a cabeça no ombro dele quando senti as mãos me tocando.
-Você é linda.-Ele sussurrou em meu ouvido.-Estou louco por você há muito tempo.
-Tá esperando o que então?-Falei com a voz mais manhosa possível.-Estou aqui só pra você.
O homem realmente era um gentleman. Me deu preferência em tudo. Cuidou de mim, me acariciou em todos os pontos em que eu precisava ser acariciada. Tomamos um banho rápido de chuveiro e caímos na cama, enroscados entre braços e pernas.
Ele começou a sugar meus seios olhando em meus olhos. Eu era tarada por carinho nos seios. Sou até hoje. E ele sugava de uma forma que me fazia gemer, como uma gata no cio. Eu precisava de ação, precisava sentir algo entre minhas pernas, estava quase pedindo, quando ele desceu os beijos até lá. Suspirei chateada, afinal, eu não gostava muito de sexo oral.
Ricardo só sabia lamber e me babava inteira. Eu achava muito nojento. Não estava preparada para o que ele tinha pra mim.
Carlos afastou as dobras da minha vagina com os dedos e começou a acariciar em volta do clitóris. Senti uma sensação estranha, era como se estivesse sentindo pequenos choques que vinham das pontas dos dedos e faziam meu corpo ter espasmos. Não suportei e gemi. Abri bem as pernas para sentir mais daquilo e ele continuou me sugando. Gemi alto pedindo mais e rebolando na cara dele. Era impressionante, todos os movimentos dele faziam meu corpo criar vida. Gritei e gozei na boca dele. Aparentemente não foi um problema, porque ele seguiu me lambendo, sem encostar diretamente no clitóris.
Ele levantou sorrindo, eu estava acabada e nem havíamos começado ainda. Me ajoelhei a sua frente e peguei seu pau. Não era lá grandes coisas, mas lhe dei uma atençãozinha especial. Engolindo e lambendo a cabeça. Ele me segurou pelos cabelos e grunhiu, me afastando.
-Agora não. Deita, eu quero te comer direito.
Deitei de pernas abertas. Ele enfiou o cacete em uma camisinha e veio pra cima. Ergueu um pouco minha perna esquerda e a abriu, enterrando-se devagar dentro de mim. Eu achei aquilo maravilhoso. Minha vagina estava inteira sensível. Parecia outra. Rebolei devagar sentindo ele se acomodar. E o homem me segurou pelos cabelos, puxando minha cabeça para trás, fazendo meus peitos empinarem rente ao seu rosto e começou a meter com força. Eu rebolava como podia. Meus dedos afundavam no lençol que estava sobre a cama. Eu gritava e rebolava, pedindo mais forte, mais fundo.
Ele largou meus cabelos, me segurou pela cintura e começou a estocar com força, me fazendo gozar e chupar o pau dele com a boceta. Com um movimento rápido, ele saiu de dentro de mim, arrancou a camisinha e gozou encima do meu corpo. Suspirei satisfeita e me acomodei melhor a cama. Ele deitou ao meu lado. Ficamos alguns instantes calados, nos olhando através do espelho do teto. Eu não sabia o que ele pensava. E ele não sabia que eu só pensava em tomar um banho e tirar aquela gosma de cima de mim.
Voltei o rosto pra ele, nos beijamos. Me afastei devagar e levantei, tomando o rumo do banheiro.
Enquanto tomava um banho, ele se aproximou e entrou no Box comigo. Nos lavamos e tiramos o suor e outros fluídos. Voltamos para o quarto e deitamos alguns instantes aninhados um nos braços do outro.
-Julia?-Ele estava abraçado a mim, acariciava meu braço, enquanto eu suspirava com os olhos pesados.-Você quer passar a noite, ou prefere ir embora?
-Prefiro ir embora. Amanhã é sexta ainda. Preciso descansar para voltar ao trabalho.
-Pode tirar o dia de folga.-Ele enfiou os dedos entre meus cabelos, acariciando minha nuca.
-E dar motivos para o pessoal especular sobre o acontecido essa noite? Prefiro não me arriscar.
-Ninguém vai falar nada. Quem sabe que saímos juntos?
-Todos que nos viram fechando a loja juntos e saindo no seu carro.-Voltei a realidade e levantei com um impulso.-Você foi incrível Carlos. Me fez sentir coisas que nunca senti, mas é melhor voltarmos para nossa realidade.
-Continuarmos nos tratando como chefe e empregada?
-Isso.
-Não concordo.-Ele me observava de uma forma enigmática, como se me admirasse, pelo simples fato de me vestir.-Estou louco por você. E depois dessa noite, não vou poder olhar pra você sem querer arrastá-la para uma cama novamente.
-Isso quer dizer que estou demitida?-Falei enquanto prendia os cabelos em um rabo de cavalo.
-Não.-Ele também se levantou. Parecia intimidador, mesmo nu. Me puxou pela cintura, me beijou daquele jeito que deixa as pernas moles.-Você é terrível Julia.
-Por que?-Fiquei frustrada, tanta coisa que ele podia ter dito e disse aquilo?!
-Estou apaixonado por você.-Ele me puxou pro peito.-E não quero essa única vez. Se você me permitir, quero tê-la sempre que quiser.
-Sinto muito Carlos, mas não sou um brinquedo.-Me afastei dele sem entender nadinha.-E você sabe que detesto jogos.
-Estou te pedindo em namoro e acha que estou jogando?
-Ah.-Ele sorriu quando fiquei vermelha.-Bom, é... acho que foi a hora errada pra isso.
-Está certo.-Ele se afastou e começou a se vestir também.-Mas pense um pouco. E pode tirar pelo menos a manhã de folga, para descansar.
Fui pra casa aquela noite pensando que ele podia ser o homem perfeito. Apesar de não me ver atraída por ele sem a ajuda de um drinque. Agora que eu sabia o que ele sabia fazer na cama, pareceu mais fácil desejá-lo.
Lembrei sem querer do Ricardo. Aquele maldito pilantra, com certeza devia estar enchendo a casa de prostitutas e fazendo mil e uma coisas sobre meus lençóis caros.
Fechei os olhos e dormi com o coração doendo. Imaginar o quanto amei meu marido e o quanto o desprezava aquele momento, me fez querer dar uma chance a Carlos.
Eu só não sabia que por trás daquele porte gentil, havia um homem possessivo e agressivo.
apesar de ele sempre me levar para casa, nunca o convidava para subir.
Certa noite, pensei que ele havia tomado coragem e subido sem ser convidado. Quando abri a porta, me segurei para não arrebentar o nariz do intrometido do Ricardo.
-O que faz aqui?
-Vim falar com você.-Ele olhou em volta.-Posso entrar?
-Não. Fala da porta.
-É particular. Daqui, algum dos vizinhos pode escutar.
-Sobre o que é?
-A casa foi assaltada.-Ele me olhou sério nos olhos.-E o assaltante deixou um recado pra você.
Gelei nesse momento. Será que ele sabia? Se soubesse, poderia usar aquilo contra mim. O deixei passar e ele sentou em frente à mesa de vidro, colocando uma pasta encima dela.
-Seu apartamento é legal. Moderno. Diferente da nossa casa rústica.
-Sua casa foi decorada por você e aquele decorador gay amigo seu.
-Certo.-Ele continuava a me observar.-Não me oferece nada pra beber?
-Não. Seja breve, preciso descansar.
-Por que nunca me disse que invadiram a casa?
-Não levaram nada. Não achei que fosse necessário.-Me sentei em frente a ele, enquanto ele tirava um tablet da maleta e passava alguns arquivos, pra me mostrar algo.-Levaram algo dessa vez? Jóias não foram, eu não tinha nenhuma.
-A televisão de plasma, o aparelho de som e alguns outros aparelhos eletrônicos. Nada que não dê pra comprar de novo.-Ele virou a tela pra mim.-Eu previa isso, mandei instalar câmeras por toda casa uma semana antes.
Rever a cena me deixou com o estômago embrulhado. Era como se pudesse ouvi-lo falando aquelas coisas em meu ouvido. Apesar de não ter áudio. Senti meu rosto arder, a garganta fechou. Meu corpo inteirou ficou tenso. Ele parou o vídeo quando o homem me jogou na cama, colocou a touca e foi embora.
-Por que trouxe isso?-Eu estava acabada. Lembrar o quão carente fui aquela noite e saber que ele usaria aquilo contra mim no tribunal, me deixou enjoada.
-Ele deixou um bilhete.-Ele me passou um pedaço de papel amarelo rasgado.-Procurei os vídeos, me surpreendi quando o vi invadir a casa a primeira vez.
“Dessa vez tive tempo de achar algo valioso. Você é uma distração e tanto”.
Joguei o papel na mesa com as mãos tremendo, não conseguia segurar as lágrimas. Soluçava quando Ricardo se levantou, sentou do meu lado e me abraçou. Estranhei, se ele estava disposto a me ferrar, por que me consolava?
-Devia ter me dito.-Ele acariciou meus cabelos de uma forma que me deixou mais relaxada. Era como estar em casa, um lugar que eu nem lembrava que existia.-Eu não imaginei que aquela sua compulsão por sair de casa era uma tentativa de fugir de outro estupro. Ah querida, você devia ter me dito. Eu teria posto as mãos naquele vagabundo e ele pagaria pelo que lhe fez.
Chorei ainda mais. Dessa vez de raiva, de frustração. Claro que ele não fez nada. Estava ocupado na cama com outra mulher!
-Me solta.-Me afastei dele e levantei.- O que raios você veio fazer aqui?
-Ju, isso não está certo. Eu sei que errei. Errei muito feio com você. Mas eu não queria te machucar.-Ele levantou e me puxou pro abraço.-Me perdoa Julia. Eu te amo, me perdoa.
-Vai embora Ricardo.-Meu corpo gostava daquela sensação. Apesar de minha mente mandar eu me afastar. Deus, eu odiava aquele homem. E o amava também. Como era possível? Eu estava com raiva de mim mesma por isso.-Ricardo, por favor, me deixa em paz.
-Não.-Ele segurou meu rosto.-Não enquanto eu não reparar o mal que te fiz. Eu preciso ter a chance de me redimir.
-Não há chances aqui.-Falei me afastando dele.-Você está melhor acompanhado por aquela mulher vulgar. É bem o seu estilo.
-Julia, o que eu preciso fazer pra você esquecer aquilo?
-Sumir da minha vida.-Dei um passo atrás, tentando sair de perto dele.-Vai embora de uma vez.
-Está certo eu vou.-Ele me olhou de um jeito doce. Sabia que eu me compadecia de homens que choram, aquele pilantra.-Mas antes, me dá um último beijo?
-Vá beijar aquela loura oxigenada que estava ganhando jóias de você e jantando em lugares caros no meu lugar.
Ele me beijou. Eu o esmurrei com força. Coloquei toda minha raiva pra fora enquanto socava o peito dele e o empurrava com os joelhos. Mas ele me prensou contra uma parede e os lábios dele prenderam os meus.
Amoleci em questão de segundos. A sensação de lar encontrado voltou. Eram beijos que eu conhecia, abraços que eu conhecia. Mas que me faziam mal. Tentei me afastar e acabamos caindo no sofá. Ricardo por cima de mim, aprofundou o beijo enquanto me soltava devagar, para se aconchegar comigo ao abraço.
Nosso lábios não desgrudaram mais. Senti o laço do roupão que usava folgar e a calcinha que usava ficou a vista. Ele beijou meu pescoço, eu ainda tentei tira-lo de cima de mim, enfiei as unhas nos braços dele, mas foi em vão. Ele era bem maior que eu. Me beijou o corpo inteiro e quando menos esperava, meus seios estavam sendo sugados por ele, enquanto ele abria o zíper da calça. Já estava com o dorso nu. Me abracei a ele sentindo o cheiro bom de homem limpo. Minha cabeça mandava mensagens para o corpo. Eu queria gozar. Ele beliscava meus mamilos de uma forma que me deixava zonza.
Sem tirar minha calcinha ele me penetrou. Entrou devagar, procurando deslizar suavemente, do jeito que eu gostava, com carinho.
Um gemido cortou minha garganta. Ele voltou a me beijar, enquanto se afundava entre minhas pernas. O abracei com força, envolvi sua cintura com minhas pernas e ele entrou ainda mais fundo. Começou a estocar em um ritmo lento e firme. Conforme ele penetrava eu gemia.
Ele parou um instante. Quando abri os olhos, pensei em correr, ou gritar. Ele me pegou no colo, ainda encaixada a ele e me levou para o quarto. Me deitou sobre a cama de ferro e continuou com os beijos e as carícias. Abrindo bem minhas pernas, ele puxou minha calcinha até rasgá-la.
Se livrou do resto das roupas devagar, sem parar de se mover dentro de mim, me deixando ainda mais molhada. Eu comecei a rebolar contra ele e gemi mais alto, conforme sentia ele ficar mais duro e grosso dentro de mim. Ricardo me segurou pela cintura e começou a me puxar de encontro ao seu pau. Arremetendo um pouco mais rápido, gemendo junto comigo. Gozamos juntos.
Ele se aninhou junto a mim, me abraçou com força. Eu queria aquilo. Queria mesmo ser amparada daquela forma até me sentir forte o suficiente para matá-lo a pancadas. E ele estava conseguindo o que queria, até abrir a boca.
-Eu te amo Julia.
-E só percebeu isso agora?-Eu puxei o lençol e em enfiei embaixo dele, dando as costas para Ricardo.-Por favor, vai embora.
-Julia, meu amor...
-Não me chama de amor!-Eu estava com uma raiva fora do controle.-Você nunca me amou, se acomodou ao meu lado.
-Não é verdade, eu sempre te amei.
-Mas eu não fui suficiente pra você!-Sentei na cama para ter mais força na voz.-Você não pôde se contentar comigo. Queria outras. E por Deus, o que ainda faz aqui?!
-Ju se acalma e me escuta.
-Não quero me acalmar e muito menos te escutar.-Me levantei enrolada no lençol e fui pro telefone.-Se não sair daqui agora, chamo a polícia e digo que me estuprou.
-Você não faria...
-Não vou deixar passar a chance de colocar um canalha atrás das grades. Não liguei quando o assaltante invadiu a casa porque tive medo. Mas isso não ser aplica a você! Não tenho medo de você! Vai embora!
-Tudo bem.-Ele começou a se vestir rápido.-Eu vou porque você está transtornada de mais. Não quero te fazer mal.-Ele colocou as calças e se aproximou de mim.-Olha pra mim.
-Sai logo daqui Ricardo.-Virei o rosto quando ele segurou meu queixo.
-Hei.-Ele Virou meu rosto e a raiva me fizeram derramar mais lágrimas.-Eu nunca mais vou machucá-la. Seca essas lágrimas. Eu já estou indo.
Ele me beijou uma última vez e saiu. Escorreguei até o chão com o telefone na mão dando sinal de linha. Ouvi o barulho da porta minutos depois. E me obriguei a me levantar e parar de chorar.
Devagar fui até a cozinha me certificar de que ele havia ido mesmo embora. Encima da mesa estava uma caixa. Peguei ela com as mãos trêmulas. Quando abri, havia um colar. Milhares de pedrinhas brilhantes reluziram para mim.
-Agora é tarde para presentes.-Atirei a caixinha longe e tranquei a porta.-Nunca mais vou deixar você se aproximar de mim.
Acordei no outro dia com uma baita ressaca. Com olhos inchados, dor de cabeça. Era impossível ir pro trabalho daquele jeito. Me permiti ficar em casa e curar de uma vez por todas minhas cicatrizes.
As dez da manhã o interfone tocou. Pensei que fosse Ricardo e não atendi. Até que a insistência me deixou irritada. E quando estava preparando bons palavrões para soltar, vi o rosto preocupado de Carlos na tela.
-Oi.
-Querida, posso subir? Estou preocupado com você.
-Não estou me sentindo bem. Acho que é gripe. Melhor você não subir.
-Tem certeza?-Ele olhou desconfiado para a câmera.-Está com voz de choro. Alguém te fez algo?
-Estou bem. Só com o nariz entupido. Talvez seja isso. Prometo que trabalho no sábado para repor o dia.
-Não se preocupe com isso, apenas descanse. À noite eu volto para saber como você está.
-Tudo bem então.
Ele foi embora e eu fui tomar um banho quente e começar a me recuperar daquela recaída da noite passada. Realmente me sentia doente. E antes que ficasse mesmo, resolvi mandar a tristeza embora ligando o rádio e ouvindo música animada no ultimo volume, enquanto fazia uma faxina na casa e ocupava minha cabeça com algo útil.
A tarde terminou e eu caí no sofá cansada. Liguei a televisão procurando algo bom, mas estava sem tevê a cabo. Joguei o controle no sofá e fui tomar um banho quente. O dia passou, me curei do transtorno da última noite. Estava voltando a odiar Ricardo e me querer ver longe dele, quando o interfone tocou novamente.
Já estava irritada com aquele aparelho. Saí enrolada na toalha. Fui atender pensando em enxotar Carlos, mas quando vi a figura que estava parada em frente a câmera, gelei. Impossível rejeitar uma visita daquelas. Atendi.
-Débora?
-Finalmente te encontrei em casa. Vamos abra, quero ver você.
-Suba, a porta está destrancada. Eu vou vestir algo.
Fui pro quarto me vestir e pentear os cabelos e quando voltei, Débora estava olhando tudo com o nariz empinado. Eu estava nervosa. Ninguém tinha a presença daquela mulher. Impetuosa, cheia de confiança e autoridade. E todo dinheiro que tinha na conta lhe dava liberdade pra esnobar e pisar em quem quisesse.
Aquela mulher. Era minha sogra. A mãe do Ricardo. E apesar de tudo que era, sempre foi como uma segunda mãe pra mim.
-Nossa, a que devo a honra da sua visita em minha humilde casa?
-Põe humilde querida.-Ela olhou em volta e sorriu.-Tem a sua cara. Mas é tudo tão barato. Por que não comprou prata de verdade, ao invés desse inox de segunda?
-Por que tinha pouco dinheiro na poupança.-A encaminhei para a sala.-Você bebe algo?
-Um chá. Do que tiver.-Ela me olhou.-Você tem, não tem?
-Tenho.-Fui colocar a chaleira no fogo e voltei, me preparando para a conversa.-Mas diga, como me encontrou?
-Ricardo me disse que estava alojada nessa toca.-Ela levantou e olhou na janela.-Não há vista pra nada? Querida, você precisa arrancar do Ricardo uma cobertura em algum lugar descente.
-Aqui está bom Débora.-Sorri mais relaxada, ela não veio me pedir para voltar com ele.
-Não querida. Nada está bom.-Ela voltou a se sentar.-Essa é a oportunidade que você tem de arrancar as calças dele.
-Débora!
-Ora, você está com a faca e o queijo na mão querida. Faça-me o favor de usar.-Ela me olhou séria.-Ou vai deixar tudo praquela biscate com quem você o pegou?
-Ele está com ela?-Perguntei num impulso e me levantei pra preparar o chá.-Digo, ele já a assumiu?
-Ele não seria louco querida.-Ela sorriu.-Ele sabe que se ousar fazer qualquer coisa do tipo, você não volta pra casa.
-Não volto pra casa dele mais.-Esses últimos meses têm sido abençoados. Sem estresse, cobrança. Estou pela primeira vez, me sentindo livre.
-Bem querida, eu sempre imaginei que quando você tivesse um pouco de liberdade, iria querer voar alto.-Ela veio pra cozinha e sentou em frente a mesa.-Você era igual a uma freira. Está até usando roupas mais modernas.
-Ricardo não me dava um tostão para comprar nada.-Coloquei os saquinhos de chás em xícaras e levei para a mesa.-Tudo que ele me dava era contado para as contas. Ele é muito muquirana.
-E você nunca ousou? Tinha um cartão de crédito pra que?
-Deus me livre usar aquilo. Bom, vamos esquecer esse assunto. Estou me sentindo bem melhor agora.
-Vamos falar sério.-Ela colocou a água em sua xícara e começou a mexer o chá.-Você se precipitou em sair de casa.
-Como?
-Você não devia ter saído e deixado sua casa e seu marido.
-Mas eu o peguei com outra.
-O colocasse para fora.-Ela deu de ombros.-Você não teve o treinamento correto. Alguém devia ter lhe ensinado a ter menos sangue de barata e ser mais ousada.
-Não estou entendendo.-Tomei o chá pra organizar os pensamentos.
Querida, você saiu da casa. Com certeza teve medo de passar pelo transtorno de ser expulsa. Se tivesse um pouco mais de treino, teria pensado em colocá-lo pra fora. A lei está ao seu lado meu bem. Você o pegou em local público com outra mulher. Humilhação pública. Se fosse eu, conseguiria uma indenização da parte dos dois. Mas você vai aprender, eu vou te ensinar.
-Ensinar a que?
-A reconquistar o Ricardo.
-E quem disse que eu quero?
-Não mesmo?-Ela ergueu a sobrancelha perfeita.-Bom, se você está dizendo. Conheço a pessoa perfeita pra lhe ensinar o que não posso. Afinal, não pega bem uma senhora na minha idade freqüentando boates. Vou agendar uma visita pra amanhã as dez está bom?
-Eu trabalho agora, você sabia?
-Ah estou sabendo, é a terceira vez que venho aqui. Você é uma boba, Ricardo tem tanto dinheiro, porque não aproveita sua pensão pra sair e fazer compras?
-Não estou ganhando nada ainda.
-Não?-Ela se indignou.-O que seu advogado faz?
-Fala uma língua que não entendo. E a maioria do tempo fica no telefone.
-Dispense-o. Vou arrumar o melhor no ramo. E será alguém que deixará Ricardo louco.
-Quem?
-O Nando. Você deve se lembrar dele, estava no seu casamento. Um homem bonito, com belos olhos azuis...
-Ah me lembro. Quando dançou comigo, ele passou a mão na minha bunda.-Arregalei os olhos e senti o rosto queimar.-Desculpe a expressão.
-Sem problemas.-Ela riu.-Bom, Fernando é primo mais velho do Ricardo. Eles têm uma rincha desde pequenos. Um tem ciúmes do outro. Ricardo dormiu com todas as namoradas dele e ele com as namoradas do Ricardo. Exceto você. Bom... pelo que sei...
-Não! Eu nunca faria uma coisa dessas. Ele não é o meu tipo.
-Muito bem.-Ela tomou um gole do chá.-Vou ligar pra ele também.
-Acho melhor não. Ricardo pode não gostar.
-Olha você de novo.-Ela balançou a cabeça.-Esqueça o que Ricardo gosta ou não gosta. Você não deve satisfações mais a ele. Está fora do teto dele, fora da vida dele. Então, comece a dar o troco.
-Não gosto de vinganças.
-Não será vingança. Querida, confie em mim. Eu sei o que faço.
-Tenho medo do que está pra fazer.-Ela sorriu e eu imaginei o que ela não podia estar imaginando.
Depois de me dar alguns toques e deixar o cartão da moça que me procuraria no dia seguinte, Débora se foi confiante.
Fui pro quarto e abri meu armário. Era tudo tão apagado. Tão clássico. Nada mais despojado, contemporâneo. Me peguei pensando nas circunstâncias que me levaram a me casar com Ricardo.
Tinha dezoito quando o conheci e dezenove quando nos casamos. Ele havia sido o primeiro. Eu era órfã, vivia com uma tia que era louca pra se ver livre de mim. Quando ela nos pegou no maior amasso no sofá da sala certa noite, achou o pretexto que queria. Me colocou pra fora de casa. Ricardo me levou pra sua casa. Imaginei que sua família fosse ficar contra, mas por incrível que pareça, Débora gostou de mim. Nos casamos dois meses depois. E desde que nos casamos, Ricardo mudou radicalmente o comportamento. Me tratava como se eu fosse uma boneca rara que precisava ficar conservada na caixa original e lacrada.
Meu reflexo no espelho me chamou de volta a realidade. Meus cabelos eram longos e castanhos com cachos fininhos. Esticados, alcançavam a linha do quadril. Eu ainda me vestia como uma puritana criada pela tia. Precisava mesmo mudar o estilo. E ia começar com a ajuda de Débora.
Carlos foi o primeiro a notar minha mudança. Ficou louco quando me viu com os cabelos lisos e mais escuros. Pedi uma semana de folga, passei a semana inteira em spas e fazendo compras com minha mais nova amiga, Letícia. Contratada por Débora para me deixar “atualizada”.
Ele me convidou para jantar justamente na noite em que me reuniria com meu novo advogado. Expliquei a situação a ele, já estranhando a insistência dele. Marcamos para o dia seguinte.
Fernando por sua vez, estava longe de ser o tarado da festa. Ricardo falou mal tantas vezes dele, que no fundo eu não gostava do sujeito. Mas com meia hora de conversa, simpatizei com ele.
-Não acredito mesmo, que Ricardo fez essa burrada. Tendo um mulherão como você nas mãos.-Ele sorriu sem saber que estava me alfinetando e que aquilo doía.-Sorte a minha.
-Devagar com a dor, não me venha com cantadas. Não tenho humor pra elas.
-Tudo bem, você manda.-Ele abriu uma pasta e me deu alguns documentos.-Me reuni com seu advogado hoje e peguei todos os papéis que estavam com ele. Temos aqui um ótimo depoimento. Você pode me contar qualquer coisa que ficou em oculto.
-Como sabe que tem alguma coisa em oculto?
-Sua história está um pouco vaga. Agora que você está mais tranqüila, pode me contar qualquer coisa que tenha esquecido.
-Você quer mais vinho?-Falei já me levantando pra buscar outra garrafa.
-Fique a vontade.-Ele olhou para a taça intocada.-Não posso beber muito, estou dirigindo.
-Tudo bem.-Enchi minha taça e voltei a me sentar a sua frente.-Poucos dias antes de presenciar a... bem... a situação...
-Prossiga. Não procure palavras, só fale.
-Bem, nossa casa foi invadida por um assaltante.-Minhas mãos começaram a tremer.-Eu não disse isso ao outro advogado, porque achei que não era preciso. Não queria que ninguém soubesse. Mas Ricardo sabe... ele tem gravado.
-Sabe o que necessariamente?
-Eu...-Peguei a taça tremendo e tomei um gole, pra me recompor.-Bom ele... O homem... eu estava em casa.
-Ele fez algo com você?-Balancei a cabeça.-O que necessariamente?
-Tudo.-Falei sem dignidade alguma.
-Ele estuprou você?-Ele arregalou os olhos e recostou.-Mas... você não falou nada? Não deu parte? Você devia...
-Fiquei com vergonha.-Eu lutava contra as lágrimas.-Por que... eu... gostei.
-Você gostou?-Ele passou a mão na taça de vinho e tomou um gole, depois afrouxou a gravata.-Me explique direito.
-Eu não queria. Mas ele fez tudo de um jeito... Ricardo e eu nós não...
-É um idiota mesmo.-Ele balançou a cabeça.-Mas continue. O que mais ele fez?
-Ele... bem eu praticamente pedi por aquilo. E no final... ele jogou na minha cara... ah droga, isso é tão constrangedor.
-O que ele disse?-Ele levantou e puxou a cadeira para sentar ao meu lado, segurou a minha mão.-Pode se abrir comigo.
-Ele jogou na minha cara que eu estava necessitada. Disse que era digno de pena... foi humilhante.
-Sinto muito.-Ele me abraçou, mas não consegui encontrar conforto no abraço. Só fiquei mais tensa.-Você disse que Ricardo tem as imagens. Ele te ameaçou?
-Não. No vídeo não aparece áudio e realmente parece um estupro. Mas tenho medo que ele use contra mim. Ele pode colocar o vídeo pro juiz? Na frente de todo mundo?
-Não, seria expô-la demais. Vou conversar com Ricardo sobre as imagens. Não se preocupe com elas.-Ele me deu a taça, para que me acalmasse.-É normal sentir desejo em situações inusitadas.
-Durante um assalto?
-A adrenalina sobe, mistura com o tesão. Você faz coisas sem pensar.
-Me senti tão estúpida. E depois daquilo... logo depois, encontrei Ricardo com a outra. Talvez por isso eu não tenha tido frieza suficiente para pensar nos meus direitos. Só quis me afastar daquela casa e tudo que ela representava.
-Entendo. É perfeitamente aceitável. Fique tranqüila, vou fazer com que Ricardo te dê cada centavo que te deve.
-Eu não quero dinheiro. Eu só quero acabar com esse inferno.-Levantei e fui pra sala me sentar no sofá.-Quando conheci Ricardo, eu trabalhava em uma boate servindo bebidas. Estava guardando dinheiro para a faculdade. Depois que nos casamos, deixei de existir para que ele existisse. E não foi culpa dele. Eu não sabia o que fazer. Me deixei apagar, para que ele brilhasse.
-Você o ama, não ama?
-O que?
-Você se submeteu todos esses anos. Aturou tudo de bico fechado. E quando fala dele, você muda o tom, seus olhos brilham. Já lidei com mulheres apaixonadas. Sei como decifrá-las.
-A paixão passa. É uma coisa passageira. Está recente. Eu só quero que o tempo faça seu trabalho. Eu sou nova, conhecer outra pessoa não vai ser difícil. Na verdade, já até conheci. Só não consigo me interessar.
-Por culpa dele.-Ele sentou a minha frente, em uma poltrona.-Depois que se separaram, você dormiu com o Ricardo?
-Dormir não é bem a palavra.-Falei desviando os olhos.
-Você e ele transaram?-Ele recostou na poltrona.-Pela sua cara, sim.
-Ele forçou a barra.
-Já vi que você gosta de uma forcinha.-Ele brincou tentando descontrair e me irritou.-Desculpe, foi uma piada de mau gosto. Mas me diga, quando foi isso? Ele disse algo, pediu para voltar?
-Pediu. Foi há uma semana atrás. Eu não sei o que deu nele. Ele nunca havia vindo aqui.
-Uma semana?-Ele pegou alguns papéis e sorriu.-Claro, foi isso.
-O que?
-O advogado entrou em contato com ele há pouco mais de uma semana. Fez um acordo altíssimo. Pediu uma quantia que deixaria Ricardo na ruína. Ele pode ter vindo tentar reatar, para manter os bens. Ele sabe que está ferrado.
-Pode ter sido.
Aquilo magoou. E doeu tanto, que eu não ouvi nada mais do que ele disse aquela noite. Quando ele foi embora, me embebedei como uma louca. Desabei no sofá ouvindo música e bebendo. Chorava deprimida, esquecendo tudo que Letícia havia me ensinado sobre confiança em mim. Ricardo era um crápula. Eu o odiava cada vez mais. E o que mais doía era a falsidade dele.
Sem pensar peguei o telefone e liguei pra ele. Era uma da madrugada. O telefone tocou muito, quando eu estava desistindo, alguém atendeu. Era uma mulher. Meu coração doeu.
-Alô! Olha, está tarde. Não é hora de ligar pra casa dos outros.
A casa era dela? Desliguei o telefone e voltei a chorar. Aquele canalha!
Em menos de cinco minutos o telefone tocou. Atendi pensando ser o Carlos. Não imaginava que Ricardo tivesse meu telefone.
-Ju é você?
- O que você quer idiota?
-Você ligou pra cá.
-Sua nova namorada atendeu. Eu não quis atrapalhar.
-Ela não é minha namorada. É a empregada que eu precisei contratar. Eu estava trabalhando no escritório.
-Empregada? Ta bom! Você vende sua alma, mas não arruma uma empregada.
-¬Quem disse isso? Nunca arrumei porque você cuidava da casa. Mas agora, alguém precisa fazer. Mas diga, aconteceu alguma coisa?
-Meus CD’s.-Falei a primeira coisa que veio a mente.-Eu queria pega-los. Você se importa?
-Claro que sim.-Fiquei séria. Ele detestava rock.-Por que não volta pra casa, ao invés de levar o pouco que restou de você?
-Pelo que me disse, aí não tem mais som. Eu queria Algumas coisas de volta. Mas se não quiser me dar tudo bem. Deixo tudo por conta do meu advogado. Só acho mesquinharia brigar por coisas tão medíocres.
-Não estou dizendo que vou brigar por nada. Você pode pegar o que quiser. Só disse que prefiro que você volte pra casa.
-Desculpe, mas não é uma opção pra mim.
-Você sempre se desculpa por qualquer coisa.-Ele suspirou.-Quem errou fui eu Ju. Sei que mereço o gelo que está me dando. Mas não agüento mais ficar sem você.
-Você me teve três anos inteiros. Não aproveitou porque não quis. Agora com licença, está tarde eu quero dormir.
-Você bebeu não foi?
-O que? Como sabe?
-Sua voz fica mais leve quando você bebe. Até quando briga comigo, parece que fica mais tranqüila.
-Eu estava jantando com meu advogado. Exagerei na bebida.
-Só tome cuidado.-Ele ficou algum tempo calado.-Quando quer vir pegar suas coisas?
-Não sei. Qualquer dia que você não estiver em casa.
-Eu prefiro acompanhar.
-Não vou levar nada seu.
-Não é isso... Ju, para de me acusar, por favor. Você não entenderá nunca, se ficar me acusando.
-Entender o que Ricardo?
-Eu fiz a escolha errada, eu sei. Mas... eu amo você. Não consigo mais ficar sem você. Você me faz falta todo o tempo.
-Por que agora faço falta, se quando eu morava aí, quase não te via? Você nunca se preocupou se me fazia falta. Você nunca se preocupou com nada. Agora vem cobrar de mim? Ricardo, eu vou desligar.
-Julia espera...
Desliguei o telefone com raiva e fui tomar um banho frio pra tirar o enjôo causado pelo vinho. Agora eu ia levar aquela mudança a sério. Ricardo ia me pagar pelo que fez.
...
Comecei a namorar o Carlos, poucos dias depois. Ele passou a freqüentar minha casa e não somente, me deixar na porta da frente. Meu advogado tomou consciência e de longe se via que ele tinha interesse em mim.
Comecei a estudar, me inscrevi em um curso pré-vestibular, para dar uma levantada na minha moral. E com os cursos que já tinha, consegui com muito custo, sair da perfumaria e ir para um escritório de uma multinacional. Indicação claro, da Débora, minha querida sogra.
E quando eu pensava que minha vida estava boa, namorando, estudando, trabalhando, me divorciando... lá vem Ricardo me estragar tudo de novo.
-Como assim grávida? Eu só vim aqui porque estou com dor nas costas.
-Isso é só mais um sintoma.-Meu médico fez algumas perguntas e sorriu.-Faça a ultra-sonografia, vamos marcar os exames pré-natais pra você.
-Mas eu não quero ser mãe.
-Sinto muito Julia, mas eu não sou a favor do aborto e muito menos indicaria um a você. Aconselho que pense.
-Você pode estar enganado.
-Faça o exame, veja com seus próprios olhos.
-Eu não quero ter um bebê. Não agora, que estou me divorciando.
-Converse com Ricardo. Vocês vão chegar há um acordo. De repente, esse bebê seja o que falta para unir vocês dois de novo. Pense bem Julia, é uma vida inocente. Não pode tirar, porque está com raiva do Ricardo. É desumano.
-Eu... eu vou fazer o exame amanhã mesmo. Com licença doutor.-Peguei minha bolsa e já ia me levantando, quando ele segurou minha mão.-Eu não vou tirar.Fique tranqüilo.
-Deus pode mudar a sua história. Tenha fé e faça o que manda seu coração. Deixe a mágoa de lado e dê uma chance ao Ricardo.
-Ele foi se abrir com você, não foi?
-É, digamos que nos esbarramos por aí. Mas fique tranqüila, não direi nada a ele.
-Obrigada.
Enfiei os documentos na bolsa e fui encontrar Carlos para almoçar. Quando me viu entrar no restaurante, ele ficou sério e olhou o relógio. Sentei em frente a ele sem ânimo para explicar nada no momento.
-Você demorou.
-Eu sei.-Chamei o garçom e me voltei para ele.-Você já pediu?
- Não, estava esperando você. Então, como foi?
-Está tudo bem. Vou fazer uns exames, mas estou bem.
-E por que estava chorando?
-Não estava chorando. É que sou alérgica ao perfume do médico, só isso.
-Estava cheirando o médico?
-Não. Olha, eu não sei você, mas estou com fome. Vamos pedir?
Naquela tarde voltei ao trabalho e depois saí de lá escoltada por Carlos. No dia seguinte teria julgamento. Queria estar com a cabeça desanuviada, para não cometer besteiras. E essa história de bebê, ainda não havia descido pela minha garganta.
-Preciso dormir cedo.-Falei quando Carlos perguntou se não ofereceria mais um drinque.
-Você parece estar fugindo de mim.-Ele me olhou com um tom reprovador.-O que tem? Por acaso te fiz mal?
-Não estou fugindo de você. Só estou cansada e amanhã preciso levantar cedo. É a primeira audiência.
-Ainda não entendo porque dispensou o outro advogado.
-Coisa da minha sogra. Não pude negar. Espero que não fique chateado.-Falei já abrindo a porta e ele me segurou pelo pulso.-Preciso ir.
-Não vai me dar um beijo antes?-Ele me puxou para um beijo um tanto violento e quando se afastou, sorriu.-Boa noite querida. Tenha lindos sonhos.
-Boa noite.
Saí do carro procurando as chaves. Quando cheguei à porta, vi um bilhete preso a minha caixa de correio.
“Preciso falar com você, urgente. Me liga a hora que puder. Ricardo”.
Nem precisava ter assinado. Eu reconheceria aquela letra em qualquer lugar. Entrei pensando se ligaria ou não. Até que me lembrei da consulta. O médico era amigo dele. Mas que droga, porque eu fui justamente naquele médico? Com certeza o cretino contou ao Ricardo.
Subi correndo e fui em direção ao telefone. O mesmo tocou quando eu ia pega-lo. Tomei um baita susto. Eu estava ficando com mania de perseguição. Esperei dois toques, respirei fundo e atendi, sabendo que era ele.
-Alô.
-Finalmente te encontrei. Preciso falar com você, posso ir aí?
-Não. O que quer?
-Então venha aqui, mas não é um assunto para tratar pelo telefone.
-Está tarde, prefiro deixar pra amanhã, depois do julgamento.
-Julia, se não vier aqui eu serei obrigado a ir aí.
-O que você quer afinal?
-Você achou que eu não ia saber? Que ele não perderia a oportunidade de me falar? Como é, conversamos aqui ou aí?
-Aqui. Você tem vinte minutos pra chegar aqui, falar o que quer e meter o pé. Como é?
O telefone emitiu um som de ligação cortada. Fui tomar um banho rápido e colocar o conjunto de moletom cor de rosa que havia comprado. Com certeza, ele não teria segunda intenções com aquelas roupas. Ele nunca gostou de me ver de pijama.
Arrumei meus documentos sobre a mesa de centro da sala. Estava nervosa. O maldito médico havia falado com ele. Eu o mataria no outro dia, com certeza. Como explicar agora? Teria que dizer que o filho era do Carlos para ganhar tempo. Mas e se isso me complicasse?
A campainha tocou me dando um susto tremendo. Fechei os olhos e suspirei. Abri a porta e lá estava Ricardo, todo amarrotado, com cara de preocupação. Ele entrou casa adentro e parou no meio da sala, com os braços cruzados.
-Então, não tem nada a me dizer?
-Sim. Está tarde. Você fala o que quer e vai embora.
-Por que fez isso? Podia ter feito tudo, menos isso.
-Isso o que?
-Ainda pergunta? O que tinha que ter ido pedir ajuda ao Fernando?
-Então é isso?-Eu ri, estava tão nervosa a toa.-Tenho o direito de escolher o advogado que me interessar ora.
-E o quanto ele te interessa?
-Muito. Ele vai me ajudar a me livrar de você.
-O que está dando em pagamento?
-Isso é assunto meu. Agora se puder se retirar.
-E meu também. Afinal, aquele pilantra vai dormir com você na primeira oportunidade...
Calei a boca dele com um tapa. Ele me olhou furioso, colocou a mão sobre o rosto. Fiz um belo trabalho, ficou vermelho na hora.
-Se você pensa que está falando com aquela biscate com quem você trepa, está muito enganado. Não me confunda com qualquer uma. Diferente de você, eu não fico pulando de cama em cama, todos os dias, com homens diferentes. E se eu quiser dormir com ele, será um problema meu. Eu não sou um objeto de disputa. Durmo com quem quiser, quando quiser. Estou separada de você. Mais que merda Ricardo, some daqui!
-Espera.-Ele me segurou pelo pulso e respirou fundo.-Desculpe. Eu só estou com medo de perder você pra ele. Sei que ele só vai te usar pra me deixar com ciúmes.
-Eu sei disso.-Cruzei os braços.-Mas e você? Me usou pra que mesmo? Ah sim, pra ser cabide de chifres. Não sei como não empalhou minha cabeça e não pendurou na sala.
-Você vai continuar com isso? Eu preciso conversar com você. Sem essa tensão toda. Ao menos terá me ouvido antes de assinar os papeis.
-Não tenho nada pra ouvir de você Ricardo. Fiquei lá... esperando explicações por anos e você não se explicou. Por que agora eu tenho que te escutar?
-Não é a mesma coisa. O que me levou a fazer aquilo...
-Eu sei que vai dizer que fui eu. Mas não foi. Sei disso, porque fui até boazinha de mais pra você.
-Eu sei. Não foi você. Fui eu. Eu estava com um pensamento totalmente infantil sobre casamento e... fui pela cabeça do André... Eu sei que errei, eu assumo. Mas é que nos casamos rápido... eu achava que todo casamento era igual... é tanta coisa que preciso te explicar.
-Você passou um minuto do seu tempo. Rua.-O empurrei para a porta.-Explica para o juiz amanhã.
Bati a porta na cara dele e tranquei a chave. Senti orgulho de mim naquele momento. Fui para o quarto cantarolando um trecho da música de Alcione.
Sou mulher de te deixar
Se você me trair
E arranjar um novo amor
Só pra me distrair...
Me balança mas não me destrói
Porque chumbo trocado não dói
Eu não como na mão
De quem brinca
Com a minha emoção...
Sou mulher capaz de tudo
Prá te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz...
Não divido você com ninguém
Não nasci prá viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você
Me esquecer...
Chegamos cedo ao tribunal, apesar de as audiências só começarem as nove. Fernando sorriu ao me ver entrar e veio me cumprimentar.
-Bom dia. Você está linda. Radiante. O que aconteceu com você?
-Não sei. Mas é bom que você tenha notado.-Tirei os óculos escuros e entramos em um corredor.-Novidades?
-Algumas.-Ele pigarreou.-Não tenho certeza, mas o juiz responsável pelo caso, será o tio Cláudio.
-Como é? Não acredito. Ele não... não é justo. Ele vai dar toda razão ao Ricardo. Afinal, é filho dele.
-Bom, supõe-se que sim. Mas tenha fé, vamos ganhar essa. Eu só vou precisar da sua colaboração. Você corre o risco de ser difamada, acusada e agredida verbalmente. Tente manter a calma e não discutir.
-Discutir é o de menos.-Eu temia era chorar feito uma idiota na frente de todo mundo.-Quando você esteve com o Ricardo?
-Não estive com ele, conversamos pelo telefone ontem à noite. Como sabe?
-Ele me procurou ontem à noite. Foi até minha casa e tudo.
-Vocês se reconciliaram?
-Não!-Olhei pra ele com raiva.-Também não sou tão imbecil assim.
-Não sei porque, mas parece que está me escondendo algo.
-Não dormi com Ricardo. Pra falar a verdade, com ninguém ultimamente. Mas eu acho que isso não é da sua conta.
-Não os detalhes. Mas a informação é relevante.-Ele ajeitou o óculos sobre os olhos verdes e sorriu.-Eu sei que tem mais. Você está com um sorriso de Monalisa no rosto.
-Acho que meu segredo não é relevante.
-Envolve Ricardo e o divórcio?
-De certa forma.
-Então é relevante sim.-Ele indicou um canto mais afastado.-Vamos conversar ali.
-Todo esse povo está aqui pra pedir anulação de casamento?
-Sim. Há muitos casais infelizes hoje em dia.-Ele me encaminhou para o final do corredor e dobramos a direita.-Agora diga, o que está escondendo. Sou advogado há dez anos e vejo nos seus olhos que tem uma bomba prestes a estourar na minha mão.
-É tão fácil assim?
-Você é transparente igual água rasa. Vamos, pare de enrolar, já vai começar. Seja o que for, eu direi se usaremos ou não contra Ricardo.
-Está me saindo um fofoqueiro de primeira.-Ele fechou o semblante e eu suspirei.-Tudo bem. Se é importante... Fui ao médico ontem, estava com uma dor esquisita nas costas.
-E? É algo grave?
-Estou grávida.-Falei e olhei em volta, me certificando que ninguém escutasse.-Antes que me pergunte, é, só pode ser do Ricardo.
-Isso... é... complicado. Existem muitos prós e contras. Podemos provar que Ricardo não tem caráter, ele por sua vez tem dinheiro, o que não ajudaria caso ele resolvesse entrar com o pedido de guarda...
-O que?!
-Estou apenas divagando. Ricardo parece relutante em dar o divórcio. O pai dele é o juiz em questão. Vamos manter isso em segredo por enquanto.
-Eu prefiro.
-O que é segredo?-Ricardo apareceu pouco atrás de Fernando e cruzou os braços.-Algo que eu deva saber?
-Se é um segredo, você não precisa ficar sabendo.-Fernando passou o braço sobre meus ombros.-Vamos entrando? Quero pegar um bom número.
Ricardo ficou se mordendo e eu gostei. Relaxei até a confirmação de que realmente seria um julgamento difícil.
Meu ex-sogro era um homem de dar medo. Eu até gostava dele, mas não era chegado a demonstração de afeto. Desde a morte da filha mais velha, ele vestiu aquela armadura e se escondeu atrás daquela capa de homem da lei sério e rígido. Eu sabia que ele me comparava a filha que perdeu. Todos diziam que eu me parecia com ela. Não cheguei a conhecê-la, ela morreu anos antes de eu conhecer Ricardo.
O julgamento começou com a leitura do processo. Não demorou o juiz estava falando em termos que eu não entendia em nada. Mas sabia que depois daquela etapa, bastava assinar os papeis e estava tudo acabado.
-...sendo que uma das partes não está interessada em divórcio e não havendo acusação com provas de agressão física ou moral, não posso autorizar o divórcio.
-O que ele quis dizer?-Perguntei a Fernando.
-Eu já esperava por isso. Ricardo disse que não quer o Divórcio. Vamos passar por uma burocracia danada. Isso vai levar tempo.
-Levando em conta a situação e o flagrante, a senhora Julia Machado terá direito a uma indenização por parte da senhorita Raquel Teixeira e por parte do senhor Ricardo Machado.
-Quem é essa?-Perguntei a Fernando.
-A outra.-Ele falou e sorriu.-Me certifiquei disso.
-Mas eu não quero isso. Só quero acabar com tudo...
-Acredite, será um favor para você. Apenas ouça e seja boazinha.
-...sendo assim, o casal terá três meses de terapia ouvida, aonde eles procurarão a reconciliação ou um acordo comum, com um oficial de justiça treinado. Nesse tempo o casal deve estar morando juntos, provando que estão de boa vontade, tentando a reconciliação.
-E se eu não quiser passar por tudo isso?-Perguntei ao Fernando.
-Você sai sem receber nada. E acredite, agora que terá um bebê, é necessário que tenha uma boa renda.
-Mas daqui a três meses, vai estar em evidência. Não quero que ele saiba.
-Se quiser, posso contestar. Mas se fizer tudo como o juiz deliberou, você terá o que lhe é de direito. E pense bem, não estamos falando de pouca coisa. Estamos falando de um império. Do qual seu filho fará parte. Você não pode negar isso a ele.
Ele estava certo. E me fez ficar confusa. Afinal, era o que ele queria. E só eu não havia percebia ainda, que caía em uma armadilha.
No final do dia, saí da sala de exames cansada e emocionada. Realmente tinha um bebê dentro de mim. E eu não conseguia parar de olhar as fotos da ultra-sonografia.
Ao menos algo de importante Ricardo fizera.
Carlos estava louco para saber o resultado do julgamento. Quando chegou a minha casa, percebeu que não saíram às coisas como ele imaginava.
-Está esperando alguém?-Ele me viu com uma roupa formal e estranhou.
-Meu advogado e meu ex marido chegarão daqui a pouco.
-O que eles vêm fazer aqui? Algum acordo?
-Mais ou menos. Na verdade, pra que eu consiga ganhar alguma coisa nesse divórcio, terei que fazer terapia de casal com Ricardo, por três meses.
-Por que isso?
-Ele não quer o divórcio. Então o juiz achou por certo tentarmos nos dar uma segunda chance.
-E o que você acha de tudo isso?
-Bem, não estava nos meus planos...
-Mas você gostou.
-Não estou te entendendo.-Cruzei os braços e me irritei.
-Não se faça de sonsa. Sei que ta doida pra voltar praquele almofadinha do seu marido.
-Eu nunca disse isso. Agora, se você interpreta dessa forma o azar é seu.
-Não precisa dizer.-Ele me segurou pelo braço com força e aquilo começou a me assustar.-Está escrito na sua cara. Agora, se você vai dar uma de idiota e voltar pra ele, o azar é seu. Lembre-se, quem trai uma vez, trai sempre.
-Carlos, acho melhor você ir embora.
-Eu também acho.-Ele falou endireitando a gravata.-Me acompanha até a porta?b
-Não.-Lhe dei as costas.-Eu não quero que você volte.
Ele saiu batendo a porta com tanta força, que fez a casa estremecer. Respirei aliviada. Estava começando a ficar com medo dele. De uns tempos pra cá, ele vinha agindo de uma forma possessiva. Queria saber todos os meus passos e muitas vezes gritava comigo por bobeira.
Eu é que não ia agüentar outra gaiola na minha vida.
A campainha tocou minutos depois, abri e encontrei Ricardo sozinho. Ele me olhou de cima a baixo e sorriu.
-Você está linda. O que anda aprontando?
-Nada. Sou linda naturalmente. Você nunca percebeu porque estava admirando a outra.-Sai da frente da porta.-Tem notícias do Fernando?
-Ele não vai poder vir. Falou pra você ligar pra ele. Suas malas já estão prontas?
-Não. Eu não vou me mudar pra sua casa de novo. Você, se quiser, pode dormir aqui... no sofá da sala.
-Mas em casa tenho meu escritório... temos três quartos livres além da suíte. Por que temos que ficar aqui nesse apertamento?
-Porque fica perto do meu emprego.
-E você vai continuar com o emprego?
-Claro. E vou continuar levando minha vida normalmente. Não vai se animando. Para inicio de conversa, estamos nos divorciando ainda.
-Por favor Ju, vamos pra casa.-Ele se aproximou devagar, deslizou as mãos pela minha cintura.-O freezer está cheio de sorvete de chocolate. Tem uma porção de filmes novos nos esperando no cinema.
-Ricardo, você está me confundindo com a outra de novo.
-Por quê?
-Nós não freqüentamos cinemas. E eu quase não tom sorvete de chocolate.
-Mas são coisas que você gosta de fazer.-Ele tocou meu rosto.-Me pede o que for que eu faço. Faço o que for pra ter você de volta.
-Faz mesmo?
-Já vi que te dei a carta que queria.-Ele sorriu.
-A informação valeu.-Tirei as mãos dele da minha cintura e dei um passo atrás.-O negócio é o seguinte, precisamos fazer uma coisa que eu não quero, que é fingir que estou casada com você. Em três meses quero aqueles papéis assinados. Ou você acha que só porque seu pai disse que devemos ficar casados, eu vou obedecer?
-Olha, realmente, eu não te conheço mulher.
-Sendo assim, eu moro aonde eu quiser. E eu não quero ir pra sua casa hoje. Então, se quiser ficar tudo bem, caso contrário, a porta continua aberta.
1X0 pra mim. Ele ficou no sofá da sala a noite inteira. E ter o controle das coisas em minhas mãos foi tão bom, que comecei a planejar o que podia fazer contra ele, só pra que ele se sentisse o mínimo do jeito que me senti.
E logo pela manhã, comecei a perturbá-lo. Levantei, tomei um banho, me arrumei normalmente como se nada estivesse diferente e fui tomar café. Encontrei a mesa posta, diversas iguarias que me deixaram com água na boca. Peguei uma caneca de viagem, enchi de café e quando Ricardo saiu do banheiro, eu estava arrumando minha bolsa pra sair.
-Bom dia.-Ele me viu pegando a carteira e o celular e fechou a cara.-Não vai tomar café?
-Estou atrasada.-Peguei um sonho que estava me chamando, dei uma dentada e fui pra porta com a bolsa e a caneca de café.-Tem uma cópia da chave aqui na porta. Você pode usá-la. Mas não quero que traga seus amigos pra cá. Detesto eles.
Saí sem dar bom dia. Fiquei com pena dele, afinal, eu me sentia péssima quando ele fazia isso comigo. Mas era bom, ele via o que eu passei e eu lembrava, o que era mais importante. Assim, ele desistia da idéia de continuar casado comigo e eu não caía na tentação de pular na cama com ele.
Apesar de ter visto, eu não me sentia grávida. Ou a ficha ainda não havia caído. Não sentia enjôo, não sentia náuseas. Só a dor nas costas, porque ficava muito tempo em pé no trabalho. Estava com medo de contar e ser demitida, então, deixei as coisas fluírem normalmente.
No final do dia, Letícia passou no meu serviço para irmos dar uma volta no shopping.
-Então, como foi à noite?
-Tranqüila. Por quê?
-Ué, Ricardo não dormiu com você?
-Não, dormiu lá em casa. Mas isso não quer dizer que tenha dormido comigo. Ele passou a noite no sofá, com o ego dele.
-Ah.- E por que não foi pra casa dele?b
-O juiz disse que devíamos morar juntos, mas não disse aonde.
-O juiz disse é?-Ela riu, o que me deixou intrigada.-Tudo bem, vamos ali que quero te mostrar umas coisas que eu adoro.
Entramos em uma loja de lingerie e fiquei encantada. Era tudo tão... sexi. Eu nunca havia vestido uma coisa daquele tipo. Corpete, corset, tangas, vermelho, preto, rosa, parecia outro mundo.
-Então, o que acha?
-Tem cada coisa linda.-Ela tirou um conjunto do cabide e colocou a minha frente.-Mas não sei se vale a pena comprar. Não tenho pra quem mostrar.
-E o que importa isso? você tem que se sentir sensual, mesmo que não vá mostrar pra ninguém.-Ela me olhou cheia de malícia.-Te desafio.
-Ai não.
-Desafio você a jogar toda sua lingerie fora e usar só o que eu for comprar.
Ela foi tirando coisas e jogando nas minhas mãos. Eu nem sabia quanto aquilo ia dar, sabia que a Débora estava pagando, mas não sabia com que finalidade. Na verdade, eu sabia, só não acreditava.
Leticia, como toda boa filha de deus, me deixou escolher algumas coisas enquanto escolhia algo para si. Parei no balcão e um catálogo me chamou atenção. Tinha uma grávida na capa, vestindo lingerie. Dei uma folheada e encontrei cada coisa linda. E me imaginei daquele jeito. Com um barrigão. Chamei a vendedora e perguntei por algumas peças. Ela me mostrou algumas, não resisti e comprei.
Cheguei em casa aquela noite cansada, e com muito sono. Havia vindo do curso e estava achando que não daria conta de estudar e trabalhar grávida. Era tanto sono, que fiquei com medo de dirigir até em casa. Fui na cozinha, fiz um café e fui para o quarto arrumar minha nova coleção de lingerie. Fiquei apaixonada por cada peça.
Tomei um banho, coloquei meu robe e juntei todas as calcinhas e sutiã que tinha, inclusive os que usara naquele dia, enfiei em um saco de lixo e joguei fora.
Ricardo não demorou muito pra chegar. Veio até o quarto, encostou na porta. Me viu folheando umas revistas e suspirou.
-Que horas você chegou?
-Há uma meia hora.-Continuei folheando a revista.-Por que?
-Esperei você até as nove, você não chegou, fui em casa buscar umas roupas. Será que posso arrumar no seu armário?
-Tem necessidade disso?-Olhei pra ele.
-Eu preciso de algumas coisas. Ficar indo e voltando, só pra buscar roupas não dá. Essa noite eu dormi pelado, porque vim de terno e não trouxe nada.
-Dormiu é?-Um sorriso fluiu nos lábios dele.-A janela estava fechada?
-Pior que não.-Ele baixou a cabeça.-Tem uma velhinha no apartamento do lado né?
-Dona Maria. Um amor de pessoa.
-Percebi. Ela veio pedir açúcar.-Eu ri.-E depois trouxe um pedaço do bolo que fez.
-Qual é o problema?
-Nenhum. Só que ela passou a mão na minha bunda.
-Jura?-Levantei rindo.-Coitada, você não tem bunda.
-Engraçadinha. E como fica, me arruma uma parte no armário ou não?
-Vejamos.-Abri uma parte em que ficavam meus sapatos e prateleiras e suspirei.-É pouca coisa certo?
-Sim.
-Então aqui vai caber.-Tirei meus sapatos livrei uma gaveta pra ele.-Mas não acostuma não.
Começamos a nos “ajeitar” no meu apartamento e não demorou, ele estava instalado lá. Só que com isso, perdi minha liberdade. E isso me deixava irritada. Eu gostava de assistir televisão largada na sala, agora tinha que me comportar, porque ele ficava sempre ali. Gostava também de dormir com o rádio ligado, e agora não podia mais porque ele dormia ali. Até minha bagunça tinha que ficar no lugar certo, pra não atrapalhar a dele.
-Ricardo, você é um estorvo sabia?-Falei um dia, enquanto tomava café com ele.
-Por que o elogio?
-Você é um saco, meu apartamento é de solteiro e você fica tomando meu espaço.
-Vamos pra minha casa, lá tem espaço suficiente pra você e sua bagunça.
-Não quero morar lá. Quero morar aqui. Só não quero você aqui.
-Ju, hoje você acordou azeda.-Ele empurrou o vidro de açúcar na minha direção.-Então, quais seus planos pra hoje?
-Não sei. De repente eu vá fazer algo com a Leticia, ou saia com o Fernando. Ainda não confirmei nada.
-Sair com o Fernando? Pra que?
-Não sei. Ele me perguntou se podia me levar em um lugar. Estou curiosa pra saber aonde.
-Vocês estão amigos assim é?
-Não tanto quanto você e a Sônia. Lembra da Sônia? Aquela com quem você saiu quando estávamos namorando e disse que eram só amigos? Depois vi as fotos de vocês no maior amasso em uma festa.
-Isso foi há muito tempo.
-Tem coisa que o tempo não apaga.-Falei irritada.-E é melhor trocar o rumo da conversa, antes que eu me aborreça e o coloque pra fora daqui a patadas.
-Você quer sair pra jantar comigo hoje?
-Tenho trabalho pra fazer hoje a noite.
-A noite?-Ele me olhou intrigado.-Que tipo de trabalho?
-Uma reunião particular.-Falei do mesmo jeito que ele falava antigamente. Com licença, vou ligar pro Fernando e pra Letícia.
À tarde eu saí com Fernando. Ele era uma pessoa incrível, mas eu estava com os dois olhos abertos dessa vez. E fomos pro centro, ele me enfiou em uma loja de lingerie. Estranhei, já havia ido em uma na semana passada. Subimos uma escada nos fundos e quando passamos por uma cortina vermelha, corei até a raiz do cabelo.
-Acho que entramos no lugar errado, melhor voltarmos.
-Não é aqui mesmo. Vem comigo.-Ele foi me levando por corredores repletos de consolos de tudo que é tamanho.-Aqui está, vim te apresentar isso.
-O que é isso?-Ele me deu um aparelhinho que parecia um ovinho e tinha um fio com controle.-Pra que serve?
-Isso é um Bullet.-Ele chamou a vendedora, pediu pilhas e ela tirou duas do bolso e entregou a ele.-Aqui, segura.
-Credo ta vivo.-Falei quando o troço desgramou a tremer na minha mão.-Jesus, Maira e José, onde coloca isso?
-Lá.-Ele indicou com a cabeça e eu fiquei com o rosto ardendo.-Eu devia ter te dado umas doses antes de trazer pra cá.
-Sem graça.-Dei o aparelho na mão dele.-Não sirvo pra isso.
-Serve sim. Vem aqui, tem mais uma coisas que você vai gostar.-Ele me mostrou uns óleos e passou um na minha mão.-Está sentindo?
-Credo, esquenta.-VI um vidro grande cheio de bolinhas.-Aquelas são as famosas bolinhas de óleo?
-Sim. Mas você não pode.
-Por quê?
-Está grávida, não pode.
-Como você sabe dessas coisas?
-Fiz amizade com a dona da loja.-Ele sorriu e encostou no balcão.-Freqüento muito isso aqui.
-Me surpreende que um homem como você, precise de ajuda de brinquedos pra manter a atenção as mulheres.
-O que quer dizer em... um homem como eu?
-Deixa pra lá.
-Bom, eu não preciso da ajuda dos brinquedos pra manter atenção. Só gosto de explorar todo o prazer de uma mulher. Gosto de inovar, de fazê-las gozar. O mercado está cheio de apetrechos interessantes, por que não usar? Acho machismo isso que você disse.
-Também acho.-Vi uma borboleta pendurada na parede.-O que é aquilo?
-Hum? Ah sim é um vibrador.-Ele puxou e mostrou a foto na contra-capa.-Viu como funciona?
-Ah tah.
Nem preciso dizer que ele me deu uma aula. Conversamos sobre tudo. Ele até me mostrou alguns fetiches que eu pensava ser sadomasoquismo e ele me apresentou ao tal do BDSM. Em nenhum momento ele passou dos limites, ou me deu uma cantada vulgar. Saímos da loja com alguns “presentes”.
***
Depois de duas semanas aturando Ricardo, não agüentei e resolvi me mudar pra casa dele. Como eu sabia que podia ser uma estadia breve, não me dei ao luxo de levar tudo e muito menos de vender meu apartamento.
Nesse meio tempo, descobri finalmente o que queria fazer. Desde pequena eu gostava de desenhar. Não era das melhores, mas dava meus rabiscos. Depois da história das lingeries, fiz umas pesquisas. Eu seria designe de Lingeries. Não estilista e sim designer. Queria estudar uma coisa mais complexa, não só tipos de tecidos, combinação de cores ou moda.
Comecei a rabiscar e aos poucos fui criando algumas coisas interessantes. Uma noite, estava pesquisando as lingeries e fazendo uns esboços, quando me bateu um tesão repentino. Coisa de grávida, não sei porque, comecei a molhar e arrepiar. Na hora lembrei dos brinquedos que Fernando me apresentou. Fui até o armário, peguei um e olhei em volta, como se estivesse fazendo algo errado.
Fui pra cama sem saber direito o que ia fazer. Deitei, estava de bermuda e camiseta, tirei toda a roupa e comecei com o óleo. Logo com o contato na mão senti o quanto esquentava. Quando desci para minha boceta, percebi que estava molhada a ponto de escorrer. Peguei um par de pilhas, coloquei no brinquedo e começou a tremer.
Meu corpo já esperava por aquilo, uma espécie de ansiedade. Não sei descrever direito a sensação, quando desci devagar a bolinha até meu clitóris, o primeiro contato me fez tremer. Abri devagar as dobras da vagina e comecei a massagear em volta. Mordi o lábio quando tive aquela sensação que só nós mulheres conhecemos.
Aquela que vem lá de dentro, faz todo o corpo relaxar e ao mesmo tempo se preparar para o gozo. Aquela sensação que muitas vezes quando ainda estamos começando a sentir, são cortadas pelos homens, quando eles gozam, mudam a posição ou simplesmente param com o sexo oral.
Meu corpo vibrava com o tesão, eu não o colocava diretamente no clitóris porque já estava a ponto de doer, mas em volta era uma delícia. Ainda mais quando eu segurava e ele só encostava de leve no ponto mais inchado. Esquentava a área e quando eu menos esperava, estava gozando.
Nem contei quantas vezes gozei. A vantagem no brinquedo, era que eu podia usar quanto tempo quisesse. E mesmo quando as pilhas acabaram, eu pude trocar por outras e continuar.
Nem preciso dizer que dormi leve aquela noite. Me senti outra pessoa quando acordei. E logo pela manhã, liguei para o Fernando.
-Hum, adoro imaginar você usando ele.-Ele falou com uma voz arrastada, cheia de tesão.
-Só você mesmo. Fiquei viciada no troço.
-Ju me promete uma coisa?
-O que?
-Promete que vai me deixar ver você usando qualquer dia?
-Não.-Por um momento lembrei que ele estava apenas querendo me colocar na lista.-Nem sei porque liguei. Mas enfim, agora tenho que trabalhar. Mais tarde conversamos.
Eu estava perdendo o controle só pode. Me transformei em outra mulher e essa mulher não tinha domínio próprio? Onde estava com a cabeça quando pensei em ligar para o Fernando?
Ricardo por sua vez, parecia conformado que eu não o queria mais. Parou com os avanços, com as cantadas. Alguma coisa naquela casa, o fazia não me desejar.
Resolvi tirar uma folga daquela rotina. Quando saí do curso, fui pro meu apartamento, liguei o rádio, acendi umas velas e fui tomar um banho quente. E novamente aquele tesão me atacou. Embaixo do chuveiro mesmo, deslizei os dedos para o meio das minhas pernas, devagar comecei a me estimular. A água escorria pelo meu corpo, ajudava a deslizar. Eu sentia que o líquido que saía de mim era mais escorregadio.
Enquanto eu rebolava e apertava meus seios, gemidos saíam de meus lábios. Nem percebi que alguém tinha entrado em casa. Eu estava prestes a gozar, quando a porta do Box foi aberta e Ricardo apareceu bufando e respirando pesado.
-O que está fazendo aqui?
-Quer uma ajuda?
-Você não serve pra isso.-Eu estava com tanta vergonha, que comecei a tremer.-Sai daqui, me deixa em paz.
-Ah não querida.-Ele entrou no Box comigo e não se importou em molhar a roupa.-Agora não tem mais jeito.
Ele me puxou pra um beijo cheio de língua. Com direito a apertões nos peitos e na bunda. Eu estava louca por um homem, qualquer um que fosse. Ricardo foi o primeiro a aparecer, melhor do que dar pro entregador de pizza.
Ele me ergueu ali mesmo, o chuveiro continuava a jogar água encima de nós. Uma de suas pernas entrou entre as minhas e não demorou, ele estava me penetrando.
Entrou devagar, deixando minha boceta acolher seu pau. Ele ainda respirava pesado, começou a meter rápido e com força. Eu gemi, queria aquilo. O pau dele escorregava pra dentro e pra fora. Ele me segurou um pouco mais acima e começou a arremeter com força. Minhas mãos desceram para os ombros dele e não demorou, estavam arranhando suas costas, os dedos se perdiam entre seus cabelos.
De repente o pau dele cresceu dentro de mim e eu gritei sentindo ele sarrar no meu grelinho enquanto enterrava mais fundo. Gozei finalmente, mas infelizmente ele também gozou.
Devagar ele me desceu, arrematou meus lábios e continuou a me acariciar, enquanto tirava as próprias roupas e me beijava. Deslizou devagar os lábios pela minha nuca, afastou os cabelos e começou a sugar.
Terminamos o banho calados, fechei o registro de água enquanto ele puxava as toalhas e me secava. Saí do Box sem esperá-lo, vesti meu roupão e fui pro quarto.
Não demorou, Ricardo entrou no quarto com uma toalha amarrada na cintura. Eu estava com uma lingerie e joguei o roupão por cima enquanto penteava os cabelos.
-Você vai me ignorar até quando?-Ele perguntou enquanto pegava uma bermuda no armário.
-E vou falar o que com você?-Me virei pra ele.-O que está fazendo aqui? Como sabia que eu estava aqui?
-Fui te buscar no curso e você já estava saindo. Vi que veio pra cá e resolvi te seguir. Quando vi as velas acesas e ouvi seus gemidos, imaginei que havia alguém aqui com você. Fiquei louco de ódio.
-E como eu deveria me sentir, quando encontrei você naquele restaurante com aquela oxigenada?
-Querida, eu sei o que você sentiu. Senti hoje e você estava sozinha.-Ele me puxou pela cintura.-Você está esperando alguém?
-Não. Não era nem pra você estar aqui. Eu quero um pouco de privacidade, será que posso?
-Privacidade?-Ele deslizou o roupão pelos meus ombros.-Não com essas roupas.
E antes que eu o mandasse ir à merda, ele me beijou de novo e caímos na cama. Dessa vez foram só beijos. Quentes, com carícias, beijos que me faziam sentir prazer e ter vontade de trepar com ele de novo.
Minhas roupas foram saindo do caminho devagar. Ele sugou meus seios e parou um instante os admirando. Estavam maiores e eu adorei a forma como ele me olhou cheio de vontade. Desceu devagar e foi tirando minha calcinha, me beijando. Quando abriu minhas pernas, lembrei de como ele era ruim em sexo oral e suspirei. Ah eu nunca mais seria mal chupada.
Enquanto ele dava as famosas “linguadas”, desci o dedo e comecei a estimular meu grelinho, pra ver se ele ficava mais visível. Ricardo começou a lamber entre meus dedos. Bom, o lugar ele achou, agora só falta indicar que ele tinha que continuar ali. Afastei um pouco os grandes lábios, e fui rebolando quando ele saía da linha. Teve um momento que ele desceu e eu não agüentei.
-Caramba, será que vou ter que desenhar?-Apontei pro dito cujo.-É aqui ó.
Ele foi pro lugar certo. Comecei a relaxar enquanto ele seguia a dica e abria ele mesmo as dobras com os dedos. Aí foi uma maravilha. Ele chupou e comecei a sentir de novo aquela sensação que era tão bem vinda.
Ele sugou e mordiscou. Eu gritei de prazer. Quanto mais ele lambia e estimulava, mais eu era empurrada pro orgasmo. Sentia minha boceta pulsar e gozei entre espasmos. Já estava tremendo de tesão e cansaço, quando Ricardo subiu encima de mim e me penetrou. Eu sentia uns desejos estranhos. Quando menos esperei, tomei impulso e o joguei na cama e montei. Comecei a rebolar naquela pica, ele colocava a mão no meu corpo e eu batia nelas.
-Tira a mão. E fica quieto, não estraga a brincadeira.
Ele colocou as mãos atrás da cabeça e quando eu comecei a sentar com força, ele já não conseguia manter as mãos longe. Segurava minha cintura, apertava meus peitos. Virei de costas pra ele, deitei o corpo pra frente e comecei a subir e descer o traseiro, engolindo o pau dele com a boceta. Ele me dava tapas na bunda, apertava com força e me puxava contra sua pica. Senti o pau dele mais fundo. Continuei sentando como se estivesse ligada no piloto automático.
Não demorou e ele gemeu até gozar.
Desmontei de cima dele e deitei ao seu lado. Tínhamos o costume de trepar e ir pro banheiro logo em seguida. Naquele momento eu não queria sair dali. Deitei em seu peito e comecei acariciar os cabelinhos que ele ainda tinha.
Era tudo tão bom entre nós. Não sei o que deu nele pra estragar tudo.
-Por que você fez aquilo?-Perguntei, aquele era o momento para conversar.
-Porque eu sou um idiota Julia.-Ele tomou impulso e começou.-Eu não queria te magoar, mas quando as coisas entraram na rotina, ao invés de conversar com você, comentei com o André. E ele estava sempre falando das escapadas dele, das loucuras que ele fazia. Fiquei tentado a fazer também. Aí apareceu aquela mulher, ela queria se divorciar do marido rico... as coisas foram acontecendo, a mulher é uma caçadora nata.
-Caçadora?
-Sim. O tipo de mulher que sabe conquistar um homem e segurá-lo por interesse. Ela estava saindo do segundo casamento com um milionário. Quando decidiu que eu seria a próxima vítima.
-Vítima você? Não a imagino te forçando a trepar com ela.
-Você queria saber, agora escuta.-Ele me abraçou com mais força e continuou.-Eu não sabia que te amava, quando me casei com você. As coisas foram acontecendo e eu fui deixando. Até que chegou o tempo em que a rotina estava estressante. E logo depois que saí da faculdade e comecei a trabalhar com o André, foi que as coisas pioraram entre nós.
-Mas eu não fiz nada de errado. Não venha me por a culpa.
-Não, você não fez nada. Fui eu. -Ele esfregou o rosto, na tentativa de falar as palavras certas.-Eu queria que você fosse igual aquela mulher. Mais feminina, sensual. Você tinha o jeito de mocinha virgem e aquilo pra mim, tinha perdido a graça. Eu sei que sou um idiota. Você tem razão em me odiar. Eu também me odeio quando lembro daquela cena no restaurante. Sei que você não arrumou uma confusão ali, porque tem a classe que muitas mulheres não têm. Também sei que teve medo de ser fraca na frente de todo mundo.
-Se sabia, por que voltou pra ela?
-Não voltei pra ela, fui pegar meu paletó e as chaves do carro. Quando voltei, você tinha acabado de entrar no carro com aquele cara. E quando você chegou, eu esperava uma briga, gritos, socos. Esperava que você me expulsasse de casa e não quisesse mais me ver. Mas não, você agiu todo o tempo, como se não estivesse nem aí pro que aconteceu.
-Se é por falta de porrada, posso te dar umas agora. Vontade não me falta.
-Eu sei.-Ele riu enquanto acariciava meu cabelo e olhava pra mim.-Fiquei com vergonha do que fiz. Juro pra você. Não tive coragem de te procurar e pedir perdão. Acho que se você tivesse feito tudo ao contrário, há essa hora estaríamos um com raiva do outro e você já estaria livre pra dormir com quem quisesse.
-Se eu soubesse disso, teria arrancado suas calças naquele julgamento. Se bem que seu pai nunca iria concordar com aquilo.
-Sobre isso, aconteceu uma coisa...
-O que?
-Aquele julgamento não foi de verdade. E não me olhe assim, eu não tenho nada com isso. Mas quando soube que meu pai era o juiz, deixei rolar pra ver aonde ia dar.
-Como foi de mentira?
-Ainda não sei. Estou procurando saber como aconteceu tudo. Alguma coisa me diz que tem um dedo da Débora nisso.
-Sua mãe também? Não, essa história está confusa. Volta pra parte em que você estava se sentindo mal. Estava mais interessante.
-Bom... eu estava assistindo uns filmes e vi a capa do nosso DVD de casamento. Não resisti e dei uma olhadinha. Eu nunca havia visto aquela filmagem. Nem sabia daquela declaração que você havia feito no final, sozinha para o Câmera. Logo depois seu advogado entrou em contato comigo, sem saber o que dizer ou falar sobre sua situação, já que você não queria tirar dinheiro de mim, só o meu nome da sua certidão. Levei um tapa sem mão quando lembrei que desde que te conheci, você nunca me pediu nada. Você sempre foi humilde, inocente, você acreditava e confiava em mim e eu joguei tudo pro alto por uma mulher que eu queria que fosse você. E hoje dou graças a Deus por você não ser igual a ela.
-Só porque eu não vou te deixar pobre?
-Não. Porque você tem um coração de verdade. Por que eu lembrei que me senti atraído por você pela sua sinceridade. Por que eu te amo tanto, que penso que nunca vou ter coragem de olhar para outra mulher.
-Ah, falar é tão fácil. Mas nosso casamento foi uma idiotice. Nos casamos por pressão. Acho melhor cada um seguir seu rumo.
-Não consigo sem você.
-Mas vai ter que tentar.
-Estou enlouquecendo a cada dia que passa.-Ele sentou na cama e me ajeitou para que ficasse com a cabeça em seu colo.-Sabe, quando invadiram a casa e deixaram o bilhete, pensei que havia sido a mando seu. E quando vi aquela filmagem, foi aquilo que me fez me sentir um lixo. Era tarde, quase uma hora da manhã. Eu devia estar em casa cuidando de você... se eu estivesse lá, aquilo não teria acontecido. Agora são tantos “se”. Se eu tivesse te procurado pra conversar, se eu tivesse colocado seus desejos em prioridade, se eu não tivesse fantasiado com outra mulher. Se você me desse uma chance.
-Eu não posso te dar uma chance.-Sentei na cama de frente pra ele, não tinha mais medo de olhá-lo nos olhos.-Acho que você foi muito corajoso em falar isso tudo. A maioria dos homens simplesmente diria que estava arrependido e nunca mais ia voltar a fazer. E você lembrou que tem caráter escondido em algum lugar aí dentro. Isso é bom. Mas eu estou me descobrindo agora. E percebi que gosto dessa liberdade. Gosto de ter uma casa só minha. De escolher meus móveis sem a ajuda de um decorador, gosto de não ter que dar satisfação pros vizinhos. E apesar da vizinha do lado viver de nariz enfiado aqui dentro, ela não está nem aí pra roupa que uso, o carro que dirijo ou se tenho empregada... enfim. Eu não gosto de morar naquele condomínio cheio de pessoas pobres.
-Pobres?
-Sim, de que adianta ter tanto dinheiro e ter aquele espírito de porco?
-Podemos nos mudar, sem problemas.
-Não quero me mudar com você. Quero ficar aqui no meu apartamento. Apesar de eu ter comprado com o dinheiro que você me deu, é meu. E você não pode me tirar.
-Nem quero isso meu amor.-Ele acariciou meu rosto.-Você pode ter quantos apartamentos quiser. Eu só não quero mais ficar longe de você.
-Precisei de você por tanto tempo Ricardo.-Me levantei a procura das roupas.-Você nunca estava lá quando eu precisei. Tantos pesadelos tive a noite, pensando que você estava envolvido em algum acidente, ou havia sido assaltado, seqüestrado, qualquer coisa do tipo. E você se divertindo com outra mulher. Levando ela pra sair, dando presentes pra ela. Eu mereço uma recompensa depois disso. E a minha recompensa é não ficar mais presa. Nem a você, nem aquela casa, nem a sua família... Amanhã mesmo vou espremer o Fernando até que ele me conte toda a verdade. E vamos dar entrada nos papéis do divórcio. Dessa vez de verdade.
Saí do quarto batendo a porta. Ele não parecia acreditar. Mas era minha vez de ir às forras. Eu tinha o direito de pisar, ia pisar com o salto 15. Débora Foi me visitar logo depois que conversei com Fernando. Ela não gostava da saber que seu plano havia fracassado. Eu, por minha vez, não gostei de saber que havia Sido manipulada. Foi olho por olho no final das contas
-Você devia parar com isso. Sua decisão não está te fazendo bem. Já se olhou no espelho?
-Não tenho me sentido bem ultimamente.-Sentei em frente a ela.-Mas isso não importa. Eu não consigo perdoar o Ricardo, e também não sou obrigada a voltar pra ele. Eu não sou do mesmo nível de vocês. É melhor que ele arrume uma mulher a altura dele.
-Você realmente não está no mesmo nível do Ricardo. Está acima muitos degraus. Só que ele precisa de você para se reerguer.
-Agora ele precisa de mim?
-Parece que não, mas precisa.-Ela espiou uma pasta que estava encima do balcão e abriu.-Foi você quem fez?
-Sim, é meu novo projeto. Pretendo começar em breve.
-Nossa, são lindos. Você tem talento. Me lembra muito a Rosa. Ela adorava desenhar. Vocês se parecem tanto.
-Não sei como posso parecer com ela.
-Ela era uma garota do seu nível.-Ela sorriu.-Era um anjo. Até hoje não superamos sua morte. Mas você tem um pouco dela. Acho que por isso gostamos tanto de você.
-Mas eu não sou ela. Eu sou eu e tenho personalidade própria.
-Claro, foi só um comentário. Bom, eu tenho que ir. Mas espero que reconsidere. Afinal, seu sogro pode ter a licença cassada por conta da... brincadeira.
-Não imagino o Cláudio fazendo qualquer tipo de brincadeira.
-Ele não topou. Eu que o induzi. Sabe, nós mulheres sempre conseguimos o que queremos com os homens. Basta saber a hora certa de agir.
Débora me chamou a atenção quanto a tudo que estava fazendo. E os dias que se seguiram, foram de reflexão e planejamento, sem sair da minha rotina diária.
Dei um tempo do Ricardo, evitei ligar para o Fernando, Carlos também não apareceu mais. Então, continuei levando minha vidinha pacata. Muitas coisas já havia engolido, mas tinha coisas obscuras ainda na minha história, eu não queria voltar com o Ricardo, sem antes resolve-las.
Passeando pela rua da feira, perto do centro comercial, estava eu procurando uma farmácia de manipulação, quando vi um homem alto passando com algumas caixas. Ele saiu de um armazém deu de frente comigo. Quando me viu, abriu o sorriso mais sexi que tinha.
-Ora, ora. Se não é a dona bonitona.-Ele riu quando fiquei sem fala.-Não sabia que você saía da gaiola.
-Como não? Estou sabendo que foi até me procurar lá.-Cruzei os braços.-Ainda Souto?
-É, tenho muitas esposas pra fazer feliz.-Ele se aproximou mais.-E você, quando vou poder visitá-la novamente?
-Nem vem bonitão. Continue cuidando das outras mulheres. Tenho mais o que fazer.-A cara dele me fez sorrir.-Bom, da licença, tenho que encontrar uma farmácia. Cuide-se e cuidado pra não ser preso. Ah, ta me devendo uma televisão de plasma.
Ele riu e me deu as costas. Continuamos seguindo por lados opostos. E eu estava orgulhosa de mim. Não fiquei com medo dele, não me atirei no colo dele. Não fui vulgar nem irracional. Simplesmente o tirei da minha frente. Foi aí que notei que havia mudado de verdade.
Ricardo estava proibido de ir ao meu apartamento sem ser convidado.Confisquei até as chaves. Mas isso acabou me prejudicando, já que certa noite cheguei da aula passando mal. Pensando que era normal, tomei um banho e deitei.
Por volta de uma da manhã, eu já não suportava mais a dor de cabeça. Estava com dificuldades de respirar, pensar e raciocinar. Não conseguia levantar direito, peguei o telefone do lado da cama, mas o único número que eu tinha de cabeça era o do Ricardo.
Liguei pra ele, torcendo para que estivesse sozinho e atendesse o celular. Parecia que os toques eram infinitos. E quando finalmente ele atendeu, eu suspirei aliviada.
-Ricardo.. aqui.. você... agora.
-Julia, você está bem? Eu não entendi nada.
-Preciso de você.-Falei tentando me concentrar nas palavras.
-Você está bem? Andou bebendo de novo?
-Não, estou passando mal. Vem aqui agora é sério.
-Ta certo, to indo praí. Quer que eu leve alguma coisa?
-Não demora, por favor.
Desliguei o telefone e tentei relaxar. Mas minha cabeça doía tanto que estava me dando agonia. Era tão forte que estava ficando enjoada. Levantei e fui pro banheiro tropeçando em mim mesma.
Por sorte ele não demorou muito. Quando abri a porta, me atirei nos braços dele.
-Hei, o que você tem? Está tremendo.
-Me leva pro Marcus agora.
-O Marcus pode não estar na clínica agora.
-Eu quero ele.-Ele me amparou até o carro.-Liga pra ele, avisa que eu to mal. Ele vai entender.
E ele me levou até a clínica. Assim que chegamos o médico chegou. Praticamente me levou no colo pra dentro. Ricardo foi atrás sem entender nada. Depois de alguns exames, Marcus me colocou no soro e me manteve deitada.
-Está tudo bem?-Ele apontou o estetoscópio pra minha barriga e o Ricardo ficou intrigado.-Será que ela comeu alguma coisa estragada?
-Não, isso é normal. Demorou pra acontecer, mas aconteceu. Sua pressão deu uma subida considerável. Mas o resto é sintoma normal. Você andou se estressando?
-Com esse aí principalmente.
-Bom, vocês vão precisar parar com isso, se querem que o filho de vocês nasça no tempo certo.
-Perai, como é que é? Você ta grávida?
-Ele não sabia?-O médico me olhou com cara de criança que acabou de aprontar.
-Não e não era pra saber.
-Desculpe, eu não sabia. Pensei que vocês já haviam feito as pazes.-Ele sorriu quando sentou em frente a mesa.-Bem, vou prescrever um calmante natural e vou sair para deixá-los conversarem a sós.
Ricardo ficou o tempo todo com os braços cruzados com uma cara indefinida. Quando Marcus saiu da sala, ele sentou ao meu lado, verificando o vidro de soro, estava esperando que eu começasse a me explicar.
-Não queria que você soubesse.-Comecei.
-Por que não?-Ele se voltou pra mim e segurou minha mão.-O filho não é meu?
-Não por isso.-Falei sem responder diretamente.- Não quero que ache que porque estou grávida, sou obrigada a ficar com você.
-Não é obrigada. Ninguém é obrigado a fazer o que não quer. Mas você sabe que vai precisar de ajuda.
-E se não for seu?
-Ainda não sei como lidar com essa possibilidade.-Ele beijou minha mão.-Não quero ficar sem isso também. Sei que mereço, mas agora está doendo mais ainda.
-Hum, to gostando disso.-Falei tentando quebrar o gelo.-Qualquer coisa que te faça sofrer me faz sentir prazer.
-Você está um tanto quanto sádica não?-Ele estava louco pra passar a mão na minha barriga, mas se continha, esperando meu consentimento.
-Não dá pra sentir ainda.-Coloquei a mão dele encima da minha barriga.-Acho que não é a sua hora de ser pai. Não tem tempo nem pra sua amante. Como vai ter tempo pra um bebê?
-Não tenho amante nenhuma.-Ele me olhou nos olhos.-E você também não terá tempo. Estudando e trabalhando. No mínimo terá que deixar o trabalho.
-Não vou deixar nada. O bebê está para nascer no começo do ano que vem. Vou continuar estudando até o final do ano e no meio do ano presto vestibular. Agora o emprego,entro de licença e ta tudo resolvido.
-É, andou fazendo planos sem mim.
-Queria que eu esperasse sua palavra final? Estou grandinha pra isso.
-Não, você está certa.-Ele se levantou esse afastou.-Eu vou ao banheiro, daqui a pouco venho te buscar pra te levar pra casa.
Quando Marcos voltou pro consultório, meu soro estava no fim e nem sinal do Ricardo. Ele me ajudou a levantar e me deu as receitas.
-Vocês brigaram?
-Não.
-O encontrei no corredor um tanto transtornado. Estava... chorando.
-Ah não, você deve ter confundido.- Ricardo não chora. Não por minha causa. Pode ser que ele pense que com um bebê a caminho, ele terá problemas com a nova namorada.
-Pare de agir como uma adolescente enciumada.-Ele me fez sentar.-Não quero que brigue com ele nem com ninguém. Faça repouso, não trabalhe muito nem fique muito tempo em pé. Beba bastante líquido. E se possível, tente ficar com alguém por perto, pra evitar que passe mal novamente e não seja socorrida.
-Droga. Vou ter que voltar praquela casa?
-É o mais sensato a fazer.-Ele me olhou sério.-Eclampsia é uma coisa séria, não pode ser levada na brincadeira. Deixe suas diferenças com o Ricardo de lado pelo bem do seu bebê. Não quero perder nem você nem meu futuro afilhado em uma mesa de cirurgia.
-É tão sério assim?
-Sim Julia, tente fazer com que seu quadro não agrave. O que você teve hoje é comum, mas sua pressão aumentou demais. Se demorasse mais, teria entrado em convulsão.
-Eu vou tomar cuidado.-Falei baixando a cabeça.-E não vou brigar com o Ricardo.
-Pode maltratá-lo a vontade.-Ele falou sorrindo.-Abuse e aproveite-se dele o quanto quiser. É até saudável pra você. Mas não brigue. E pelo amor de Deus, tentem resolver suas diferenças antes desse menino chegar.b
-E se for uma menina?
-Tanto faz. Só espero que não herde a teimosia dos pais.
-Isso vai ser complicado.-Ricardo entrou no consultório, com o nariz vermelho, um copo de água na mão.-Já posso ir?
-Sim. Faça o que falei.-Ele se levantou e me acompanhou até a porta.-E você Ricardo, fique de olho nela. Não quero que esse episódio volte a acontecer.
-Não vai acontecer, pode deixar.-Ricardo me abraçou pela cintura.-Com licença. Obrigado Marcos, por cuidar deles.
-Estou às ordens.
Saímos calados. Ricardo me levou de volta pro meu apartamento, subiu ao meu lado e me ajudou a me deitar, tirou meus sapatos e me acomodou na cama.
-Está se sentindo bem? Quer que eu prepare algo, ou pegue alguma coisa?
-Não, está tudo bem, você já pode descansar.-Recostei na cama e olhei pro lado vazio, eu queria convidá-lo a dormir ali comigo, mas me contive.-Obrigada por vir me ajudar.
-Não vá trabalhar hoje, por favor. Não quero que nada te aconteça. Me ligue se sentir algum mal. Vou passar na farmácia, comprar os remédios e pedir para entregar cedo. Ligo na hora do almoço pra saber de vocês.
-Tudo bem.-Suspirei e fui me deitando aos poucos.-Obrigada assim mesmo.
-Só mais uma coisa.-Ele voltou no meio do caminho.-Posso passar aqui depois do trabalho para conversarmos?
-Pode.
-Tudo bem então.-Ele me beijou no rosto e saiu.-Até mais. Descanse.
Percebi que ele estava me tratando agora como dois. Se ele me amava, não iria continuar por muito tempo. Com o bebê, ele poderia me esquecer e concentrar sua atenção somente na criança. Isso não seria ruim. Mas eu temia uma futura briga pela guarda.
Durante o dia, aproveitei pra trabalhar em algumas idéias. Fiquei rabiscando no meu bloco e procurando na internet novas idéias. Já estava com tudo programado, em breve eu começaria a montar meu ateliê.
No meio do dia, minutos depois do Ricardo ligar, tocaram a campainha. Mandei subir, pensando ser o entregador da farmácia. Quando abro a porta, dei de cara com alguém de quem eu pouco lembrava e menos queria ver.
-Pois não?-Abri meu sorriso mais simpático, evitando mostrar abalo contra a presença daquela pessoa.
-Quero falar com você.-Ela me empurrou e entrou.-Você se lembra de mim, com certeza.
-Creio que não. Você é...?
-Não se faça de sonsa.-Ela parou no meio da sala e me olhou séria.-Quer dizer que agora você está jogando sujo?
-Como assim? Até agora não entendi o que a senhora quer aqui.
-Senhora não. Senhorita.-Ela falou com uma vulgaridade que me deixou irritada.-Estou aqui pra abrir o jogo com você. Estou sabendo que agora, pra fisgar o Ricardo, você inventou uma história de que está grávida.
-Eu não inventei história alguma e muito menos preciso “fisgar” ninguém.
-Ah imagina. Olha, eu sei qual é o seu jogo. Você daqui há alguns dias vai começar a mostrar mensagens de ameaça no seu celular pra ele e dizer que fui eu. Vai dizer que estou te perseguindo, só pra ele ficar com raiva de mim e me deixar. Mas já vou deixando claro que não vou devolver o Ricardo de bandeja.
-Mas o que você está falando, em nome de Deus?
-Ricardo e eu estávamos muito bem, até você começar a rondá-lo de novo. Agora me vem até com essa história de que está grávida? Isso não vai ficar assim. O seu tempo ao lado dele passou, se não soube aproveitar, o problema é seu.
-Escuta só minha senhora, eu não sou obrigada a te ouvir nem mais um minuto. Ponha-se para fora da minha casa, antes que eu chame a polícia. E mais, se minha situação te incomoda, senta em uma bacia de gelo e se exploda.-Comecei a empurrá-la para fora.- E se não quiser pagar um valor maior em indenização, aconselho que não me procure mais.
Bati a porta atrás da mulher com raiva. Essa era boa. A vagabunda me tira o marido e ainda vem tirar satisfações comigo, como se tivesse alguma razão? Eu não ia agüentar aquilo calada. Peguei o telefone no mesmo instante e liguei para o Ricardo.
Extravasei, xinguei, mandei ele tomar em todos os lugares possíveis e mandei que nunca mais me procurasse. O que não deu certo. Em menos de vinte minutos, ele estava no meu apartamento, entrando com a chave extra, que até então eu nem havia dado falta.
Eu ainda estava nervosa, andava de um lado a outro da sala remoendo e tremendo, senti tanta raiva quando o vi entrar, que peguei o telefone e arremessei na testa dele. Minha pontaria é uma beleza.
-Mas que porra é essa Julia? Ta maluca?-Ele pegou o telefone e passou a mão na testa.-Mas que diabo está acontecendo aqui afinal? Não era pra estar descansando?
-A vagabunda da sua amante veio aqui tirar satisfações comigo! Como se não fosse pouco o que fizeram, ela ainda veio aqui brigar comigo! Na minha casa! Aquela mulher vulgar! Você é um vagabundo também, não tinha nada que ter falado pra ela que estou grávida. Não é da conta de vocês!
-Parou!-Ele me segurou e me pôs sentada.-Fica calma, não quero passar outra noite no hospital.
-Então vai embora daqui!-O empurrei e me levantei.-Me deixa em paz! Antes que eu arrebente essa sua cara de almofadinha.
-Para garota, o que te deu?
-Era pra eu ter te dado uma surra antes.-Dei um soco nele e quando percebi que ele não iria reagir, comecei a socar até sentir o braço doer.-Eu te odeio Ricardo. Você estragou tudo! Se não sair daqui agora, eu vou te matar!
-Não vai não.-Ele me segurou.-Eu vou explicar tudo, mas espera que eu vou preparar um chá pra você. Se acalma, não estou brincando.
-Me acalmar? Como eu vou me acalmar? Eu quero você fora daqui.
-Eu não vou sair.
-Estou cansada de você fazer o que quiser. A vida é minha, quem manda nela sou eu agora! Você perdeu todo e qualquer poder que tinha sobre mim. Eu não quero te escutar, não quero te ver. Eu quero que você morra!
Saí dali e fui pro quarto. Bati a porta com tanta força, que as paredes tremeram. Era tanta raiva que meu corpo parecia se mover sozinho. Eu não sabia pra onde estava indo, ou o que estava fazendo. Quebrei tudo que tinha de enfeite e perfume encima da penteadeira. Gritei, desaforos pra porta fechada, enfiei uma tesoura pontuda na almofada em formato de flor que estava sobre a cama.
Meia hora depois, quando estava encolhida na cama, já com a respiração leve, assistindo telejornal, Ricardo entrou no quarto com uma xícara na mão e alguns remédios.
-Porra, você é insistente. O que ainda faz aqui?
-Liguei pro Marcus, ele vem te ver mais tarde. Fui comprar seu remédio.-Ele me deu um comprimido cor de rosa.-Toma isso aqui.
-E se for veneno?
-Eu não faria isso.
-Eu não confio em você.
-Não vou dar mole de fazer nada com você. Ainda mais depois desse escândalo, seus vizinhos devem ter ouvido tudo.
-Azar o deles. Estou pouco ligando pra eles e pra você.-Eu ainda tremia um pouco, mas estava mais centrada.-Você não tem mais nada a fazer aqui. Já pode ir embora.
-Temos que conversar.-Ele sentou na cama, me ignorando.-De uma vez por todas. Você está fora de si, isso vai fazer mal a você e ao bebê.
-Não é da sua conta.
-É sim. Meu filho é da minha conta sim senhora.
-Mas quem em nome de Cristo, disse que é seu filho?
-E por acaso não é?
-Não, é meu e eu não quero que você e sua amante se metam nisso.
-Eu não tenho nada com ela.-Ele falou irritado.-Afinal, o que aconteceu com você?
-Essa bruaca peituda veio reivindicar você. Me ameaçou e... quer saber? Não vai adiantar, ela é o tipo de mulher vulgar que joga sujo. Já deve ter ido falar que eu que a procurei.
-Não falou nada.-Ele suspirou.-Olha, eu não tenho mais nada com ela. Ela não aceita perder, por isso veio te perturbar. Mas não dê ouvidos a ela.
-Como não vou dar ouvidos a ela? Ricardo, ela me mostrou que você continua sendo um canalha. Se ela já sabe que estou grávida, é porque vocês ainda têm contato.
-Ela foi no escritório hoje.-Ele falou mais irritado.-Eu falei que estou tentando reconciliar com você. E comentei que você está grávida.
-Mas isso não é da conta dela. Nem, de ninguém.-Calei a boca quando a campainha tocou.-Espero que não seja ela de novo.
E lá veio o médico preocupado, com maleta na mão, e uma cara nada boa. Quando chegou, deu uma olhada em volta e ficou alguns instantes olhando pra mim e para Ricardo.
-O que aconteceu aqui?
-Ah pergunta pra sua paciente. Dessa vez eu não tive culpa.
-Eu fui a culpada Marcus.-Sentei na cama.-Me irritei com o descaramento da amante do Ricardo. Acredita que ela veio aqui me ameaçar?
-Ricardo.
-Eu não tenho nada a ver com isso.-Ele logo se afastou.-Ela ficou louca, começou a jogar coisas, quebrar o que via pela frente.
-Como está se sentindo?
-Bem.-Falei enquanto ele puxava meu braço.-Não acredito que tenha me feito mal extravasar um pouco.
-Vamos ver agora.-Ele verificou minha pressão, ouviu meus sinais, fez até exame de glicose. No final ele sorriu.-Sua pressão está ótima. Realmente valeu a pena.
-O que? Você vai dar razão a essa loucura? Ela podia ter se machucado. Ou machucado o bebê.
-Acho que quem devia ter evitado isso é você. Eu não tenho nada com isso.-Ele guardou os instrumentos na maleta.-Olha, você realmente precisava botar pra fora aquela adrenalina toda. Talvez até tenha passado mal essa noite por causa disso. Mas não quer dizer que vai poder quebrar o barraco todo dia. Tenta relaxar.
-Só se arrumar um jeito de manter o Ricardo e a amante longe de mim.
-Eu vou falar com ele.-Ele se levantou.-Tente não me dar outro susto.
-Ok. Desculpe.
Ele saiu, Ricardo foi atrás e levou alguns minutos pra voltar. Quando voltou, estava com uma cara estranha ainda. Mesmo assim, manteve distância e tentou não me irritar mais.
-Eu vou embora. Não tem jeito de falar com você.-Ele olhou em volta.-Enquanto não parar de me acusar e não me escutar.
-Ricardo, eu não tenho pra que e nem quero te escutar. Você já disse o que queria. Só que não me convenceu. E se valeu a pena pra você sair com ela e me trair, porque agora não vale mais a pena?
-Porque eu errei. E isso não justifica. Mas eu quero acertar dessa vez.
-Não quero que você acerte nada. Só quero ficar em paz. Preciso de um tempo longe de você.
-Um tempo? Você ficou praticamente quatro meses longe de mim.
-E não foi suficiente. Na verdade tinha sido, mas aí aquela mulher veio aqui e me fez lembrar. E se você soubesse o quanto dói lembrar daquela cena ridícula no restaurante.
-Ai droga, isso ainda?-Ele olhou em volta.-Quanto mais você se lembrar disso, pior vai ser. Vai ficar remoendo essa raiva que só vai te prejudicar.
-Eu sei disso. Por isso quero manter distância de você e da sua amante. Mas acho que vocês ainda não entenderam isso.
-Tudo bem Ju, você venceu.-Ele suspirou e desencostou da parede.-Fica sozinha quanto tempo te der na telha. Mas me avisa quando for ao médico fazer o acompanhamento, quero ir com você.
E ele saiu dali encostando a porta do quarto. Fui dormir, era melhor pra mim e pro meu estado emocional.
-Eu não confio mais nele.
-Vou reformular a pergunta. Se vocês voltarem hoje, você terá confiança em si mesma, para mantê-lo ao seu lado?
-Não entendi.
-Isso vai ser mais difícil do que eu pensei.-Ele chamou o garçom e se voltou pra mim.-O que acha de sair com uma mulher?
-Sair...? Como?
-Ficar.
-Transar com uma mulher?-Falei alto quando o garçom se aproximou e quando ele riu eu me senti uma idiota.
-Você vai pedir agora?-Fernando perguntou rindo.
-Sim. O especial do dia.-Falei apontando para o cardápio.-E um suco de laranja.
-O mesmo pra mim.-Fernando entregou o cardápio e esperou ele se afastar.-Sim eu estava falando em sexo com outra mulher. O que você acha?
-Ah não. Não gosto da idéia. Outra mulher não teria o que eu preciso para me preencher.
-E os brinquedos, pra que servem?-Ele sorriu.-É um pecado trancá-los no fundo da gaveta.
-Eu não sinto tesão por outras mulheres.
-Talvez sinta e não saiba.-Ele sorriu de uma forma que me deixava cheia de perguntas.-Vamos fazer o seguinte. Essa noite vou levá-la para sair, conhecer um lugar legal. Fique tranqüila, você não vai ser obrigada a ficar com ninguém.
-Não vai me levar há um clube de swing, vai?
-Não. Um lugar muito melhor, com música, bebidas, pessoas normais como você. Relaxe, você vai gostar.
Vamos lá continuar.
Eu nem sabia o que me esperava aquela noite, então, me vesti a meio termo. Um tubinho preto, sandálias de salto, um lingerie preta de renda que não marcava sob a roupa e deixei os cabelos soltos, lisos e escorridos.
Confesso que a expectativa e a curiosidade, me fizeram caprichar. Nem fui ao curso aquela noite. Quando Fernando chegou, eu olhei para a caixa que estava em minhas mãos e pra ele.
-Eu uso?-Abri a caixa.
-Foi presente dele?-Ele deu uma boa olhada.-Se te faz bem usar, sim use. Agora, se não faz...
-Coloca pra mim?-Ele pegou a gargantilha da caixa, e afastou meu cabelo.-Foi aquele idiota que trouxe... não sei nem porque eu quis tanto uma coisa dessas, não tenho aonde usar. Ainda mais aqui, nesse lugar perigoso.
-Você está usando sabonete de morango?-Ele cheirou meu pescoço.-Hum... delícia. Da vontade de comer você inteirinha.
-Fernando!-Eu já estava nervosa, depois dessa...-Então, vamos sair?
-Sim.-Ele riu e me ofereceu o braço.-Se prepare para a noite mais surpreendente da sua vida.
-Vai ser uma surpresa boa?
-Ótima.
-Então, “vãobora”.
Rodamos uns vinte minutos de carro, ouvindo MPB e falando trivialidades. Eu estava comentando sobre meus planos para a faculdade e os projetos. Ele dava suas opiniões, mas permanecia quieto quanto ao nosso destino.
Eu estava tão ansiosa.
Ele parou no estacionamento de uma grande construção de pedra. Parecia um hotel antigo. Mas havia música lá dentro, talvez fosse uma boate. Eu ainda não entendia onde estava. Ele me levou pela entrada principal. Uma moça bonita, que aparentava ter uns dezoito anos nos atendeu. A luz vermelha suave no hall me deu uma pista de aonde estávamos.
-Fernando, quanto tempo.-A moça o abraçou com uma empolgação de grandes amigos.-Nossa, você está lindo. E ela, sua namorada?
-Não, é uma amiga. Eu a trouxe para conhecer um lugar diferente.
-Ah sim, me dê seu paletó, eu vou mandar preparar uma mesa mais... íntima pra vocês.
-Não, quero a de sempre.
-Ok, você quem manda.-Ela se voltou pra mim.-Meu nome é Isabel, estou ás órdens.
-Isabel, essa é a Julia. Ela está um tanto perdida, nos Trás uns drinques leves?
-Tudo bem.
A moça pendurou o paletó dele em um armário e nos acompanhou até uma mesa grande e bem iluminada. A música que eu ouvi, vinha do outro lado do salão. As portas estavam fechadas, mas vez ou outra saía alguém e eu podia ver os jogos de luzes. Parecia uma mini boate.
-Te levo ali mais tarde. Agora, gostaria de te apresentar alguém.-Ele levantou a mão e uma moça sorriu e se aproximou.-Aonde está a Yasmin?
-Está no salão se arrumando, já vai descer.
A moça da porta, Isabel, se aproximou com uma bandeja e duas taças contendo um líquido amarelo com alguma coisa cor de rosa no meio.
-Apimentado?-Ela perguntou para Fernando.
-Ainda não.-Ele me deu uma taça.-Fica tranqüila, tem pouco álcool. Não fará mal ao bebê.
-Que lugar é esse?-Perguntei olhando em volta.-Já tirei várias conclusões.
-Sim. É o que você está pensando.-Ele sorriu para alguém e falou baixo.-Isso é um “puteiro”.
Ah aquela palavra não se agregava em nada ao local. Quando pensamos na palavra puteiro, visualizamos uma casa vulgar, com garotas vulgares. Aquilo ali era no mínimo a mansão das coelhinhas da playboy.
Só que algumas coelhinhas estavam um pouco acima do peso. Eu ainda estava confusa, tomei um gole para relaxar.
-Aqui é um lugar diferente. As mulheres aqui são normais, iguais a você. São prostitutas de luxo,confesso que demorei pra encontrar esse lugar. As mulheres aqui têm a beleza natural. Isabel por exemplo, tem vinte e sete anos, ninguém diz. Mas ela também não recorreu a cirurgia, aquela é a beleza natural dela.
-Ela dorme no formol certo?-Sorri olhando em volta.-Aquela ali também é?
-Sim. É uma das mais populares. Não me olhe assim, mulheres gordinhas são sensuais. Alguns homens, deixam as esposas esqueléticas em casa para vir aqui visitá-las.
-Obrigada, você me animou muito.
-Não leve a mal.-Uma mulher se aproximou e ele se levantou.-Catarina, não pensei que fosse encontrá-la aqui essa noite.
-Ah meu querido sabe o que dizem. O olho do dono que engorda o gado.-Eles se cumprimentaram com os famosos três beijinhos e ela sentou ao lado dele.-E essa jóia quem é?
-Essa é a Julia. Eu a trouxe para experimentar coisas novas.
-Ela parece uma virgem que está prestes a ser sacrificada.-Ela sorriu e me olhou bem.-Vai apresentá-la a quem?
-Yasmin.
-Hum, ótima escolha. As duas vão se dar bem.-Ela piscou pra ele.-Eu vou circular pela casa, ver se está tudo nos conformes. Não saia sem falar comigo.
-Tudo bem.
-Foi um prazer conhecê-la.-Ela se virou pra mim.-Espero que a noite seja inesquecível.
-Pretendo fazer com que seja.-Fernando respondeu por mim e colocou a taça na minha mão.-Você está muito tensa, se não estiver se sentindo bem, vamos embora.
-Apenas me diga, o que pretende pra essa noite?
-Apenas apresentá-la as minhas amigas.-Ele Segurou minha mão e beijou meus dedos.-Se não quiser ficar, podemos ir embora. Agora, aconselho que fique e aproveite. A noite não está agradável?
-Até agora sim.
Fernando me contou algumas coisa que ele costumava fazer, e porque nunca se casou. Não por falta de pretendentes, sim por falta de entusiasmo da parte dele. Contou que ele experimentava de tudo e era viciado em prazer sexual. Fizera quase tudo e ainda tinha coisas que gostaria de experimentar.
-Sabe o que mais me excita?-Ele me olhou nos olhos, tinha um brilho travesso nos olhos dele, que me fizeram ficar acesa.-Um grelinho inchado, pedindo pra ser chupado.
-Fernando!-Ele riu quando baixei a cabeça envergonhada.
-Desculpe, mas você precisava ver sua cara.-Ele chamou um garçom e pediu mais dois drinques.-Ah, aí vem ela.
Quando me virei, vi uma moça bonita vindo em nossa direção. Ela era magra, tinha os olhos puxados, um corpo bonito. Não muito alta, estava vestindo roupas elegantes. Quando se aproximou, ela beijou Fernando nos lábios e sentou.
-Olá querido, desculpe a demora. Estava no SPA. Ficou uma delicia depois da reforma.
-Imagino.-Ele se voltou pra mim.-Vim te apresentar minha amiga Julia.
-Olá Julia, tudo bem?-Ela se levantou e sentou ao meu lado, me deu três beijos no rosto.-Nossa, que gargantilha linda. Combina com seus olhos.
-Obrigada.
-Então, vocês estão juntos há muito tempo?-Ela sorriu.-É por sua culpa que ele não vem mais aqui?
-Ah não, seja o motivo que for, não sou eu.-Tomei um gole do que restava na taça, pra ter o que fazer.-Você é bem conhecido aqui hein?
-Ah ele é o tipo de cliente VIP.-Ela sorriu e pediu uma bebida quando o garçom veio com as taças.-Ah coloca duas gotas de pimenta pra essa moça. E uma pra mim.
-Pimenta... eu não gosto.
-Relaxa, é docinha.-Ela mexeu o liquido amarelo da taça e ele mesclou com o rosa.-Aqui, prove assim, é o meu favorito. Bem leve e sutil. Quais são seus planos pra essa noite?
-Não vamos pegar pesado com ela. Essa tarde eu perguntei se ela faria sexo com outra mulher e ela ficou pálida igual está agora. Então, para não assustá-la, resolvi pedir sua ajuda. Porque essa moça precisa deixar de ser preconceituosa.
-Não é que eu tenha preconceito.-Falei sem jeito.-Só acho que outra mulher não tem o que eu preciso.
-Eu tenho.-Yasmin sorriu.-Vou apresentá-la aos meus brinquedos, se der tempo. Bom, isso se você se sentir confiante. Aqui você não é obrigada a nada. Ah não ser dançar, vamos pra pista?
-Hum? Eu não sei dançar.
-Mentira, ela fez ballet e tudo, quando era pequena.-Fernando pegou meu copo e se levantou.-Vamos lá, você precisa relaxar.
Levantei e fui com os dois. Fernando abriu a porta pra mim, de uma pequena boate. Ele me conduziu até uma mesa vaga, a música eletrônica trocou por uma de batida ritmada. Yasmin me pegou pela mão e me levou para o meio da pista. Haviam algumas pessoas dançando. Ela sorria, a altura da música entrou em mim. Quando me dei conta, estava me mexendo como ela.
E não demorou, as mãos dela subiam e desciam pelo meu corpo. Passei a observá-la melhor. Era uma mulher delicada, tinha uma franjinha reta sobre os olhos, os cabelos longos lisos. Não era uma deusa exuberante, era bonita e gostosa. E também não tinha a voz macia e manhosa, era firme e grossa, do tipo que sabia comandar.
Não demorou, Fernando me trouxe outro drinque e ficou conosco na pista. Eu não me sentia bêbada, nem sentia aquela sensação de estar fora de órbita. Eu simplesmente estava mais relaxada. E esquentando um pouco. Me batia uma excitação sempre que eu imaginava aquela mulher e o Fernando trepando.
Eu não sabia o que fazer ou como fazer na hora H. Por isso era contra outra mulher na brincadeira. Não porque sentia nojo ou coisa parecida. Porque a mulher aparentemente era perfeita. Eu tinha plena convicção de que aquilo não me transformava em lésbica. Mas estava com uma vontade louca de experimentar.
Estava com o corpo pegando fogo, quando Fernando e Yasmin fizeram um sanduíche de mim. As mãos deles subiam e desciam pelo meu corpo. Não demorou e os lábios de Fernando pousaram pela minha nuca e começaram a trilhar um caminho sem volta. As mãos de Yasmin subiram para os meus seios e desciam pela minha cintura. Ela me beijou no decote e começou a subir os beijos pelo meu pescoço, até alcançar meus lábios.
Pronto, beijei outra mulher. E foi um beijo de língua, com direito a mão no peito... A minha mão no peito dela. Silicone, mas pequeno. Estraaanho. Minha mente ainda me mandava esses alertas, em meio aquela sensação de prazer e de querer pular em uma cama qualquer. Sentia o pau do Fernando por trás de mim e fiquei louca. Minha boceta pulsava de vontade, desci uma mão para o pau do Fernando, o toquei por cima da calça e quando tentei enfiar a mão ele se afastou.
-Eu quero... –Levantei a cabeça e o olhei nos olhos.
-Aqui não. Vamos subir.-Ele afrouxou a gravata com o dedo e tomou o resto do drinque.-Estou louco pra ver até onde você vai.
Yasmin me pegou pela mão e fomos por um corredor que dava em uma escada de mármore. Fernando vinha logo atrás, parou no bar para pegar mais bebidas e nos deu espaço.
Entrei no quarto da Yasmin tropeçando. Ela bateu a porta e me encostou sobre ela.
-Você é uma delicia. Vou adorar brincar com você.-Ela me beijou, a língua foi penetrando entre meus lábios e a mão dela já foi subindo a barra do meu vestido, os dedos dela encontraram o ponto molhado da calcinha.-Hum, adoro deixar alguém com a calcinha molhada.
Pensei comigo que ela devia ser lésbica. Isso explicaria o tesão dela em mim. Mas o fato de eu ter tesão nela me tornaria lésbica? Olha eu divagando de novo. Eram tantas sensações novas, tantos sentimentos esquisitos, que eu não sabia o que pensar naquele momento. Só queria mais daquilo. E que a noite não terminasse. Não antes de gozar muito.
Ela me levou até a cama, ainda me beijando, eu só me deixava conduzir, como sempre, passiva. Ela me deitou na cama e deitou por cima, sentando sobre minhas pernas. Desceu as mãos pelo meu corpo, deslizando pela minha cintura. Quando alcançou a barra do meu vestido, lá se foi. Começou a subir pelas minhas cochas, ela acompanhava as mãos com os olhos. Ela subiu meu vestido até minha cintura. Senti os lábios dela sobre a pele da minha barriga. Fechei os olhos porque o tesão não me permitia ficar com eles abertos. Os lábios dela estavam sobre minha pele, eu estava louca pra me livrar das roupas, ficar a vontade, mas ficava com medo de me precipitar. Era uma experiência completamente incomum pra mim.
Yasmin arrancou meu vestido, me deixou de calcinha e sutiã, as mãos dela já iam sobre meus seios, quando Fernando entrou no quarto. Ele trancou a porta por dentro e foi até o rádio, ligou baixinho, diminuiu as luzes e se aproximou de nós.
-Chega.-Ele tirou Yasmin de cima de mim e me puxou.-Tira esse vestido, ele não vai ser útil agora.
Tirei o vestido sem reclamar. Fernando me puxou pela cintura e me beijou. A mão dele prendeu minha nuca com firmeza, gemi quando ele encostou inteiro em mim e senti o pau duro encostando entre minhas pernas. A mão que estava na minha cintura subiu pro meu seio direito e ele o apertou, o fazendo empinar. Senti a folga do sutiã nas costas, Yasmin havia soltado. Fernando caiu de boca de um lado, Yasmin começou a sugar do outro. Chiei de novo. Como era boa aquela sensação. Duas bocas me chupando daquele jeito, de formas diferentes. Enquanto um sugava com mais força, o outros lambia e mordiscava.
Duas mãos desceram pra dentro da minha calcinha. Senti a mão de Yasmin deslizando sobre a parte molhada e voltando para pressionar meu grelinho que já estava inchado de tesão. Os dedos do Fernando me penetraram. Eu não sabia o que fazer, nem pra onde ir com as mãos. Me segurei ao Fernando. Ele me soltou e me pôs de frente para Yasmin, igual estava na pista de dança. Ela entendeu o recado, ajoelhou entre meus pés e tirou minha calcinha. Eu nem me dava conta de nada aquela altura do campeonato.
Yasmin colocou meu pé sobre a cama e Fernando me amparou enquanto ela me sugava. Deus, que loucura boa era aquela? Eu comecei a rebolar no rosto da Yasmin, até que senti o pau do Fernando, por fora da calça, sarrando na minha bunda. Huuummm aquele pau quente e duro. Desci a mão pra ele e quando o segurei, meu tesão só aumentou.
-Eu posso te comer?-Ele tirou o pau da minha mão e colocou ali na entrada da boceta.
-Pode.
-Então me pede.-Ele sussurrou no meu ouvido, já na porta de entrada, quando rebolei ele se afastou.-Hã hã. Pede. Só dou se você pedir minha piroca.
-Me dá Fernando.-A língua da Yasmin pressionava meu clitóris com tanta força, que eu estava tremendo, louca pra gozar.
-Me dá o que?
-Sua piroca.-Falei de uma vez, pra não sentir.
-Você quer minha piroca aonde?
-Na minha boceta.-Eu ia gozar a qualquer momento.
-Então pede com jeitinho vai.-Ele começou a esfregar o pau na entrada de novo.-Pede com jeito.
-Enfia, mete sua piroca na minha boceta.-Falei rebolando aconchegando a cabeça dele e quando senti ele entrar rebolei até engoli-lo inteiro.-Mais. Me dá mais. Vai ficar de miséria comigo?
-Calma gulosa.-Ele me segurou pela cintura e arremeteu inteiro dentro de mim.-Assim, isso, goza.
Eu sentia minha boceta contrair, sentia o pau do Fernando sendo mamado pela minha boceta, enquanto Yasmin ainda me chupava e estimulava com os dedos.
Gozei a primeira vez na cabeça da pica do Fernando. Yasmin se levantou e ele me pôs de quatro na cama. Começou a meter com força, a ponto de machucar e eu rebolava e pedia mais e mais. Ficamos naquela posição por pouco tempo. Fernando saiu de dentro de mim, puxou Yasmin pelos cabelos e a fez ajoelhar e chupar seu pau até esporrrar na língua dela.
Eu estava tremendo, meu tesão ainda estava aceso. Caí sentada na cama vendo a cena e não conseguia desviar os olhos daquela pica que ainda pingava. Ele respirava pesado, tirou a camisa e a camiseta. Deus, que homem era aquele? Todo marombado, uma tatuagem de dragão começava no peito e terminava nas costas. Que ele tinha o corpo queimado de sol eu já sabia, agora que era gostoso daquele jeito, nem fazia idéia. Via o Fernando sempre de terno e óculos, nem imaginava... Agora eu sabia porque nenhuma das namoradas do Ricardo resistiu. Inclusive eu.
Ele foi até um frigobar, pegou uma garrafa de água, deu a Yasmin e se aproximou da cama.
-Aprendeu?
-A que?-Olhei para ela e pensei... me fudi!-Eu?! Não... eu não sei...
-Você vai aprender, calma.-Ele puxou Yasmin pra perto.-Essa gata é cheia de surpresas. E você disse que não transaria com outra mulher, porque ela não teria o que você precisa.-Fiquei vermelha e lá veio ele com os lábios sobre meu pescoço.-Relaxa, aproveita a noite. Não perde tempo raciocinando, que isso vai estragar a brincadeira. Só deixa acontecer.
Fernando me soltou, desabotoou o vestido de Yasmin e o puxou até a cintura. Ela tinha peitos bonitinhos e redondinhos, mas eram silicone puro. Fernando me puxou delicadamente e me segurou pelos cabelos, me levando até ela. A mão dele segurando minha nuca daquela forma, me fez querer fazer tudo que ele mandasse. Yasmin o beijou nos lábios, quando os meus foram de encontro aos mamilos dela.
Não cheguei a estranhar de inicio, lambidas aqui e sugadas ali, não era nada anormal. Tanto que me empolguei e comecei a fazer com vontade. A mão de Fernando me conduzil até o outro mamilo e de ia mesma atenção que o primeiro levou.
Eu estava tão perdida nas minhas descobertas. Fernando se afastou de nós e eu nem me liguei. Só percebi quando ouvi a voz dele, do outro lado do quarto dizendo:
-Tira a roupa dela Ju. Tem uma surpresa pra você.
Não maldei, estava tão preocupada em fazer sexo oral em uma mulher. Puxei o zíper do vestido dela e o arranquei jogando direto no chão.Ela tinha pernas lindas, bem torneadas, parecia pernas de funqueira. E tinha um pau não muito grande.
Um pau? Sim, essa foi minha reação. Que se seguiu de um tombo e uma cara apavorada.
Fernando riu da poltrona onde estava.
-Santo Deus, você tem um...
-Tenho.-Ela baixou a calcinha e sacou aquele pau com a cabeça cor de rosa.-Sua preocupação não era essa? Agora eu tenho o que você precisa. Vem brincar com ele, vem.
Eu estava em choque. Ainda não havia me recuperado do susto. Olhei para Fernando e ele havia parado de rir, agora estava de olho em nós, com uma taça na mão. Algo nele me incentivava a prosseguir. Acho que era o fato de ele ser um Dom.
Me aproximei engatinhando. O pau dela... pau dela, soa tão estranho. Mas enfim, ele coube direitinho em minha mão. Encarei aquilo com naturalidade. Era só não olhar pra cima e ver aquele par de peitos. Quando o coloquei na boca, senti a gota de sêmen despejar em minha boca. Aquilo não era novidade. Comecei a chupar com ênfase e punhetar alternando as lambidas. Ela gemia, quanto mais eu sugava. E aquilo me animou a continuar com mais força e mais rápido.
Ela mesma me segurou pela cabeça e começou a estocar na minha boca. Consegui enfiá-lo inteiro, só sobraram às bolas pro lado de fora. E de repente veio outro pau me saldar. O do Fernando era bem maior que aquele ali. Enquanto ainda chupava Yasmin, estava com o pau do Fernando na mão. Troquei de um pau pra outro. Olhei pra cima e Fernando estava de boca nos peitos da yasmin., enquanto eu o sugava e punhetava ela. Em determinado momento, eu nem sei mais qual era o pau que estava na minha boca. Mas continuava com meu serviço perfeitamente satisfeita.
Fernando e Yasmin se apertaram entre meus lábios. Senti o pau dela pulsar e esporrar na minha boca. Depois de sugá-lo e engolir aquele sêmen doce, me voltei exclusivamente para Fernando e continuei a sugá-lo.
Ele me segurou pelos cabelos e me afastou. Fiquei um tanto perdida naquele momento. Até que ele mesmo me levou até a cama, sentou e me fez sentar em seu colo. Quando ele me penetrou, senti meu corpo inteiro relaxar. O fogo almentou na minha boceta, eu não controlava nem mesmo o ritmo da minha respiração. Ele me segurava pela cintura e me conduzia pra cima e pra baixo. O joguei na cama e comecei a rebolar encima daquela pica. Quicava e rebolava, sentindo o pau dele tocar em todos os pontos da minha boceta. As mãos dele apertavam com força as poupas da minha bunda.
Gritei quando ele me segurou acima e começou a arremeter pra cima e pra baixo. Meu corpo estremeceu, senti o gozo vir e lá estava eu gozando com tudo no pau dele.
Ele me abraçou, me jogou na cama e quando ficou por cima, ergueu minha perna pra que entrasse mais fundo. Eu já estava perdendo as forças. Senti a presença da Yasmin conosco. Ela começou a reivindicar pica. Fernando tirou o pau de dentro da minha boceta e deu na boca dela.
Eu sabia que aquilo era um momento único. E estava aproveitando. As sensações eram inexplicáveis, e eu nem sabia como agir direito, estava completamente perdida. Mas eles me faziam me sentir bem e querer concertar meus erros com sutileza.
Fui molhar a garganta, quando me voltei, Fernando estava com a pica atochada do cuzinho cor de rosa da yasmin. Ela gritava jogando a bunda contra a pica dele. Fui tomar um gole de água, quando voltei, me ajoelhei aos pés dela e comecei a chupar o pau dela, dando a ela a mesma assistência que me deu antes.
Era bom ouvir aqueles gritos de prazer. Tanto os dela quantos os dele. O pau dela enterrava fundo na minha garganta, conforme Fernando arremetia no rabo dela.
-Assim Nando.... Puta que pariu. Mete com força, vai, esfola meu cú.-Ela gritava, eu ouvia aquilo e sentia vontade de fazer o mesmo.-Fode com força Fernando! Ainda não aprendeu seu viadinho?
Ele aumentou e passou a arremeter com tanta força, que eu mesma não conseguia acompanhar e chupá-la. Ela anunciou que ia gozar e o pau pulsou no meu rosto. Fiquei toda lambuzada de sêmen.
Ao que parece, Fernando também havia gozado. Continuei ali ajoelhada no chão, quando eles terminaram, Fernando ergueu a mão pra mim e me encaminhou até o banheiro.
Yasmin nos deixou a sós. Tomamos um banho quente, cheio de carinhos e afagos. Eu estava faminta, cansada. E pela cara do Fernando, ainda tinha mais.
-Você está calada. O que está acontecendo?
-Cansaço.-Falei suspirando e encostando-me ao peito dele.-Fome. Sono. Coisas de grávida.
-Entendo.-Ele segurou meu rosto com ambas as mãos.-Podemos terminar essa noite no seu apartamento?
-Claro.-Falei mais empolgada. Nós já vamos?
-Sim. Só vou acertar umas coisas com a Yasmin. Fica a vontade, eu já volto.
E lá se foi ele. Fiquei ali, embaixo do chuveiro quente, relaxei quando estava limpa e cheirosa, desliguei o chuveiro e peguei uma toalha. Minhas roupas estavam sobre a cama. Fernando não estava, nem Yasmin.
Me vesti, encontrei uma escova, penteei os cabelos e refiz a maquiagem. Quando estava pronta, em frente à janela, Fernando entrou. Estava vestido, sorriu ao me ver pronta.
-Vamos indo?
-Já?
-Sim, vamos.-Ele abriu a porta pra mim.-Estou pensando em passar em um restaurante. O que me diz?
-Ótimo. Estou faminta.
O segui até a porta principal, feliz por não ter ninguém no corredor. Ele mesmo pegou o paletó no armário e saímos. Cruzei os braços e sorri quando senti o frio na pele. Ele me envolveu em seu paletó e abriu a porta do carro pra mim.
-Você é surpreendente.-Falei quando ele entrou.
-Sou mesmo? Por quê?
-Eu não imaginava que você fosse tão liberal.
-Aí depende do que significa liberal para você.
-Transar com um homem, não é?
-Não. Eu não transei com um homem.-Ele riu enquanto saía do estacionamento.-Apesar de tudo, Yasmin é uma mulher. Não falo isso porque quero, ela se sente uma mulher, se transformou em uma mulher. Falta somente uma cirurgia, para ser uma mulher completa
-Entendo.-Sorri meio sem jeito.-Mesmo assim, ela não nasceu mulher.
-Você sabe o que dizem sobre o homossexualismo?-Ele segurou minha mão.-Não é uma doença, nasce com a pessoa. É uma coisa interior. Às vezes a pessoa nasce com um sexo e não se sente a vontade com aquele sexo. Que sejam felizes trocando hora.
-Sei.-Acariciei a barriga sorrindo.-Não é preconceito, mas espero que meu filho não resolva trocar também.
-Por quê?
-Sou louca para ter uma menina. E tenho tantos planos para infância e adolescência. Já pensou se ela resolve virar um menininho?
-Você tem cada uma.-Ele sorriu e acariciou minha barriga.-Seja o que for, será o seu orgulho.
Fernando e eu tínhamos uma sintonia legal. Apesar de não sermos o exemplo de amantes perfeitos, ele era um amigo e tanto. Com ele eu me abria sem problemas e sabia que podia contar. Diferente do meu marido.
Passamos em um restaurante despojado. Fernando teve uma idéia maravilhosa, pedimos para viagem e fomos pra minha casa. Jantamos juntos na sala, assistindo há um filme do Vin Diesel. Conversamos um pouco mais e não demorou, a campainha tocou. Devia ser a vizinha, ela tocava quando pegava minha correspondência. Devia ter chegado algo. Abri a porta e dei de cara com Ricardo. Desparafusei meu sorriso.
-Caramba, eu sou campeã de visitas inesperadas, só pode.-Encarei ele.-O que aconteceu com o “tempo”?
-Você saiu com ele?
-Ele quem?
-O Fernando.
-Alguém falou de mim?-Ele apareceu vindo da sala trazendo os pratos e copos. Estava só com a camiseta, sem sapatos.-Ora, o que ele ta fazendo aqui essa hora?
-Também queria saber.-Olhei para Ricardo.-Então, o que você quer?
-Não sabia que ele estava aqui. Vocês...
-Não é da sua conta.Falei irritada.-Acho que a loura oxigenada está esperando por você. Vai correndo pra lá, antes que o Fernando passe lá e coma ela também.
-Já comi.-Ele falou irritando Ricardo.-Era minha cliente.
-Aff.-Saí de frente da porta.-Vocês têm um péssimo gosto.
-Querida, é mulher. Sendo assim, eu como. Adoro mulher, de tudo que é jeito.
-Até mulher com surpresa.-Brinquei enquanto tirava a gargantilha e os brincos.-E você Ricardo, o que tem a ver com minha vida mesmo?
-Nada.-Ele falou olhando pra mim e para o Fernando.-Mas duvido que ele tenha sido melhor que eu.
-Hum, aí fica difícil.-Falei olhando pros dois.-Realmente, o desempenho do Fernando essa noite foi excelente. Mas ele teve ajuda. Agora... se quiser tirar a prova dos nove. A minha cama tem lugar pros dois.
-Você não está propondo isso.-Até Fernando se surpreendeu.-Quem é você? O que fez com a Julia?
-Essa pergunta você deve se fazer.-Falei enquanto ia para o quarto.-Decidam logo, não tenho a noite inteira. Daqui a pouco vai dar meia noite e a carruagem vai virar abóbora.
Fui pro quarto e comecei a arrancar a roupa com pressa, abri uma gaveta, tirei um conjunto cor de rosa de sutiã e uma cuequinha. Quando eles chegaram ao quarto, eu estava tirando o excesso de maquiagem.
-Então, decidiram?
-Você tem certeza disso?-Ricardo me perguntou.
-A idéia é excitante, você não acha? Se não quiser, pode dar meia volta. Acho que o Fernando faz o serviço por você numa boa.
-Faço sim. Com todo o prazer do mundo.-Ele deu um passo atrás.-Mas primeiro preciso usar o banheiro. Se vocês me dão licença.
Ele saiu nos dando espaço para conversarmos a sós. Ricardo ainda estava atônito. Entrou no quarto e me segurou pela cintura.
-Você tem certeza disso?
-Lembra que você disse que faria qualquer coisa pra eu voltar pra você?-Acariciei o rosto dele.-Então, se acha capaz de fazer isso?
-Não sei. Ver você com outro...
-Bom, de qualquer jeito eu vou transar com ele. Assim que você sair por aquela porta. Agora, se quiser ficar e participar.
-Depois disso você volta pra mim?
-Se você ainda tiver coragem, a gente conversa.
Fernando voltou e Ricardo estava me abraçando. Olhei pra ele e o chamei com os olhos. Logo eu estava sendo sanduichada pelos dois. Um me abraçava por trás e o outro pela frente. Fechei os olhos, adorando o contato de dois corpos se esfregando em mim. Ricardo segurou meu rosto, me beijou. Fernando soltou meu sutiã e desceu as mãos pelas minhas costas até meu traseiro, abaixando devagar minha calcinha.
Ricardo era horrível em dividir, parecia uma criança ciumenta. Fernando por sua vez, Nem ligava e continuava com as carícias.
Sentei na cama completamente nua, os dois se aproximaram e fui soltando as ferramentas de cada um. Comecei pelo Fernando, saquei aquele pau delicioso pra fora e comecei a acariciar com os lábios. Enquanto lambia ele inteiro, fui soltando o pau do Ricardo.
Estava louca pra ser penetrada pelos dois, será que eles topariam? E quem ficaria com o prêmio de trás? Huuumm com certeza o Fernando. Ele tinha jeito com tudo, não ia direto ao ponto. Seria o primeiro a me enrabar.
Larguei o pau do Fernando e comecei a me dedicar ao pau do Ricardo. Comecei chupando a cabeça e descendo a língua devagar pelo corpo até alcançar as bolas. Suguei devagar uma, lambi depois me dediquei a outra. Enquanto eu o sugava Fernando estava brincando com meus peitos e descendo caricias para minha boceta.
Eu ainda estava sob o efeito daquela bebida esquisita que me deram lá no “puteiro”. Joguei o Ricardo encima da cama e fiquei por cima o chupando, enquanto Fernando vestia uma camisinha e vinha me felicitar com aquela pica linda na boceta.
Delicia chupar um pau enquanto outro está fincado na boceta. É como se não estivesse faltando nada. Até o boquete fica mais bem feito. Abri bem a boca e ia descendo devagar, conforme Fernando arremetia, eu ia engolindo mais a pica do Ricardo. Quando dei por mim, estava enfiada até o talo, ele forçou um pouco mais pra dentro e eu tirei. Salivei demais, huumm que vontade de fazer de novo. Ela estava babadinha, chegava a rilhar. Enfiei denovo na boca. E logo estava engolindo ela inteira.
-Para porra, vou gozar.-Ricardo me segurou pelos cabelos.-Droga, aonde você aprendeu isso?
-Cala a sua boca e começa a meter.
Fernando saiu de dentro de mim e eu sentei na pica do Ricardo. Comecei a rebolar sentada no pau do Ricardo, enquanto Fernando me dava o pau pra chupar. Eu estava ali, chupando outro homem na frente do Ricardo. Ele teria que ser muito macho pra aceitar aquilo e me querer de volta.
Minha boceta engolia aquele pau com uma fome danada. Eu sentava de tudo que é jeito, rebolando, quicando, indo pra frente e pra trás. Testei várias opções aquela noite. Percebi que com o Ricardo eu podia testar e ser quem eu quisesse ser.
Entre as minhas descobertas, percebi a sensação estranha e a vontade de dar o cú. Isso é o mais sério, nunca havia sentido essa vontade. Claro, curiosidade sim, mas vontade mesmo... daquela de você virar pro cara e falar: Come meu rabo! Foi o que falei com o Fernando.
Quando Ricardo ouviu isso ficou louco. Eu nunca deixei ele entrar lá. Também, o desastrado nem teve jeitinho. Fernando ouviu isso e já começou no manuseio da ferramenta.
-Aonde você guardou aquele óleo?
-Na gaveta da cômoda.
-Vocês estão tão íntimos assim?
-Cala a boca e continua o trabalho.-Segurei o rosto do Ricardo e o beijei.-A brincadeira ta só começando.
Fernando começou a cutucar meu ânus com os dedos. Derramou um pouco de óleo enquanto massageava e tocava uma punheta. Eu sentava devagar no Ricardo, sentindo minha boceta mamando o pau dele. Sabia que ele não ia durar muito tempo. Era bom o Fernando começar logo se eu quisesse provar ainda aquela noite, o que era uma dupla penetração.
Não apressei as coisas, simplesmente desmontei do Ricardo e comecei a chupá-lo. Só que meu tesão era tão forte que eu sugava com a vontade de ser penetrada. Não demorou o Ricardo estava gozando na minha boca.
Fiquei frustrada, como sempre. Mas fazer o que? Engoli a porra dele todinha e comecei me concentrar só na pica que ainda estava dura, apontando pro meu rabo. Fernando colocou a cabeça da geba e quando passou no anel senti meu corpo gelar. Ele tirou devagar, derramou bastante óleo ali e foi penetrando devagar, metendo centímetro por centímetro.
-Ai caralho isso arde.-Falei paradinha.-Devagar, não assim ta bom, fode mais, não, para! Agora continua.
Eu sei, tava perdidinha. Mas é que o tesão me deixava assim, fora de mim. Ricardo levantou e saiu do quarto. Pensei que ele não tinha gostado da brincadeira. Não demorou ele voltou com um copo de whisky, encostou na porta e começou a observar seu maior rival comendo o cú virgem da sua esposa.
Melhor que isso só a sensação de ser rasgada. Doeu um bocado, gritei e pedi pra parar. Cheguei a ficar vermelha, pegando fogo e o Fernando tirou dali e começou a bombar na minha boceta.
Parecia que aquele homem lia meus pensamentos. Ele metia feito um animal agora. Eu gritei e apertei os lençóis com o máximo de força que pude. Chegava a sair do lugar. Joguei o traseiro contra a pica dele e lá vinha uma gozada incrível. Daquelas que faz a boceta tremer e as pernas bambearem. Fiquei mole. Alguma coisa me alertava que eu estava acabada.Mas eu queria os dois, ao mesmo tempo dentro de mim. Teria aquilo ainda aquela noite.
Fernando voltou a entrar no meu rabo devagar. Ricardo tirou as roupas, veio pra cama e me deu o pau meio mole pra chupar. Comecei lambendo as bolas, sugando devagar, subindo até o corpo do pau e indo pra cabeça. Fernando entrava cada vez mais e ia aumentando o ritmo. Comecei a estimular meu clitóris, estava bem durinho, chegava a estar sensível. E minha boceta de tão molhada, chegava a escorrer.
Fernando voltou pra minha boceta e me pôs deitada na cama, de pernas abertas, na posição denominada frango assado. Ele estava suado, fazia um esforço tremendo pra manter-se na ativa. Eu não queria que ele gozasse, ainda teria aqueles dois dentro de mim, era questão de honra. Ele começou a alternar entre a minha boceta e a portinha do cuzinho. Começou a foder lá e cá, lá e cá. Eu tava perdidinha. Me entreguei, só sentia e gozava. Já estava mole quando o Ricardo me apareceu com o pau em pé.
Já não era sem tempo. O joguei na cama e fui pra cima. Fernando sabia que era aquilo que eu queria. Esperou eu me arrumar, pra voltar a meter a pica no meu cu. E logo começaram as mordidas nos seios, os chupões no pescoço. Dois homens dentro de mim e como descrever? Era foda. Nem eu me reconhecia. Sentia os dois entrando alternadamente. E teve um momento que um deles parou de se mover e eu nem sabia quem. Tudo ficou apertado ali. Eu tava completamente preenchida. Levava tapas na bunda, sentia arder. Meus peitos estavam doloridos de tanto que eram amassados e chupados e mordidos.
Sei lá quanto tempo passou ali. Queria que o mundo acabasse, porque eu já nem sabia mais descrever o gozo e o prazer. Não joguei a toalha. Estava com a boceta ardendo e o cuzinho tadinho, chorava pedindo arrego. Mas continuava ali, mandando ver.
Fernando saiu de dentro de mim, tirou a camisinha e começou a punhetar o pau. Não demorou minha bunda estava coberta de sêmen. Saí de cima do Ricardo, ajoelhei no chão e comecei a mamar na pica dele. E lá veio outro banho de porra. Só esperava eu que aquela porra toda fizesse bem pra pele.
Levantei dali na minha, peguei o rumo do banheiro e fui me lavar. Os dois ficaram no quarto quietos. Quando voltei, já limpinha e cheirosa de novo, Fernando estava com o terno completamente posto e Ricardo estava com as calças fechadas, ainda sem camisa.
-Princesa, ta na minha hora.-Ele me puxou pela cintura.-Eu detesto comer e ir embora, mas daqui a três horas tenho que ir pra São Paulo.
-Tudo bem.-Falei acariciando o braço dele.-Você ta dispensado por hoje.
-Obrigado.-Ele me beijou e sorriu saindo pela porta.
-Fernando?-Ele se voltou pra mim.-Você está demitido.
-O que? Por quê?
-Não gosto de misturar negócios com prazer.
-E quanto ao prazer... continua?
-Quem sabe?-O acompanhei até a porta.-A próxima vez que vir a Yasmin, manda um beijo pra ela.
-Pode deixa.-Ele me beijou no rosto.-Até logo então.
-Até.-fechei a porta, apaguei a luz e fui pro quarto, Ricardo estava sentado na cama, ainda sem camisa.-E você, vai ficar aí?
-Você o dispensou porque não vai dar continuidade ao divórcio?
-Não é isso. Só não quero mais ajuda de ninguém, nem de você, nem da sua mãe, nem a dele. Vou contratar um advogado por conta própria.
-Você falou que iria voltar pra mim se eu topasse a brincadeira.
-Vem cá, você leu bem o que eu falei? Volta algumas páginas. Você disse que faria qualquer coisa, só pus a prova. Isso não quer dizer que eu vou voltar pra você agora.
-Droga Julia, você tem o que na cabeça?
-Muitos problemas Ricardo. Só estou querendo descansar um pouco.-Olhei pro relógio e sorri.-Uau, de meia noite há duas e meia. Até que não foi tão ruim. Estou acabada.
-Você entrou pra coleção dele.
-E ele pra minha.-Deixei a toalha cair e deitei na cama.-Tô acabada, apaga a luz?
-Posso ficar?
-Você não vai trabalhar amanhã cedo?
-Não, amanhã eu to no escritório as dez.
-Ah sei.-Suspirei relembrando o passado.-Hoje não tem nenhum cliente especial te esperando as sete da manhã.-Ele continuou calado.-Entende porque não dá pra dizer sim?
-Entendo.-Ele se aproximou de mim.-Mas eu te amo e isso não vai mudar. E agora, mais do que nunca, quero você de volta.
-Hum, ciúme dói né?-Ele deitou ao meu lado e me abraçou.-Tira essa calça, vai que eu fico com vontade de novo.
Porque a proposta que ele me fez depois do sexo, foi indecente.
-Como é? Você quer que eu vá pra lá cozinhar?
-Não é bem isso.-Ele riu.-Só falei que to com vontade de comer aquela salada de maionese que você fazia.
-E a empregada que você contratou? Pede pra ela. Eu detesto cozinhar.
-Vai amor, é só uma salada.-Ele me beijou no ombro.-É meu aniversário, não vai me dar de presente?
-Uma salada?-Suspirei.-Você não prefere um relógio?
-Não.-Ele me beijou e caímos na cama.-Você vai, não é mesmo?
-Não sei, seus amigos vão estar lá. Eles jogam piadinhas o tempo todo. Não to a fim de esquentar a cabeça.
-Do jeito que você está mal criada, duvido que ouça alguma piadinha.-Ele beijou minha barriga.-E esse garotão, não vai mexer agora? Só dorme quando estou por perto?
-Para de falar que é um menino. Se for uma menina, ela vai ficar danada com você.
-Mas é menino.-Ele sorriu.-Quer apostar?
-Ta apostado.
E lá fui eu pra cozinha no sábado de manhã, fazer a tal salada para o Ricardo. Quando cheguei na casa dele, a cozinha estava uma bagunça. A empregada era super mal educada, do tipo que toma conta da cozinha e se acha dona da casa.
Quando me viu com a salada, quase me bateu. Fui pra área de lazer, fiquei na minha ouvindo música. Até peguei o lap-top do Ricardo emprestado, mas não estava com ânimo pra trabalhar aquela manhã. Alguma coisa estava me incomodando muito.
Além da salada de maionese eu tinha outra surpresa para o Ricardo. E quando ele se aproximou pensei em contar, mas ele me deu uma caixinha. Abri e estranhei. Era um conjunto de ouro. Dois corações entrelaçados no cordão, na pulseira e nos brincos. Mordi o lábio, olhei pra ele. Culpa. Presente sem motivo cheirava a culpa.
-O que você aprontou?-Perguntei respirando fundo.
-Nada.-Ele deu de ombros.-Só achei que você fosse gostar.
-Gostei sim, só que está atrasado. Devia ter me dado isso há nove meses atrás, antes de nos separarmos.
-Eu sei.-Ele sorriu.-Se você voltar pra casa, posso me redimir e te dar um rio de jóias.
-Vai tomar o que deu a sua amante?-Fechei a caixinha.-Por que você não tá com essa bola toda.
-Ta bom, deixa pra lá.-Ele levantou.-Coloca um biquíni e vem pra piscina comigo, antes que todo mundo chegue.
Fui pra piscina com ele, percebi todas as intenções que ele tinha e até cedi a algumas. Beijos aqui, mãos ali e começaram a chegar os convidados. Saí da piscina e fui com Ricardo recepcionar os convidados.
Algumas esposas foram junto. Ficamos trocando figurinhas até a hora do almoço. Pela primeira vez me diverti em alguma festa em casa. Falei sem medo sobre meu trabalho, sobre a gravidez e até sobre o divórcio.
-Você está tão simpática Julia. O que deu em você?-Perguntou um dos amigos do Ricardo, o motivo por eu não gostar de festa em casa.
-Eu era casada com o Ricardo. Que motivos eu tinha para ser simpática e sorrir?-Tomei um gole de água desparafusando o sorriso.-E sua mulher aonde está? De mal humor em casa?
-Podia ter dormido sem essa.-A mulher de um dos caras falou.-Então Julia, é menino ou menina? Vai contar logo ou continua com o suspense?
-Você já sabe?-Ricardo perguntou sério.
-Desde ontem.-Abri a bolsa e dei a ele um exame.-Aqui está.
-Eu lá entendo alguma coisa dessas figuras?-Ele riu.-Isso aqui é o pintinho dele?
-Não, é o braço.-Peguei um par de sapatos cor de rosa e dei a ele.-Isso aqui você entende não é?
-Caramba, é uma menina mesmo?-Ele sorriu acariciando minha barriga.-Desculpa bebê, não foi minha intenção te ofender. Olha, ela ta chutando.
-Acho que ela já te perdoou.
-É mais compreensiva do que a mãe.
Fiquei na festa até uma hora da tarde, quando uma convidada inesperada chegou. Usando um maiô branco cavado, mostrando os peitos siliconados, e os furinhos da lipoaspiração, veio aquela mulher se requebrando de dentro de casa.
-Olá querido, surpresa.-Ela deu uma caixa nas mãos do Ricardo.-Não sabia que a festa era na piscina, tomei a liberdade de ir lá encima e pegar o maiô que deixei aqui semana passada. Tudo bem, não é?
-Entendeu o motivo do meu mau humor?-Virei pra ele e fechei a cara.-Bom, acho que agora não temos a necessidade da minha presença. Vou indo cuidar da minha vida. Boa festa pra vocês.
-Não Julia.-Ricardo levantou e veio atrás.-Espera, ela não devia estar aqui. Eu não convidei.
-Maiô que deixou aqui na semana passada?-Olhei bem pra cara dele.-Até quando vai ficar nessa? Ta na cara que o seu tipo é aquela mulher vulgar, toda artificial.
-Não é nada disso. É mentira dela, ela nunca veio aqui... E é claro que você é o meu tipo.
-Sou sim, o tipo de esposa que faz salada. Ela é o tipo de mulher que ganha jóias, janta em lugares caros, passa noite nos melhores hotéis. Pensei que pudesse te dar outra chance Ricardo, mas sempre que volto no tempo e me sinto como um lixo, penso que a culpa é sua e não tem pra que continuarmos.
Me afastei do Ricardo mais uma vez. Não sei se era mágoa, ou sexto sentido. Mas algo dentro de mim me impedia de continuar ao lado dele. Eu não conseguia mais confiar. E sabia que se voltasse, iria viver uma vida de incerteza.
Deixei o tempo passar. Continuávamos nos vendo, não dormíamos mais juntos, ele resolveu financiar uma casa pra mim e para nossa filha. Estava tudo indo razoavelmente bem.
Fernando continuou sendo meu advogado, apesar de eu não estar mais preocupada com o divórcio. E ele se mostrou bastante eficiente, quando me trouxe duas notícias uma certa manhã de sábado.
-Aqui está, a escritura da sua casa.-Ele jogou encima da mesa.
-Que casa? Ricardo mandou isso?
-Não, essa é a casa que seus pais deixaram pra você.
-Como assim casa? Meus pais não tinham nada.
-Tinha sim, uma casa que foi deixada pra você. E não é nada pequena. Também tem uma poupança com uma merreca que eles juntavam na esperança de garantir o seu futuro.
-Como eu não soube de nada disso?
-Talvez porque sua tia te roubou esses anos todos. Só não conseguiu vender a propriedade porque precisava da sua assinatura. E o dinheiro também ficou intocado, esperando pro você.
-Como você ficou sabendo disso tudo?-Peguei as fotos e a escritura da casa.
-Sou curioso. E no meu tempo livre, gosto de bancar o detetive. Queria saber como estava sua tia, procurei e descobri que ela morreu há alguns meses de câncer. E que a casa está abandonada.
-Nossa.-Respirei fundo analisando tudo aquilo.-É muita informação.
-Ainda tem mais.-Ele abriu o notebook e entrou em uma página da internet.-Não sou corretor, mas encontrei essa loja aqui muito bem localizada. Tem um depósito grande, que dá pra montar um pequeno ateliê. E o melhor, está a venda.
-E você por acaso é contador também? Não sei se minhas finanças agüentam, está salgado esse preço.
-Claro que agüentam. Se você se apertar e investir tempo e dinheiro. E claro, você pode cortar a despesa desse apartamento e se mudar para sua casa.
-Não, é muito interior. Não vale a pena. Ainda mais agora, com a Lu e tudo o mais.
-Lu?-Ele olhou pra minha barriga.-Já escolheu o nome dela?
-Sim, vai ser Luiza. Em homenagem há uma amiga.
-Legal. Agora não precisa ficar chamando ela de bebê.
-É. Mas vou falar uma coisa, você é muito eficiente. Acho que vai querer um aumento.
-Não precisa.-Ele aproximou o rosto do meu.-Prefiro ser pago de outra forma.
-É uma tentação Fernando.-O empurrei e levantei, fui direto pra cozinha.-Mas não ando muito bem. Não to com cabeça pra esse tipo de brincadeira.
-Não vai me dizer que é aquele idiota de novo.
-Não, por mais incrível que pareça, meu mundo não gira em torno do Ricardo.E depois daquela festa, já desencanei. Levar três porradas da mesma mão, deixa você esperto.
-Ju, você sabe que detesto o Ricardo e por mim ele pode se explodir, mas verdade seja dita. Aquilo lá foi uma armação muito desesperada daquela mulher. Pra mim, mulher que age assim, é porque tá sem saída.
-Sem saída ou não, não quero ser obrigada a passar por isso. E qualquer dia eu arrebento a cara dela. Estou evitando pela Luiza.
-Está certo. Então, o que me acha de tirarmos o dia pra visitar? Podemos ir a loja que é mais próximo. E depois ir a casa. O que acha?
-Não tenho nada pra fazer hoje. Então, acho que podemos sim.
-Certo. Então se arruma, eu ainda tenho que ir em casa trocar de roupas. Quando eu voltar, esteja pronta.
-Certo. Eu não demoro.
Notícias boas essas que o Fernando me deu. E apesar de tudo ter ido mal no começo, estava se acertando agora. Eu me sentia outra pessoa, acho que dava pra perceber a mudança em mim. Alguém a mais percebeu e passou a me ver com outros olhos.
-Então, como está minha afilhada?-Marcus colocou a mão na minha barriga e ficou esperando um chute.-Está com preguiça hoje?
-Parou de mexer depois do almoço. É sempre assim. Daqui a pouco ela acorda de novo.
-E você tem conversado com ela?
-Bastante. Principalmente na hora de dormir. A gente discute por um bom tempo.
-Normal.-Ele parou me olhando de uma forma que me deixou constrangida.-E como vão as coisas com o Ricardo?
-Não vão mais. Ele parou de dar encima, parei de ceder. Estamos nos conformando com o divórcio, eu acho.
-Um dia aparece alguém legal.
-Por falar em alguém legal. E aquela sua noiva, a Fabiana?
-Terminamos há quase um ano. Pouco antes de você se separar do Ricardo.
-Pro que? Você andou pulando a cerca?
-Não, eu nunca fiz isso. Lido com famílias diariamente, sei o quanto um pouco de diálogo faz falta. Meu problema com ela foi o trabalho. Ela foi trabalhar em Nova Yorque. Eu fiquei aqui, resolvemos terminar.
-Ah que chato.-Entreguei uns papéis a ele.-O que acha de sairmos pra beber algum dia?
-Você está grávida.
-Não digo bebida alcoólica. Sabe o que é? Tenho uma amiga muito legal, ela é personal styling. Estamos há alguns meses sem sairmos juntas. Gostaria de apresentar vocês dois.
-Mulher não tem jeito. Mal fica sabendo de um rompimento e já quer bancar o cupido.
-Você não precisa casar com ela. Sair pra beber, jogar conversa fora, dar uns amassos. Isso você sabe fazer né?
-Sei. Quer que eu te mostre?
-Quando é sua próxima noite de folga?
-Amanhã.
-Ótimo, vou falar com ela. E pra não ficar sobrando vou levar o Fernando comigo.-Indiquei o exame.-Então, está tudo bem?
-Claro. Temos que marcar sua cesariana.
-Não quero isso. Pensei que estivesse tudo bem.
-Está sim, mas com sua pressão aumentando, não é confiável o parto normal. Nem você vai querer, dói muito.
-Marcus, Cesariana não. Há menos que no meio do trabalho de parto a coisa se complique muito. Fora isso, você vai ter que agüentar meus gritos.
-Tudo bem, Mas você vai ter que repousar e descansar mais.
-Você manda. Já posso ir? Tenho que ligar pra minha turma.
E lá fui eu bancar o cupido pra pessoa errada. Confirmei com os três e na noite seguinte, estávamos nos encontrando em um bar muito bagunçado. Conversamos bastante, mas graças ao meu estado não pude dançar. Fiquei algum tempo na mesa sozinha, até que Marcus voltou e sentou ao meu lado.
-Uai, não tava dançando?
-Não, só fui ao banheiro. Tá uma fila terrível.-Ele chamou o garçom.-Sua amiga, cadê?
-Tá dançando com o Fernando.-Mostrei os dois na pista rebolando juntos.-Acho que não vingou né?
-Quem pode contra o charme do Fernando?-Ele pediu uma bebida e se voltou pra mim.-Depois que a Luiza nascer, como você pretende tocar sua vida?
-Do jeito que venho tocando até hoje. Me equilibrando como posso. Tentando fazer sair dinheiro da torneira da cozinha, trabalhando pra um cara mal humorado. Essas coisas.
-E quanto a relacionamento?
-Não estou preocupada com isso.-Peguei meu copo e comecei a brincar com ele.-Por que você não se casou ainda? Apesar da sua noiva ter ido embora. Acho que se houvesse amor, haveria uma saída.
-Não havia amor, só sexo e compromisso. Acabou o sexo, acabou o compromisso.-Ele sorriu.-E não me casei porque estive estudando e criando meu pé de meia. Também porque cresci no meio de uma família maluca. No final das contas, peguei aversão a casamento.
-Acho que sei como você se sente. Apesar de que no pouco que me lembro dos meus pais, eles se amavam.
-Sorte a sua. Sabe, você me parece o tipo de mulher perfeita pro casamento. Carinhosa, lutadora, gentil.
-Sou a mulher perfeita pra usar o vestido de noiva.-Suspirei.-Mas infelizmente, não sou o tipo de mulher que meche com a cabeça dos homens.
-Como não? Você está grávida e está mais gostosa do que nunca.
-Uma gostosa que ninguém come...-Murmurei.-Melhor mudar o rumo da conversa certo? Você bebeu e já está a ponto de cantar uma mulher grávida.
-Desculpe.-Ele sorriu sem jeito.-Não percebi que estava incomodando.
-Sabe?-Olhei pro relógio e depois pros dois na pista de dança.-Vou indo, está tarde.
-Eu te levo. Você veio com o Fernando e pelo visto, ele não vai terminar a noite antes de arrancar a calcinha da sua amiga.
-Só se você me der as chaves do carro.-Ergui a mão e meu sorriso esfriou logo que vi uma pessoa atrás dele.-Ai não, essa mulher só pode estar de zoação com a minha cara.
-Quem é?-Ele se virou e viu a mulher se aproximando de nós.-É ela?
-É.-Tentei ignorá-la, mas ela parou bem a nossa frente.-Pois não?
-Não imaginei que iria encontrá-la aqui essa noite, ainda mais, tão bem acompanhada. O Ricardo precisa saber disso. Cheio de peso na consciência porque você está fazendo manha.
-Minha querida, você veio aqui só pra me provocar? Que tipo de mulher é você?
-O tipo que te deixou sem marido, sua idiota.-Ela abaixou o rosto e aproximou de mim.-E quando esse pivete nascer, que ele souber que não é o pai, acabou pra você. Nem pensão, nem casa, nem indenização nem o caramba a quatro...
No minuto seguinte a cara dela estava sendo esfregada na mesa. Quem aquela piranha oxigenada era pra falar do meu bebê? Sabe aquele momento que a fúria vem de dentro e te dá força? Pois aconteceu comigo. Agarrei o cabelo dela e fui batendo a cabeça dela na mesa. Só soltei quando o Marcus me segurou. O Fernando agarrou a mulher, a Letícia se pôs entre nós. Todo mundo ficou olhando.
-Essa louca me atacou.-Ela gritava tentando se soltar.-Tirem ela daqui.
-O que aconteceu aqui? Você está bem?-A Letícia se aproximou de mim.
-Essa vaca veio me provocar. Ainda bati pouco. Me solta Marcus, vou arrebentar o dente que sobrou.
-Não, você fica quietinha. Não vale a pena.
-Eu vou te processar.-Ela gritou.-Isso não vai ficar assim.
-Amiga, deixa essa comigo.-Letícia se afastou e Fernando saiu puxando a mulher porta a fora.
-Vamos embora?-Marcus pagou a conta e me ajudou a levantar.-Você está tremendo, melhor te dar um calmante.
-Droga, eu ainda não bati o tanto que eu queria.
-Nem vai. Você não pode se exceder.-Ele me levou para o estacionamento e ouvi uma gritaria por lá, quando nos aproximamos, Letícia estava encima da tal, enchendo a cara dela de porrada.-Mas que merda é essa? Você não faz nada?
-Eu? Por quê? Foi ela que procurou.-Fernando encostou em um carro e sorriu.-Deixa ela se divertir.
-Letícia, para com isso.-Marcus tirou ela de cima da outra.-Vamos embora, antes que alguém chame a polícia.
-Acho que agora ela aprendeu a lição.-Letícia se aproximou segurando a mão.-Como você está? E o bebê?
-Estamos bem. Obrigada.-Saímos dali andando até os carros.-Você fez um bom trabalho. E agora, vai pra casa com o Fernando?
-Vou.
-Mas não era ele que eu queria te apresentar.
-Ah amiga, sinto muito, mas o interesse do médico é em você.
-Em mim? Ta doida?
-Não. Você viu como ele te olha? Ta doidinho pra brincar de papai e mamãe com você.
-Para.-Cruzei os braços e fiquei séria.-Não tem nada de mais.
-Não tem? Ah sei.-Ela sorriu.-Bom, amanhã te devolvo o Fernando quase inteiro. Vou tirar uns pedaços essa noite, tudo bem?
-Bom apetite.-Falei enquanto ia pro carro do Marcus.-Obrigada pela ajuda.
-Disponha.
Saímos para lados opostos. Fui para casa com o Marcus. Dali ele seguiria sozinho pra casa. Quando chegamos, eu estava mais relaxada, olhei pra ele, estava quieto o caminho todo. Quando pensei em me despedir, ele segurou minha nuca, se aproximou e me beijou. No primeiro beijo me senti estranha, pega de surpresa. Nos afastamos alguns instantes, respirei fundo e quando pensei em falar algo, ele me beijou de novo. Dessa vez foi um beijo mais esperado. Não sei como, mas me descobri saboreando os lábios dele com entrega. E aqueles lábios sabiam me deixar à vontade e segura. Me senti em casa naquele abraço. Quando colamos o corpo um ao outro, lembrei da minha situação e me afastei.
-Isso não devia ter acontecido.
-Devia sim. Devia ter acontecido há muito tempo. Eu que não tinha coragem e nem sabia como.
-Olha, eu não vou te convidar pra subir e muito menos vou ser sua diversão. Não estou procurando sexo e nem quero um rolo. Você viu o que acabou de acontecer? Acha que tenho poucos problemas?
E ele me beijou de novo. Estávamos ouvindo Ana Carolina, e aquela música foi a única coisa que me manteve nesse mundo, enquanto eu experimentava aquele beijo cheio de carícias. Delicioso o beijo, a forma como ele acariciava meus cabelos. E o fato de todo o tempo a mão dele ter ficado na parte de cima também contou.
Mas no final das contas a Luiza estava acordada e não gostou muito da posição, começou a se mexer.
-É melhor eu subir, ela está incomodada.
-Ela ou você?-Ele tocou minha barriga e sorriu.-Acho que ela gosta disso.
-Ela não gosta nada.-Peguei minha bolsa e suspirei.-Foi bom, mas não devia ter acontecido.
-Eu sei.-Ele abriu a porta do lado dele e me encontrou fora do carro.-Apesar de tudo, sou seu médico. Devia ter me segurado.
-Acho melhor mudar de médico.
-Não se atreva. Isso seria uma traição.-Ele me puxou para um abraço, quase pedi pra não me soltar, mas fiquei quietinha na minha.-Desculpe, eu não vou mais abusar de você.
Disse boa noite e subi. Mas estava curiosa com o tal “apesar de tudo” que ele disse. Apesar de que? Bom, seja o que for agora a coisa complicou. Ele era meu médico. Com que cara eu iria deixá-lo me “examinar” agora?
Talvez se tivesse o deixado subir e prolongasse um pouco mais a noite... não. Melhor deixar isso pra lá. Fui dormir sozinha, porque já estava bem de homens problemáticos na minha vida.
No outro dia havia ligações perdidas do Marcus no meu celular. Não retornei, preferi não mexer no vespeiro. Não demorou e ele ligou de novo, pediu desculpas pelo “impulso” mais uma vez e pediu para que eu não deixasse de me consultar com ele. Deixei tudo como estava, se ele tinha interesse, voltaria a me procurar. Se não, era menos uma pedra no meu caminho.
E logo pela manhã recebi uma ligação animada do Fernando.
-Quem é o advogado que mais te paparica?
-Além do Ricardo?-Abri a geladeira procurando algo que não sabia o que.-Fala, o que você aprontou?
-Sabe o que é? Me senti em dívida com você. Acabei passando a noite na delegacia.
-Fazendo o que?
-Dei queixa da meliante. Achei que era boa hora pra se aproveitar. E graças a mim, ela não pode cruzar nem há quinze metros de você. Tentei conseguir uma distância maior, mas pro começo está bom.
-Jura? Mas... e agora?
-Agora você precisa vir na delegacia dar sua versão.
-Fernando você não existe. E a Letícia?
-Marcamos pra essa noite. Ela entendeu. Então, você vem?
-Claro, vou me arrumar. Manda o endereço por torpedo que daqui há vinte minutos chego aí.
Fernando não existia mesmo. E Ricardo quando ficou sabendo me ligou para pedir desculpas mais uma vez. Enfim, estava tudo voltando a funcionar corretamente.
Três meses depois, eu já estava de licença no trabalho, com quase nove meses e esperando pelo momento mágico e dolorido do nascimento da minha filha. Com mais tempo livre, me inscrevi em um curso de corte e costura, só pra não ter que mandar alguém fazer cada desenho novo. A casa antiga estava em reforma para ser vendida. Ricardo havia encontrado uma casa em um condomínio próximo ao que ele vivia, mas não havia me convencido ainda a me mudar.
Outro lugar próximo ao condomínio, era a loja que eu estava pensando em alugar. Fernando me colocou em contato com um corretor e me acompanhou até uma visita. Adorei a loja de primeira, por ser bem localizada e principalmente pelo espaço que havia nos fundos. Dava para montar uma mini-fábrica ali.
Só achei muito grande pra alguém que estava começando. Antes de dar a palavra final, resolvi avaliar minhas possibilidades. Porque eu precisava ter produtos o suficiente para vender e pagar as contas.
Saindo da loja resolvi ir ao condomínio. Ricardo estava me esperando, quando cheguei havia um carro estacionado em frente. Entrei com minhas chaves antigas, fui direto a sala e lá estava aquele raio daquela mulher de novo.
-Só pode ser brincadeira.-Olhei em volta e Ricardo vinha do escritório. A cara estava suja de batom vermelho, os cabelos desgrenhados.-Mas de novo?
-Você já chegou?-Ele vinha com um papel nas mãos e parou no meio do caminho.-Não está acontecendo nada aqui. Antes que você fique nervosa, eu explico.
-Não tem por que dar explicações há essa aí. Vocês não estão separados?
-Toma isso aqui.-Ele deu o papel nas mãos dela.-Assina e some.
-O que está acontecendo?
-Estou pagando pra ela te deixar em paz.-Ele tirou um lenço do bolso e limpou o rosto.-E ela vai assinar um documento aonde se responsabiliza por qualquer coisa que vier a acontecer daqui pra frente.
-Bem feito.-Ri da situação.-Isso que dá se envolver com qualquer uma.
-Agora me diga, como foi a visita à loja?
-Puxada. Estou morta. Vim da clínica e passei por lá com o Fernando.-Ele fechou a cara e se voltou pra outra.-Mas não vou poder sair hoje. Estou achando que está chegando à hora. Prefiro não abusar.
-Está certo.-Ele pegou o documento e conferiu a assinatura com a identidade.-Perfeito. Pode ir.
A mulher saiu de cara feia e eu fui sentar na poltrona.
-Então, como vão as coisas entre você e o Fernando?
-Não vão. Na verdade, não tem por que ir. Foi só aquela noite. Bem... não te devo explicações mesmo. Só vim aqui pra explicar que... deixa pra lá.
-Vamos jantar fora?-Ele perguntou rindo.-Podemos ir em algum lugar próximo e depois te deixo em casa.
-Não, sinto muito, mas to um pouco cansada.
-Ah então podemos jantar aqui.
-Eu tenho tanto que fazer em casa.-Olhei para o relógio.-Estou com trabalho acumulado. E amanhã cedo vou fazer um último exame.
-Está quase na hora não é?-Ele acariciou minha barriga e sorriu.-Não vejo a hora.
-Estou em pânico. Tenho um medo tão grande da tal dor.-Tirei a mão dele de cima da minha barriga e sorri.-Agora tenho que ir. Vou estar na clínica oito horas, se quiser, aparece por lá.
-Tudo bem então.-Ele me puxou para o abraço.-Espero que agora as coisas fiquem melhores entre nós dois.
-Podem até ficar, mas isso não quer dizer que iremos voltar. Não estou preparada pra isso e nem sei se quero.
-Quando a Lu nascer, você vai mudar de idéia.-Ele me beijou e sorriu.-Aí seremos uma família.
-Mas somos uma família. Você é meu ex marido e pai da Lu. Isso também é parentesco.-Me afastei dele.-Agora vou indo. Aproveitar e passar em algum restaurante e pedir comida pra viagem.
-Posso ir com você então?
-Por que essa insistência toda?
-Não sei. Mau pressentimento, vontade de ficar perto de você. Acho que é a ansiedade pelo nascimento da Lu.
-Então se controla. Preciso trabalhar e você vai me atrapalhar. Amanhã deixo você me levar pra almoçar, hoje não tenho mais tempo.
Saí com as chaves na mão. Ele ficou olhando da porta, depois que saí do condomínio, ele entrou de novo.
Pra mim estava tudo bem, liguei o ar-condicionado fraquinho, o rádio baixinho e fui seguindo pela orla. Estranhei foi quando vi um carro prata atrás do meu. E cada movimento que eu fazia, o outro carro fazia. Cortei três carros só pra testar e percebi que estava sendo seguida. Mas quem seria?
Resolvi tentar despistar, virei em uma rua e comecei a cortar ruas. O carro permanecia atrás de mim. Saí em uma rodovia movimentada, acelerei e me preocupei quando o outro carro acelerou a ponto de encostar atrás de mim.
Peguei o celular e liguei para o Ricardo. Caiu na caixa de mensagem. Liguei pra casa e estava dando ocupado. Então liguei para o Fernando.
-Preciso de ajuda.-Falei tentando relaxar.
-O que houve? É o bebê?
-Não, tem um carro na minha cola, começou a esbarrar em mim. Estou me aproximando do seu condomínio. Você está em casa?
-Sim, acabei de chegar. Vou descer, te espero na garagem, entra direto.
-Ta, eu vou tentar.
O carro atrás de mim começou a me empurrar. Me assustei a ponto de perder a direção. Se continuasse daquele jeito eu bateria em algum carro na contra-mão.
Pra meu desespero, o carro avançou um pouco e emparelhou comigo. O vidro baixou e a oxigenada apareceu do outro lado.
-Você é louca? Vou chamar a policia.-Falei irritada, tentando não demonstrar o medo.
-Vou tirar você do caminho de uma vez por todas.
Ela jogou o carro contra o meu, meu carro avançou para o outro lado da rua, aproveitei pra entrar na rua do condomínio do Fernando. Ela veio atrás me empurrando, quando pensei em fazer uma curva, o carro dela avançou contra o meu e eu perdi a direção, acabei rodando. Controlei o carro pouco antes de bater em uma grade, acelerei e saí dali. Tentei voltar pra pista, vi o caro do Fernando sair do condomínio atrás do carro da louca. Respirei aliviada pensando que estava salva. Bati de frente com um caro da polícia. O air-bag disparou e senti o impacto de outro carro entrando na traseira do meu.
Senti uma dor terrível e desmaiei.
Cinco Anos Depois...
-Espera, aonde você pensa que vai? Não sabe que o noivo tem que entrar com a noiva no colo?-Olhei pra ele espantada.-O que foi? Eu sou romântico uai.
-Você está sempre me surpreendendo.-O deixei que me pegasse no colo e levasse direto para o quarto do hotel.-E agora ? Qual é a tradição?
-Tirar a roupa e consumar o casamento.-Ele me puxou pela cintura e sorriu.-Agora que finalmente consegui você, não vou perder tempo.
Espera aí que vou explicar...
Depois do acidente e de quase morrer quando uma ferragem do carro cortou meu pulso, fiquei internada e por pouco não perdi minha filha. A louca oxigenada foi presa, graças a Deus e ao Fernando. E no outro dia, quando eu estava no quarto do hospital com minha filha nos braços, sendo examinada pelo Marcus, Ricardo entrou com cara de preocupação.
-Ainda bem que vocês estão bem.-Ele veio me abraçar e eu fique quieta.-Fiquei louco quando soube. Mas agora tudo vai ficar bem.
-Realmente vai ficar bem. Porque definitivamente não quero mais nada com você.
-Como é? Julia, isso é loucura. Eu não tive nada com esse acidente.
-Não teve? E por um acaso quem teve um caso com aquela mulher? Quem foi que deixou aquela mulher entrar em nossas vidas e estragou tudo?
-Foi uma inconseqüência.
-Uma inconseqüência que quase custou a minha vida e a vida da Luiza.-Marcus tirou o bebê dos meu braços e levou para o berço.-Por acaso a sua ficha já caiu? Por uma coisa estúpida nós quase morremos. É isso que você acha que eu quero pro meu futuro? Ser eternamente perseguida pelas suas amantes? Sinto muito Ricardo, mas não vou mais ficar com você. E vamos resolver diante do juiz seus dias de visita. Isso se você quiser assumir, se não quiser...
-Eu assumo.-Marcus falou sorrindo.-Com o maior prazer. Estou apaixonado, dá ela pra mim?
-Você só pode estar de brincadeira.-Ricardo ficou alguns instantes descontrolado e suspirou.-Eu juro Julia, que nunca mais vai acontece.
-Você jurou amar e respeitar diante de um padre e não cumpriu. Por que eu acreditaria agora?
-Eu aprendi minha lição.
-E eu aprendi a minha.-Suspire voltando a realidade.-Também tive culpa. Eu deixei você controlar minha vida, deixei que manipulasse minhas ações. E agora não posso fazer nada, tudo está feito, não podemos apagar o passado. Vamos seguir em frente, cada um pro seu lado.
-Eu não posso ficar sem você Julia.-Ele ajoelhou no chão e segurou minha mão.-Você não entende. Sou eu que dependo de você. Eu quero você ao meu lado.
-Não podemos ter tudo que queremos.-Puxei a mão.-Eu queria você e não tive. Agora não quero mais.
-Tudo bem, você venceu.-Ele levantou e respirou fundo.-Posso pegar minha filha agora?
-Pode. E aproveita antes que ela o troque por outro pai.
Falei pra provocar claro, mas não sabia o poder que minhas palavras tinham naquele momento.
Saí do hospital, toquei minha vida e não demorou recebi uma indenização polpuda da louca. Aí sim dei uma guinada pro lado certo da vida.
Comecei a namorar o Fernando. Bem, namorar não, tivemos um caso alguns meses depois que a Luiza nasceu. Ficamos um bom tempo juntos, na verdade, aprendi muita coisa nesse meio tempo. E foi bom, na verdade foi muito bom. Ele me ajudou a crescer interiormente. Abri meus olhos pra muitas oportunidades da vida. Fizemos loucuras a beça.
Pulamos de Bungie-Jump, eu tenho pavor de altura. Ele é do tipo esportista. Me levou em vários lugares, maratonas, corridas, disputas e o caramba a quatro. Até torneio de boxe eu assisti com ele.
Mas como tudo que é bom dura pouco, ele me deixou apaixonada pelo surf, acabei dedicando minhas horas vagas ao primeiro de muitos esportes no qual me identifiquei. Fomos nos afastando aos poucos e depois de cinco meses de relacionamento, terminamos.
Mas Foi bom enquanto durou. Na verdade foi ótimo. Hoje somos grandes amigos.
E hoje minha filha tem cinco anos, está bem crescida e entende no limite do possível, que os pais não estejam mais juntos. E o melhor, aceitou numa boa quando soube que eu ia me casar de novo.
Na verdade, desde pequena ela sempre se amarrou no tio Marcus. E sempre o viu comigo, ele estava nas festas, vinha nos visitar nos finais de semana. A paparicava. Depois descobri que aquela paixão toda por ela, era porque ele era estéril.
Não demorou e me apaixonei por ele. Mas, apesar de tudo, eu ainda estava escaldada. E demorei pra assumir e retribuir as indiretas dele.
Quem não aceitou mesmo foi minha nova sogra. A mulher era o completo oposto da Débora (que se revelara uma ótima avó) De longe Ângela não gostou de mim. Na verdade o problema era eu já ter sido casada e ter uma filha. Mas nem tudo dá pra ser perfeito né?
Enfim, hoje é a nossa noite de núpcias. E acreditem, nossa primeira vez. Tadinho, esperou um bom tempo, nada melhor do que fazer um belo agrado não?
Fui ao banheiro prometendo não demorar. Tirei toda roupa e voltei ao quarto com um robe transparente vermelho. Sem nada por baixo. Somente a nova tatuagem com o nome da Lu.
-Nossa mãe, cadê o branco?
-Chega de tradições.-Me aproximei dele e o empurrei pra cama.-O que, não gostou da surpresa?
-Adorei.-Ele veio com as mãos sobre meu corpo e o afastei.
-Quieto. Está com pressa de que?
-Ainda pergunta? To esperando muito.
-Só você?-O puxei pela gravata e o beijei.-Não estamos com pressa, estamos?
-Na verdade sim.
O puxei para a varanda, havia uma hidro cheinha e borbulhando, esperando por nós. Em volta havia vários prédios com luzes coloridas e dava para ouvir o ritmo da noite agitada do nosso andar.
Quando paramos há beira da grade, ele me puxou pra perto . As luzes refletiam dentro dos olhos dele, pareciam azuis. Quando os lábios desceram para os meus, eu já estava sem fôlego. Toda confiança e habilidade escorrendo entre meus dedos, vítimas do desejo.
Os beijos dele desceram para meu pescoço, a mão escorregou pela minha cintura, subindo e descendo, me puxando para colar o corpo ao meu, subindo pelas minhas costas. Senti um arrepio, meus mamilos ficaram rijos. Eu já não pensava, era sexo, eu queria estar preenchida por ele, queria gozar sentindo o pau dele dentro de mim, atacando o mais fundo que fosse.
Os lábios desceram para os meus mamilos, debrucei na grade, me oferecendo para ele. Aquelas mãos eram hábeis, me provocavam sensações quentes. Estremeci quando ele sugou um pouco mais forte e desceu os dedos para o meio das minhas pernas, penetrando devagar, em meio aquele lamaçal de prazer que escorria de mim. Ele parou devagar, a respiração mais pesada, começou a afrouxar a gravata, abriu os punhos da camisa e o colarinho. O vi se despindo e me senti pegando fogo.
Era lindo estar ali, aquele homem estava se despindo para me amar, para realizar mais um dos meus sonhos. Fazer amor na sacada do hotel.
Quando terminou, ele se aproximou de mim e sem falar uma palavra, ergueu minha perna e se atochou dentro de mim de uma vez. Fiquei meio surpresa de primeira, as coisas sendo feitas daquela forma me traziam lembranças do passado. E se ele estava pensando que iria me tratar do mesmo modo que Ricardo fazia, estava muito enganado.
O empurrei com ambas as mãos, ele me olhou meio aturdido, fiquei séria, não queria palavras naquele momento. Eu detestava ser tratada como um par de pernas ambulante. Peguei a gravata dele do chão e fui o empurrando na direção da hidromassagem.
-O que está fazendo?-Ele ficou um tanto perdido.-Vai me amarrar?
O empurrei para dentro da água e lacei seu pescoço com a gravata. Os olhos dele arregalaram quando apertei o laço e o montei. Seu rosto ficou vermelho, ele segurou meu braço e eu aumentei o ritmo, cavalgando com força na pica dele, as mãos dele desceram para minha cintura e me seguravam contra seu colo, soltei a gravata e o vendei com ela.
Levantei do colo dele, joguei a perna sobre a borda da hidro e puxei sua cabeça pro meio das minhas pernas. Em primeiro instante ele ficou sem fôlego, no seguinte, estava me sugando e estimulando, abrindo as dobras da minha vagina, tateando a procura do meu grelinho. Ele sabia o que fazer, só precisava de um susto pra lembrar como era.
Não demorou eu estava gemendo e gritando o nome dele, querendo pica.
Antes de gozar, quando ainda estava sentindo os espasmos, sentei com força sobre a pica dele. Adorava sugar um pau com a boceta. Sentir atacando no fundo, enquanto o gozo me deixava bamba de tesão. Comecei a sentar com força, ele gemeu e abocanhou meus mamilos, um de cada vez.
Desmontei do colo dele e desamarrei a venda, me debrucei sobre a borda da hidro.
-Então, já sabe como se faz, ou preciso te enforcar de novo?
-Já aprendi meu amor.
Ele se enterrou dentro da minha boceta e começou a meter com força, cada estocada era um grito meu. Meu corpo estava tão quente, pedindo tanto por aquilo. Estava há quase um ano sem trepar. Era loucura, ainda mais tendo um noivo delicioso como aquele e com o Fernando no meu pé, nas horas vagas.
Desencaixei o pau dele e o subi para meu ânus. Ele sorriu, homem é um bicho besta, não pode ganhar um rabinho que já sente que ganhou a noite.
Ele foi forçando devagar, entrando e penetrando.
-Mais forte. Fode com força.-Falei jogando a bunda pra trás.-Fode feito homem ou peço a anulação amanhã.
Ele me segurou pela cintura e mandou ver. Ah que delícia foi sentir aquele membro enterrando fundo. Fiquei toda dolorida, mas continuei firme. Esfregava meu clitóris pedindo pra gozar, e ele metia com força, me dava tapas no traseiro vez ou outra, até que me segurou e começou a meter com força, até pulsar dentro da minha bunda.
Ele sentou e me puxou para o colo, ainda estava ofegante quando me beijou.
-Valeu a pena esperar cada minuto.-Ele passou a mão no pescoço.-Até mesmo por isso.
-É mesmo?-Peguei a gravata e enrolei na mão.-Vamos de novo?
-Espera. Vai ser sempre assim?
-Só quando você esquecer que os direitos são iguais.-O beijei nos lábios e o abracei com força.-Obrigada por fazer tudo isso Marcus.
-Obrigada?-Ele segurou meu rosto.-Eu te amo, meu dever a partir de agora é cuidar de você, realizar seus sonhos, te fazer feliz.
-Começou bem. Mas amanhã tenho outro sonho que gostaria de realizar.
-Qual é?
-Fazer um strip-tease em uma boate cheia de homens tarados, querendo sexo.
-Ah isso não vai rolar.
-Claro que vai.-Desci a mão para o pau dele.-Cada striper amadora ganha mil dólares. Ah vai amor, prometo que jogo minha calcinha no seu colo.
-O Ricardo e o Fernando vão conosco?
-Não. Eles vão embarcar de volta amanhã de manhã com a Lu.
-Está certo então.-Ele me beijou sorrindo.-Mas depois disso, nunca mais te trago a Las Vegas.
-Eu te amo assim mesmo.
Desci os beijos pelo peito dele submergi a cabeça, pagando um boquete sub aquático. Ele me segurou pelos cabelos me conduzindo. Quando o senti inteiramente duro, levantei a cabeça e me afastei dele. Sentei em seu colo e o abracei.
Do outro lado da varanda, Fernando me ergueu uma taça em sinal de brinde. Estava sem camisa, só com a calça do smoking. Ajeitou os óculos e entrou no quarto.
Fernando e Ricardo viajaram conosco para Vegas e foram os padrinhos do casamento. Na verdade, teria sido somente o Fernando, se o Ricardo não fosse ainda tão ciumento e grudento. No final, sobrou pra ele cuidar da Luiza, enquanto consumávamos o casamento no quarto ao lado.
E a noite foi curta. O que dizem é verdade, Vegas é o paraíso dos sonhos proibidos. Um final de semana é pouco. Ah se eu pudesse, me mudaria para lá, sempre que estivesse entediada,faria um strip, ou visitaria a mansão do rei.
Enfim, fiz minhas escolhas erradas, aprendi com meus erros, amadureci e mudei de vida. O que foi ótimo pra mim. Agora posso dizer que sou feliz e que finalmente tenho uma família. E conto nessa família com os meus amigos e meus ex-sogros. Hoje sim eu tenho uma vida e posso oferecê-la para meu marido. Posso fazê-lo feliz e se Deus quiser, nunca mais vou me deixar ficar há sombra de ninguém. Vou lutar pela igualdade e buscar sempre a minha felicidade.
"Nunca recuse um convite.
Nunca resista ao desconhecido.
Nunca deixe de ser educado.
E nunca abuse da hospitalidade alheia.
Mantenha a mente aberta e usufrua a experiência.
E se doer, provavelmente é porque valeu à pena."
Em breve, link para Download.
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Data: 06-10-2016
Assunto: Amei
Data: 01-10-2016
Assunto: SOLUTION TO ALL PROBLEM
Bom dia a todos, eu sou Vieira Tracy, eu só quero dizer um grande obrigado a
Dr. Ajobi que usam seus poderes mágicos para trazer o meu marido de volta das mãos de uma outra senhora, após três anos de casamento com meu marido Mr.
Nelson.He decidiu me e os meus filhos sair para outra mulher. quando
i foi softing a rede uma tarde terça-feira eu vi um post sobre
Dr. Ajobi, decidi entrar em contato com ele, eu estava tão feliz que ele me responder
ao mesmo tempo, e meu problema foi resolvido, as palavras não são suficientes para expressar meus agradecimentos você, eu digo: Deus abençoe você e sua família .. Dr. Ajobi me ajudar, sem nenhum custo. Meu amigo, se você ler o meu artigo e você
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Data: 23-08-2016
Assunto: Conto erótico
Oi Julia, nem sei se esse é mesmo teu nome, mas isso não importa! Quero dizer que teu conto foi o melhor que já li! Você foi muito corajosa em relatar fatos da tua vida amorosa que num passado de machucaram tanto. Você escreve muito bem! E olha que sei o que falo, pois sou formada em letras! Adorei o jeito como você narrou as partes picantes, como o momento entre o Fernando, você r a Yasmim. Sabe, não gosto daqueles contos muito vulgares, cheios daqueles "chupa", "mete", "cachorra', etc... Você contou cada detalhe com o erotismo que as cenas pediam mas sem vulgaridade e isso é uma arte! E além de tudo, me vi um pouco no teu conto sabia? Eu tive minha primeira experiência sexual aos 25 anos. Não que eu acredite em virgindade, e que ela deve ser mantida até o casamento, mas é que só nessa idade surgiu aquele homem que me despertou, que mexeu com a fêmea que há dentro de mim. Antes dele, foram só amassos, beijos, e nada mais. Ficamos noivos e rompemos um ano depois do noivado e em 2008 nos reencontramos no orkut e estamos juntos até hoje. Nosso rompimento mada teve a ver com traição, mas sim por imaturidade dos dois para resolver os problemas que pintaram. Mas quando ele surgiu na minha vida, eu conheci uma nova Beatriz, como acho que aconteceu com você depois da separação. Bom é isso! Me deparei com teu conto ontem e fiquei das 2 até 4 da manhã lendo! Queria ler até o final! E fiquei muito feliz com o desfecho! Boa sorte na sua vida em todos os setores viu? Se quiser entrar em contato, meu email é menserbeatriz@outlook.com.br
Data: 14-08-2016
Assunto: Crítica
Vc tá de parabéns pelo conto pq vc fez uma escolha excelente, preferil se amar e se dá o prazer de ter uma pessoa que te ame de verdade. Felicidades em seu casamento
Data: 07-08-2016
Assunto: Uma madrugada para ler
Valeu todo o tempo,e me surpreendeu ela ter ficado com o Marcus,fiquei toda hora querendo saber com quem ela iria terminar,amei a história,soube me prender do começo ao fim.
Data: 19-07-2016
Assunto: História ou testamento?
Fiquei 40 minutos lendo e quando me dei conta estava na metade ainda.
Na próxima resumam um pouco,rs.
Acabei ficando com preguiça de ir até o final.
Data: 19-04-2016
Assunto: drsunnydsolution1@gmail.com
Ele Dr.SUNNY você pode enviar-lhe se você precisar de ajuda em seu relacionamento drsunnydsolution1@gmail.com
Eu prometo que os seus problemas são resolvidos imediatamente. Depois de estar em relação com ele por sete anos, ele me deixou, eu fiz tudo o que eu posso trazê-lo de volta, mas tudo em vão. Faria para o amor que sinto por ele, ele implorou, mas ele se recusou a expliquei o meu problema com alguém on-line e ela sugeriu que eu deveria, em vez enviado um mago que poderia me ajudar a trazê-lo de um feitiço de volta, mas eu sou o cara que Nunca acreditei em feitiços, ele não tinha escolha a não ser tentar isso, enviou o rodízio, não problema tudo vai ficar bem dentro de três dias, o meu ex de volta para mim dentro de três dias, o feitiço foi lançado e, surpreendentemente, no segundo dia , que foi em torno 16:00. Meu ex me chamou, eu estava tão surpresa, ele respondeu chamada e tudo o que ele disse foi que ele estava tão triste por tudo o que aconteceu, eu queria, o que eu amo tanto. Eu estava tão feliz, surpresa. Desde então, fiz uma promessa que todo mundo vai saber Eles nunca têm um problema de relacionamento, que vou me referir ao jarro feitiço para obter ajuda. Qualquer pessoa pode precisar da ajuda do lançador, o seu e-mail drsunnydsolution1@gmail.com ou me adicionar no whatsapp 2348077620669
Ele também fez muitos similar à magia,
(1) que você quer que seu ex-costas.
(2) Você sempre tem pesadelos.
(3) Para ser promovido em seu escritório
(4) Gostaria de uma criança.
(5) Quer ser rico.
(6) quer manter o seu marido / esposa para ser só seu para sempre.
(7) a necessidade de assistência financeira.
8) Você estaria no controle de que o casamento
9) Você quer ser atraídos para as pessoas
10) não ter filhos
11) VOCÊ PRECISA DE UM MARIDO / ESP
13) Como ganhar sua loteria
14) PERÍODO DE PROMOÇÃO
15) período da proteção
16) PERÍODO DE NEGÓCIOS
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18) cura para qualquer doença / H.I.V.
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