Alma Perdida.

Sabe que as vezes é difícil me descrever? Sou uma alma perdida. Alguém em busca do tudo ou nada, algo que me faça centrar minhas emoções?
Não, nada disso me define. Resolvi ser eu e isso agride as pessoas. Porque elas também gostariam de ser como eu, fazer o que eu faço, chutar o balde como eu faço questão de chutar tão forte.

Infelizmente minhas asas ainda estão cortadas. Não tenho alçado vôos altos. Na verdade, só tenho conseguido mo momento, estabilizar meu vôo precário. Tive que reaprender a voar. Ser independente não é fácil.

Minha ficha demorou a cair, eu demorei a amadurecer. Quando percebi, já estava enrascada das escolhas da vida. E como concertar? Não havia jeito. Só voltando atrás e recomeçando do zero. Mas como recomeçar do zero sem saber o que fazer? Foi aí que tive que aprender a voar. Porque eu nunca aprendi na verdade. Eu aprendi a ser carregada.

Hoje tenho bagagem. Hoje tenho história. Não eu não me importo que me enxerguem mal. Não me importo com o que falam. Eu sei o que passei para chegar até aqui e nunca deixarei que outras pessoas me façam voltar atrás nos degraus que sofridamente consegui subir.
Hoje eu falo o que penso, não perco tempo concordando com pessoas que vivem de preconceitos e aparências. Antes de julgar, eu peso os dois lados. E mesmo assim não julgo, mas escolho um lado só e permaneço com minha escolha até o fim. Não sou hipócrita, não mudo de decisão como quem muda de estação de rádio. Eu me chamo de personalidade pura. Só mudo de opção, se realmente a opção seguinte for melhor que a anterior. Se falo que não gosto de determinada coisa, não me verão curtindo aquela coisa. Ou gosto ou não gosto.

Então eu falo. Abro minha boca e falo o que vem sem medo. Eu conto piada sim, em absolutamente tudo sou mal enterpretada. Mas sabe do que eu gosto? Quando não tem alguem que é doido igual a mim, tem sempre alguém que me critica pra manter as aparências, mas que apoia o que digo sem dó nem piedade. Pessoas essas que são abafadas pela malfadada sociedade.

Hoje sou alguém. Uma pessoa que não tem medo de falar o que pensa, não pondera antes de devolver a ofensa ou agressão. A mesma pessoa com quem só conta, quem realmente me conhece. Eu embarco nas mais loucas extravagâncias. Mas não é qualquer coisa que me estimula a ser assim. Eu sou toda atitude. Se eu realmente quero, eu faço acontecer. Se não quero, dou desculpa e caio fora. Todo mundo é assim, mas assumir é complicado.
Não foi fácil chegar até aqui. Mas tenho certeza absoluta que nunca fui preconceituosa. Já fui imatura, claro, todo mundo é. Mas eu sempre defendi pessoas que são como sou hoje em dia. Não sei porque, personalidade sempre me cativou. E independente do que os outros diziam, a personalidade era o que me atraía, que me fazia me achegar a "prole". E isso me enriqueceu. Passei a enxergar o mundo sem preconceitos.

Hoje tenho escrúpulos mas não uso, tenho pudor mas não lembro sinceramente aonde deixei. Hoje posso dizer que sou mulher. E não é fácil me acompanhar não. Tem que ser corajoso. Mas sabe o que é melhor? Mesmo quem não está ao meu lado por "medo do que vão dizer", depois me apoia. E mesmo me chamando de louca, estão ao meu lado. Porque sabem que eu faço o que eles gostariam de fazer. E sabem que eu sou extravagante sim, mas apesar de tudo, sou intensa. E essa minha intensidade está me empurrando para voar mais alto.

Eu sei que minhas asas vão alçar vôo, sei que vão me levar mais alto e mais longe. Sei que ainda vou ser mais do que um filhote de pássaro assustado, mas também sei que não tenho mais medo. Sei que se eu cair, a consequência é a morte, mas sei que se as minhas asas aprenderem a tempo a voar com o vento, eu vou alcançar os mais altos vôos e um dia, sei que haverá alguém, que assim como eu, não terá medo de alçar vôo, de tentar ir mais alto, de tentar alcançar o mais longe e inancançável. Sei que haverá quem esteja ao meu lado quando eu disser, eu quero, eu posso eu consigo. Não chamo isso de ser mimada, chamo de personalidade.

E modéstia a parte, eu acho que Marilyn Monroe reencarnou em outra pessoa que não aguentaria tanta personalidade e essa personalidade veio dividida pra mim. Que essa outra pessoa se acabe, eu não me importo. Mas eu vou continuar sendo feliz. Até onde a vida me deixar chegar.

Essa sou eu. Sou Osana Pereira. Codinome Faciolli. Apelido Boneca.