O Galho e o Rio Da Vida (Escolhas)

14-06-2013 00:48
O Rio e o galho.
(Osana Pereira)

Ora, havia uma mulher parada diante de um rio. E esse rio se chamava vida. E sobre o rio passava flutuando uma pequena tábua, ela precisava atravessar o rio, sem saber como, atraiu aquela tábua e subiu sobre ela.

Durante algum tempo aquela tábua lhe foi útil. Mas era pequena demais, bambeava e vez ou outra ela corria o risco de cair, não era segura. Já tendo cruzado alguns metros do rio, ela avistou outra tábua. Bonita, forte, maior, aparentemente mais segura. Quando conseguiu que a tábua se aproximasse, pulou sobre ela deixando a pequena tábua que lhe tirou da margem para trás.

Aquela tábua aparentemente segura, mostrou-se podre e oca. Estava há muito tempo naquele rio, muitas haviam passado por ela. E lá estava ela se segurando para não cair, porque aquela tábua que outrora parecia tão segura e forte, agora oscilava debaixo de seus pés e não oferecia-lhe mais nenhuma proteção. Mais há frente havia uma árvore margeando o rio, com galhos fortes. Essa árvore se chamava amizade. E nessa árvore ela se segurou enquanto tentava se equilibrar sobre a tábua podre.

Algum tempo se passou, a tábua podre se quebrou e ela precisou se pendurar nos galhos fortes da árvore. Esses galhos a sustentaram por algum tempo. Ela não teve medo, confiava naqueles galhos fortes. O medo era de não ter mais como cruzar o rio.

Os galhos a sustentaram por mais tempo do que imaginava. Ela conseguiu subir na árvore, descobriu que se soltasse um galho daqueles, talvez conseguisse cruzar o rio. Um dos galhos há quem mais se afeiçoara, que mais lhe deu apoio, foi o que ela resolveu tomar para continuar sua viagem pelo rio da vida.

Agarrou-se ao galho e foi seguindo o fluxo do rio. Como o galho era diferente de uma tábua, ela se apoiou nele e começou a bater os pés. Ali ela aprendeu que se molhar nas águas do rio não era de todo o mal. Ela cruzou boa parte do rio com aquele galho. Vez ou outra precisava descansar e o galho continuava lhe oferecendo apoio.

Boa parte do caminho há frente ela alcançou uma tábua do tamanho de uma porta, suficientemente grande para ela e o galho serviria como remo. Suas forças estavam se esvaindo, ela conseguiu subir na porta, mas o galho se afastou seguindo para longe dela.

A nova sensação de segurança lhe fez descansar. Por muito tempo ela deitou-se sobre a tábua e não se importou para onde ela estava seguindo. Quando deu por si, nuvens escuras se formavam no céu, uma chuva pesada caiu e ventos fortes faziam ondas no pacato rio da vida. Ela se agarrou há tábua enquanto era arremessada de um lado há outro. A tábua parecia não querer ficar presa há ela. E de repente, sem saber como, a tábua se desprendeu de suas mãos. Ela foi arremessada contra as águas turbulentas do rio. Se debateu, se desesperou e quando pensou que ia se afogar, lembrou-se do galho e começou a bater os pés.

Assim como aprendera com o galho, bateu os pés e foi seguindo pelas águas revoltas do rio. Deu braçadas tímidas, mergulhos rasos. Aprendeu a lidar com aquele rio sozinha. Sentiu-se livre para cruza-lo. Nem notou que o galho estava sempre por perto para lhe dar apoio quando precisasse.

Aprendeu a nadar, ficou orgulhosa de si mesma. Iria cruzar o rio sozinha mesmo, pois parecia ser mais seguro. Mas e quando cansasse, em quem se apoiaria? Era melhor nem pensar nisso.

A tempestade passou, o vento cessou. As águas do rio voltaram a ser calmas. E ela continuou determinada há alcançar o outro lado. Não sabia o que lhe aguardava daquele lado, não sabia o que a motivou a atravessar o rio. Curiosidade talvez, vontade de mudar, experimentar, ir há algum lugar que nunca imaginou alcançar. Ela estava determinada.

Passou por outras árvores no caminho que margeavam o rio, mas se mudasse seu rumo, teria que voltar um bom pedaço para alcançar seu objetivo. Continuou seguindo, encontrava forças na determinação e na fé de que encontraria coisas boas do outro lado.

Quando avistou o outro lado do rio, seu coração encheu-se de felicidade. Havia um barquinho parado há margem. Ela pensou; se não gostasse do que visse pegaria o barco e voltaria de forma segura para o ponto de partida.

Faltando pouco para encontrar a margem, ela avistou o galho. Ele sempre esteve por perto, mas sua determinação era tão grande, que não o enxergou. O rio trouxe o galho para mais perto. Estava surrado, assim como ela, mas continuava forte e oferecendo ajuda.

Lado há lado terminaram de cruzar o rio. Ao sair da água, ela olhou em volta. Era exatamente igual a outra ponta. Não havia nada de especial. Mas o que aprendeu ao cruzar o rio, foi que tornou aquele lugar especial. Ela foi forte para atravessar sozinha, mesmo pensando que não poderia. E no final, aquele galho que foi amigo e companheiro, retirado daquela árvore tão forte chamada amizade, foi com ele que ela começou a montar sua casa.

O barquinho estava ali, pronto para leva-la de volta há qualquer momento. Mas ela não precisava dele. Não agora que havia encontrado seu lugar, depois de ter atravessado o rio da vida.

Moral da história: Você é forte e tem capacidade de enfrentar a vida sozinha. Não é necessário uma tábua de salvação. Tire experiências de relacionamentos frustrados, encontre um companheiro que seja um amigo verdadeiro. No final, ao invés de te levar pela vida, ele estará lá, para atravessar as dificuldades com você e ajuda-la a encontrar um porto seguro.

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